O Banco Central voltou a reforçar suas projeções nesta quinta-feira de um cenário tranquilo para a inflação doméstica e reiterou que, por razões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para cortar a Selic, caso existente, deve ser pequeno.
Em apresentação em evento promovido pela XP Investimentos e Goldman Sachs, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, destacou que futuros ajustes no atual nível de estímulo monetário, caso ocorram, dependeriam da percepção sobre a trajetória fiscal, bem como novas informações que alterassem a atual avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) quanto à inflação prospectiva.
Também em apresentação, a diretora de assuntos internacionais do BC, Fernanda Nechio, ressaltou que projeções do BC são de inflação abaixo da meta no horizonte relevante para a política monetária, que abarca 2021 e, em menor grau, 2022.
Ela frisou ainda que o Copom não pretende reduzir o grau de estímulo monetário a menos que as expectativas de inflação, bem como suas projeções de inflação em seu cenário base, estejam suficientemente próximas da meta de inflação.
Em setembro, o Copom manteve a Selic em 2% ao ano. A próxima reunião do colegiado acontece nos dias 27 e 28 deste mês.
De acordo com o último Boletim Focus, que contém as estimativas colhidas pelo BC junto a economistas, a expectativa é de uma taxa básica de juro fechando o ano no atual patamar.
Já a mediana das projeções para a inflação aponta para um IPCA de 2,47% neste ano, aumento de 0,35 ponto percentual ante a estimativa da semana anterior, mas ainda distante do centro da meta de inflação. Para 2021 e 2022, as expectativas do Focus são de IPCA de 3,02% e 3,5%.
A meta de inflação para 2020 é de 4%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Para 2021 e 2022, as metas são 3,75% e 3,5%, respectivamente, sempre com banda de 1,5 ponto.