Apaixonado pela arte de representar, o cuiabano Royer Matos é sucesso na Espanha. Deixou a Capital mato-grossense para visitar parentes e lá se vão 10 anos fora do Brasil. Nesta entrevista para o Circuito Mato Grosso, Royer conta que atualmente está no elenco da série Centro Médico, da TVE Espanha e que está realizado com a carreira.
CIRCUITO MATO GROSSO: Atualmente, você está morando em qual lugar? Está trabalhando em alguma produção? Qual?
ROYER MATOS: Atualmente moro em Málaga, uma cidade que está no extremo Sul da Espanha. Agora participei de uma série de ficção espanhola chamada “Centro Médico”, transmitida pelo canal TVE, onde se misturam dois conceitos estéticos de audiovisual diferentes, os documentários e a ficção. Estou gravando também uma participação especial na série portuguesa “Inspetor Max” da TVI, uma série policial com muita audiência. Estou muito feliz porque tenho alguns outros projetos no cine em vista e isso é muito motivador.
CMT: O desejo de se tornar um ator surgiu quando? Quais foram suas principais referências?
RM: Na verdade, eu sempre tive facilidade e atração pelo mundo da interpretação. Desde pequeno sempre participei de todas as atividades artísticas culturais que surgiam no âmbito escolar. Porém, era vendo a TV onde deixava minha imaginação viajar e sonhar em trabalhar nessa área algum dia. Lembro da novela “Sonho Meu”. Eu ficava imaginando como seria por trás das câmeras, como seria a rotina de gravação… porém ,sempre tive os pés no chão e sabia que seria difícil trabalhar nessa área.
CMT: Como foi o seu início na atuação, ainda em Cuiabá?
RM: Comecei quando criança, na escola, mas sem nenhum compromisso profissional, por mais que participava cada ano das montagens teatrais do colégio. Na verdade era um brincadeira. Quando fui para a universidade, entrei em Licenciatura em Artes na UFMT e comecei a ter contato com o pessoal das “artes” em Cuiabá. Fiz a matéria de Expressão Corporal com a professora e diretora Simone Pompeo e descobri o que realmente queria fazer no futuro: atuar. Junto com Simone, participei em diferentes produções teatrais, entre elas “Os Saltimbancos” e “O Sitio do Pica-pau-amarelo”, apresentando no teatro da UFMT para sessões de até 800 espectadores. Foi onde conheci esse duro e fantástico mundo do teatro.
CMT: O que te fez mudar de Cuiabá para outro país?
RM: Mudei pra Espanha em busca de novas experiências e também procurando aprender outro idioma. No início tinha planejado ficar fora no máximo um ano, mas o tempo passou, eu me envolvi em trabalhos e estudos e acabei ficando. Agora já faz uma década morando fora. As mudanças nunca são fáceis, imagine mudar de país… enfrentar outra cultura e outra forma de ver a vida. O mais complicado é o início. Depois, pouco a pouco vamos adaptando e aprendendo com as pessoas que conhecemos. Sempre estive muito feliz e realizado com toda essa direção que a minha vida tomou. Faria tudo outra vez. Quando saímos da nossa zona de conforto é que realmente quebramos nossos conceitos e preconceitos e crescemos como pessoa e como profissional.
CMT: Fora do País, qual foi seu primeiro trabalho?
RM: Fora do país, meu primeiro trabalho na área artística foi em uma companhia teatral da Universidade de Málaga, onde me formei como professor. Fiz o Capitão Gancho da obra de teatro infantil “Peter Pan”. Em paralelo, sempre fiz outro tipos de trabalhos, porque aqui não é diferente do Brasil nesse aspecto. Somente os artistas que são conhecidos a nivel nacional podem viver da arte, o restante sobrevive. Como aprendi o oficio de cabeleireiro ainda muito joven, dediquei a essa área, entre outras atividades.
CMT: Durante sua carreira, quais são os trabalhos que você destacaria e por qual motivo?
RM: Sempre aprendendo muito com todos os trabalhos, terminamos pegando carinho porque passamos muito tempo construindo um personagem. No teatro eu destacaria “Por culpa de la Crisis”, uma montagem espanhola de micro teatro onde interpretei a transexual Joana que é presa por supostamente estafar umas senhoras e no final descobrimos que a história não é bem assim. Destaco porque foi uma construção de personagem muito detalhista já que a era totalmente diferente do que já tinha feito no teatro. Destacaria também a minha participação na obra teatral “A Rainha da Neve” com direção de Roberto Cordovani, uma montagem da companhia Arte Livre na capital portuguesa. Foi um trabalho laborioso, porque fazia vários personagens diferentes dentro do mesmo espetáculo, um trabalho cheio de correria, mas ao mesmo tempo gostoso porque o teatro é assim, intenso.
CMT: Qual a avaliação que você faz do cenário cultural/artístico de Mato Grosso em relação ao que você encontrou na Europa?
RM: Já estou há dez anos fora. Então, é complicado falar sobre o cenário cultural mato-grossense, porém acompanho pela internet a divulgação de trabalhos musicais e teatrais de amigos artistas mato-grossenses. Vejo que existe muito talento e muita vontade dos meus conterrâneos, porém não podemos desenvolver projetos sem incentivos. Na maioria das vezes partimos de zero, sem nenhum respaldo financeiro e temos que fazer verdadeiro malabarismo para levar adiante um projeto cultural. Mas, mesmo assim tem gente muito talentosa fazendo acontecer na Capital mato-grossense como é o caso do ator Eduardo Butakka que foi selecionado para representar Mato Grosso no Prêmio Multishow de Humor. Sem falar em muitos outro nomes cuiabanos que estão trabalhando dia e noite em projetos culturais como é o caso do regente Murilo Alves, da diretora Simone Pompeo, da cantora Ana Rafaela e muito outros.
CMT: A carreira na Europa é mais fácil do que no Brasil? Quais foram as principais dificuldades encontradas em sua carreira no exterior?
RM: Trabalhar na Europa é tão difícil como no Brasil, enfrentamos o bloqueio que existe para chegar a trabalhar em grandes produções, porém devemos ir adiante sempre. Já perdi a conta da quantidade de testes de elenco que fiz e recebi um “não” e isso não quer dizer que eu não tenha competência pra fazer um trabalho. Simplesmente quer dizer que não encaixei no perfil procurado e que devo seguir em frente.
CMT: Pensa em retornar para o País definitivamente?
RM: Penso em voltar ao Brasil, sim, mas não posso dizer definitivamente porque procuro trabalhar com artes, independente de onde esteja. Porém, seria uma boa experiência passar uma temporada trabalhando no meu País, na minha língua, fazendo arte pra minha gente.
CM: Quais são suas metas profissionais?
RM: Minhas metas são seguir trabalhando da área e aprendendo cada vez mais com as experiências novas. Por sorte, é uma área onde não deixamos de aprender nunca. Cada dia é um desafio novo, um descobrimento, uma novidade. Cada vez gosto mais do que faço, com isso não quero dizer que é um mar de rosas, mas aprendemos e crescemos com as dificuldades e os erros.
Veja alguns trabalhos de Royer Matos na TV:
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