Cidades

Após denúncia, USP nega estudar cobrança de mensalidade

Após a divulgação de uma denúncia anônima sobre um possível estudo de cobrança de mensalidades, a Universidade de São Paulo (USP) anunciou, nesta terça-feira (20), um projeto de "melhoria da gestão e da governança" da instituição chamado "USP do Futuro". Outro objetivo da iniciativa é "o aprimoramento e ampliação da relação da Instituição com a sociedade e o setor produtivo". Em nota enviada ao G1, a Reitoria da USP negou que esteja estudando a possibilidade de cobrar mensalidades.

"Qualquer referência à cobrança de mensalidades não tem fundamento, já que esta é uma matéria regida pela Constituição Federal e sobre a qual as instituições públicas de ensino não têm qualquer ingerência", disse a USP. (leia a íntegra da nota ao final da matéria).

A denúncia foi divulgada pela Associação dos Docentes da USP (Adusp) na segunda-feira (19). A entidade afirma ter recebido uma carta anônima no dia 14 de setembro, alertando para um contrato firmado entre a USP e a McKinsey, uma empresa de consultoria empresarial. De acordo com a denúncia, o objetivo do contrato, que teria sido feito por um termo de doação, era "criar um novo modelo de captação de recursos e de gestão de orçamento para a universidade". Ainda segundo a denúncia, o projeto poderia indicar possíveis mudanças legislativas para permitir a cobrança de mensalidades em cursos oferecidos pela USP. O G1 procurou a McKinsey que, por meio de sua assessoria, afirmou que não faria comentários sobre o assunto.

Na carta, os remetentes afirmaram que preferem manter o anonimato para "garantir o sigilo" de suas fontes de informações.

Eles também citaram uma audiência realizada no Palácio dos Bandeirantes, com a presença do governador Geraldo Alckmin, do reitor da USP, Marco Antônio Zago, e de representantes da McKinsey e de cinco empresas e entidades ligadas ao setor privado. Participaram também o vice-reitor da USP, Vahan Agopyan, e o professor Américo Ceiki Sakamoto, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, que foi listado, na agenda oficial divulgada pelo governo estadual, como coordenador do projeto "USP do Futuro".

O G1 procurou o gabinete do governador para confirmar o teor da audiência, mas, até a noite desta terça-feira (20), não recebeu resposta. A assessoria de imprensa afirmou, porém, que mantinha diálogo com a Reitoria da USP. Em nota, a USP confirmou a reunião. "A iniciativa também foi apresentada ao governador Geraldo Alckmin, em audiência realizada no dia 5 de setembro", explicou a universidade.

Requerimento de informações
Diante da denúncia, a Adusp afirmou, em um comunicado em seu site publicado na segunda, que protocolou um ofício ao reitor solicitando, com base em decretos estaduais que exigem a gestão transparente de documentos, dados e informações, esclarecimentos "sobre o objeto e os termos da relação formal estabelecida com a empresa McKinsey e os grupos empresariais citados, as informações relacionadas ao Projeto ‘USP do Futuro’, o propósito da audiência realizada no Palácio dos Bandeirantes, assim como os passos porventura planejados para divulgação e debate destas iniciativas e projeto com a sociedade, em especial com as instâncias administrativas e colegiadas desta Universidade".

No mesmo comunicado, a Adusp criticou o que considera uma nova tentativa de "privatização da USP" e de "iniciar tratativas sigilosas com representantes de interesses privados e comerciais". De acordo com a entidade, "é notável o modo cada vez mais confortável com o qual são consideradas, defendidas e propaladas propostas de que seria possível e adequado financiar a USP por meio de outras fontes de recursos, que não as do Estado, por meio de parcerias com o setor privado e de cobrança de mensalidades".

Reitoria diz que mensalidade de cursos é inconstitucional
Procurada pelo G1, a USP negou, na tarde desta terça-feira, que estuda alternativas de gestão orçamentária que envolvam a cobrança de mensalidade – tanto nos cursos de graduação como nos de pós-graduação –, e confirmou a existência do projeto e do vínculo entre a universidade e a McKinsey.

Ainda de acordo com a instituição, a consultoria já iniciou a etapa de "diagnóstico" do programa, "envolve entrevistas com gestores, dirigentes, ex-alunos, entre outros representantes da universidade". A assessoria de imprensa, porém, não informou o custo do serviço que a McKinsey prestará, mas afirmou os custos "estão sendo pagos, em forma de doação, por um pool de ex-alunos da universidade".

Leia a íntegra da nota:
"A Universidade de São Paulo (USP) anuncia o desenvolvimento do projeto 'USP do Futuro', que visa à melhoria da gestão e da governança da Universidade, bem como o aprimoramento e ampliação da relação da Instituição com a sociedade e o setor produtivo.

Os custos do projeto, que está sendo desenvolvido pela consultoria McKinsey, estão sendo pagos, em forma de doação, por um pool de ex-alunos da Universidade. A iniciativa também foi apresentada ao governador Geraldo Alckmin, em audiência realizada no dia 5 de setembro.

O programa está em sua etapa inicial de diagnóstico, que envolve entrevistas com gestores, dirigentes, ex-alunos, entre outros representantes da Universidade. À medida que se desenvolva, está prevista a ampliação do espectro de colaboradores e participantes.

A USP esclarece, ainda, que qualquer referência à cobrança de mensalidades não tem fundamento, já que esta é uma matéria regida pela Constituição Federal e sobre a qual as instituições públicas de ensino não têm qualquer ingerência."

Fonte: G1

Redação

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