Wagner Moura e o diretor José Padilha se encontram novamente nas telas em “Narcos”, série original da Netflix cuja estreia está marcada para 28 de agosto.
Ao invés de combater o tráfico de drogas, no entanto, desta vez a dupla de “Tropa de Elite” estará no centro dele, mostrando como tudo começou para a Colômbia no fim dos anos 80. Sai Capitão Nascimento, entra Pablo Escobar, líder do Cartel de Medellín que chegou a controlar 80% da cocaína do mundo todo no auge de seu império.
“A minha opinião pessoal é que as drogas deveriam ser legalizadas”, defendeu Moura durante entrevista da qual o iG participou no começo de junho.
O ator falou também sobre politicas de combate às drogas e como o líder colombiano mudou as regras do jogo, se tornando um ídolo nacional. “Tem uma entrevista de Pablo Escobar que ele fala exatamente isso. A tendência é que as drogas se tornem um comércio controlado pelo Estado.”
Para Moura, as drogas deveriam ser tratadas como problema de saúde e não de segurança. “Os óbitos em relação ao abuso de são muito menores que os da guerra contra o narcotráfico”, explicou.
“Narcos” mostra como o tráfico de cocaína foi formado na Colômbia no fim dos anos 80, e também os esforços das autoridades para detê-lo. Com dez episódios, tem ainda Boyd Holbrook (“Garota Exemplar”) e Pedro Pascal (“Game of Thrones”) no elenco, como agentes do Órgão de Combate das Drogas do governo americano.
A série foi filmada na própria Colômbia, para onde Wagner se mudou para aprender espanhol e engordar vinte quilos antes de encarar o papel. “O Zé [Padilha, diretor] é muito louco. Eu fazer Pablo Escobar é como se chamassem um colombiano para fazer o Pelé”, brincou. “Mas eles me receberam muito bem.”
Leia abaixo os melhores trechos da entrevista de Wagner Moura sobre “Narcos”:
Trabalhar na Colômbia
“A Colômbia é um país no qual eu sempre me senti muito acolhido e muito em casa. Eles são parecidos com a gente, são abertos, gostam de pegar. Apesar de estar receoso… Imagina fazer uma série sobre o Pablo Escobar, sendo brasileiro, não falo espanhol. Mas eles me receberam muito bem. O mais legal foi o fato de trabalhar com mexicano, argentino, colombiano, chileno. De trazer essa sensação de ser latino-americano, de pertencer a uma cultura maior que a nossa.”
O que o Brasil pode aprender com a Colômbia
“É impressionante um país que tenha se reconstruído no tempo que se reconstruíram, e a Colômbia ser hoje uma das economias mais vibrantes da América Latina. O que eu vejo que está à vista é um investimento em cidadania. Por exemplo: numa favela de Medellin fui em uma das bibliotecas mais lindas que vi na vida. Um prédio foda, feito por um arquiteto top, cheio de computadores. No Brasil essas obras geralmente são feitas no asfalto, e olhe lá. O sistema de transporte é impressionante. O cara que sai da favela lá de cima pega o Matro Cable, aquele bondinho, e desce na estação de metrô. Em termos de produtividade isso tem uma diferença enorme. Um cara no Rio que mora na baixada fluminensce para chegar no centro pega dois ônibus, um puta trânsito.”
Políticas de combate às drogas
“Toda politica de combate às drogas na América Latina segue as diretrizes norte-americanas, que são de enfrentamento e repressão. A gente nota que com o tempo as coisas tem mudado. O consumidor não é tão marginalizado na maioria dos países. Acho que é um processo sem volta no sentido de legalização das drogas. É uma opinião que eu tenho mas talvez demore para acontecer. Qualquer análise mais aprofundada não resiste ao fato de que os óbitos em relação ao abuso de drogas são muito menores que os da guerra contra o narcotráfico. A quantidade de dinheiro gasto com segurança é muito maior do que se gastaria com saúde (…). A droga é um problema de saúde e não de segurança. Tem uma entrevista de Pablo Escobar que ele fala exatamente isso. A tendência é que as drogas se tornem um comércio controlado pelo Estado. A minha opinião pessoal é que as drogas deveriam ser legalizadas.”
Primeiro papel em uma série
“O que me fez querer fazer foi o convite ter vindo do Zé Padilha. Ele é um grande parceiro, o diretor com quem mais trabalhei. Depois, o fato de terem me chamado… O Zé é muito louco. Eu fazer Pablo Escobar é como se chamassem um colombiano para fazer o Pelé [risos]. O que eu quis fazer o tempo todo foi não decepcionar o Zé. Então fui para a Colômbia, fiquei um tempo longe da minha família… Minha vida nos últimos anos tem sido isso. Engordei vinte quilos, porra, to gordo!”
Fonte: iG