Economia

Após quebra de safra, analistas veem retomada da agricultura em 2013

O resultado anual – uma queda de 2,3% – ainda reflete as quebras de importantes safras ocorridas no início do ano.

Só no primeiro trimestre, o agronegócio teve queda de 8,5%, o pior resultado desde 1997. E as expansões registradas nos trimestres seguintes não foram capazes de reverter o cenário negativo.

"No primeiro trimestre de 2012, problemas climáticos comprometeram importantes safras do país. Apesar de a produção ter registrado melhora nos trimestre seguintes, o setor como um todo acabou sendo prejudicado no ano", disse o economista da Tendências Consultoria, Rafael Bacciotti.

Com a recuperação ao longo do ano, analistas do setor veem um cenário mais positivo para 2013. A crescente demanda por alimentos e os preços altos para commodities como soja e milho influenciaram a decisão do produtor brasileiro em plantar uma safra maior no ciclo 2012/13, que deve ajudar a manter a trajetória ascendente na geração de divisas dentro da porteira.
 
"A demanda continuará aquecida e os mercados globais tendem a pedir mais alimentos, mais energia e fibras. Poucos países têm condição de aumentar suas produções. Sob este ângulo há uma expectativa positiva, embora o que aconteceu neste ano [2012] seja exceção", avaliou o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e atual coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas.
 
Safra 2012/13
 
A colheita de uma safra histórica para o ciclo 2012/13, acima de 185 milhões de toneladas, pode dar condições ao país para consolidar a marca de R$ 283,5 bilhões em renda agrícola, como já anuncia o próprio governo. A cifra financeira corresponde ao chamado Valor Bruto de Produção, medido mensalmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
 
Pelas projeções do governo, as riquezas do campo devem registrar, em 2013, uma alta de 16,3% – resultado que, se confirmado, pode ser considerado o maior desde 1997, quando tem início a série histórica. Somente para a soja e o milho, o incremento deve chegar a 30,8% e 17,8%, respectivamente.
 
Mas a elevação da produção nacional de grãos para sustentar o crescimento do agronegócio brasileiro também vai depender da definição de políticas públicas, segundo Roberto Rodrigues. “Ainda há fatores que restringem nossa capacidade de crescer, seja na área ambiental, trabalhista, de investimentos. Temas inibidores da agricultura", apontou.
 
Algumas entidades têm perspectivas ainda mais positivas, e apostam na manutenção de alta do agronegócio pelos próximos dez anos. "Acreditamos em bons resultados para o produtor, mas vamos ter intempéries no caminho e nem todas as safras serão boas. É preciso estar preparado para isso", considera Otávio Celidônio, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), entidade que representa o setor agro mato-grossense.
 
Oportunidade à vista
 
De olho na demanda, somente Mato Grosso, hoje o principal produtor brasileiro de grãos, quer ampliar a produção de alimentos de 40,7 milhões de toneladas (estimativa para 2013) para 71,6 milhões de toneladas em dez anos.
 
Incentivado pelo consumo, o crescimento na população e a ida desta para as áreas urbanas, o estado planeja chegar a 2022 ofertando volume 76% maior em grãos (soja e milho), fibra (algodão) e carnes (suínos, bovinos e aves), segundo a previsão do Imea.
 
Na cadeia dos grãos, o milho deve apresentar o maior crescimento. Sua produção deve se tornar 106% maior na década e passar de 13 milhões de toneladas em 2013, chegando a 28,6 milhões de toneladas em 2022.
 
O gestor do Imea, Daniel Latorraca, explica que a alta vai se apoiar também no acréscimo na área destinada ao cereal. Na prática, o produtor vai plantar mais soja e, na mesma medida, aproveitar os espaços para o milho. Aa área para a produção de grãos, aponta, deve passar de quase 8 milhões de hectares para 12 milhões de hectares.

"As áreas já estão abertas e serão convertidas em produção de grãos", afirmou Latorraca.

Fonte: PrimeiraHora | G1 MT

Redação

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