Cultura

Artista plástico cuiabano leiloa obras criadas a partir das cinzas do Pantanal para arrecadar fundos

O artista plástico cuiabano, Adriano Figueiredo, irá leiloar 10 obras criadas a partir das cinzas do Pantanal Mato-Grossense para arrecadar fundos para cinco instituições que atuam na manutenção do bioma. O leilão acontece nas redes sociais de Figueiredo a partir da próxima quinta-feira (8), e será realizado durante 10 semanas.

Figueiredo detalha que a ideia de confeccionar e leiloar tais obras partiu de uma cliente que quis comprar uma de suas obras que havia queimado em protesto. Na época, o artista plástico não conseguia fazer mais representações coloridas e cheias de vida do Pantanal como de costume. Com o passar o tempo, as cores foram mudando para representar melhor a atual situação do bioma devastado pelo fogo.

“Meu trabalho tem como fonte de inspiração o Pantanal. Quando começou a pegar fogo, eu passei a ficar muito mal aqui no ateliê pintando um Pantanal colorido, enquanto os bichos estavam lá pegando fogo. Comecei a fazer intervenções na internet e coloquei fogo em uma obra. Com o tempo, eu não consegui mais fazer meus trabalhos coloridos e passei a fazer obras em preto e branco”, explica.
 

O artista plástico fez a pintura das obras no portal da Transpantaneira e em meio ao solo destruído pelo fogo. Figueiredo passou boa parte de sua vida próximo do Pantanal, o que tornou toda sua experiência muito mais significativa. Em alguns momentos, pensou em deixar de lado as obras e se juntar aqueles que estão na linha de frente contra o fogo, mas percebeu que poderia ajudar com o valor arrecadado das obras. Todos os materiais utilizados são de origem das incêndios, como carvão, terra queimada e cinzas.

“[Fiquei] muito emocionado de ver aquela tragédia toda. Estar ali, sentir o calor das queimadas. Vimos muitos bichos mortos – às vezes não era nem pela queimada, mas pelo calor do fogo. Foi um processo dolorido. Eu tentei me concentrar muito no que fui fazer para conseguir. Quando a gente chega lá, a vontade é sair para apagar fogo. A gente fica com muita vontade de ir para a linha de frente mesmo, mas a maneira que eu encontrei de ajudar é com minha arte. O Pantanal já me ajudou várias vezes e essa é a oportunidade que eu tenho de retribuir, mesmo se for um pouquinho. O sentimento foi todo de tristeza. Parecia que eu estava em um filme de terror”, conta”.

 Ecotrópica, Maçã Verde, É o Bicho e SOS Pantanal são quatro das cinco instituições definidas para receber o valor arrecadado com as obras. Os leilões serão feitos simultaneamente no Facebook e Instagram, a partir da quinta-feira (8). Fique ligado nas redes de Figueiredo para novas informações.

Redação

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