Opinião

Anjos e Demônios – A Corrida Contra o Tempo e o Eco da História 

É um filme estadunidense de 2009 dos gêneros filme de suspense, drama e policial, dirigido por Ron Howard, com roteiro de Akiva Goldsman e David Koeep, baseado no romance homônimo de Dan Brown. 

Em Anjos e Demônios, o diretor Ron Howard retorna ao universo de mistérios e símbolos criado por Dan Brown, desta vez mergulhando nas sombras do Vaticano e nas intrigas que unem ciência, religião e poder. A atmosfera é mais acelerada que em O Código Da Vinci: desde os primeiros minutos, o espectador é lançado em uma corrida contra o tempo, onde cada segundo perdido pode custar a vida de milhares.  

A trilha sonora de Hans Zimmer pulsa como um coração em disparada, e a cidade de Roma se transforma em um tabuleiro vivo, repleto de armadilhas, segredos e monumentos que respiram história. 

Tom Hanks reprisa o papel de Robert Langdon, agora convocado para investigar o desaparecimento de quatro cardeais e a ameaça de destruição do Vaticano por uma misteriosa bomba de antimatéria. Seu raciocínio ágil e postura firme conduzem o público por becos, basílicas e arquivos secretos, enquanto a física Vittoria Vetra, interpretada por Ayelet Zurer, se torna parceira nessa jornada, unindo a precisão científica à sensibilidade humana. Juntos, eles seguem a trilha da antiga confraria dos Illuminati, revelando que o passado não está morto, apenas aguarda o momento certo para ressurgir. 

O filme articula com habilidade o embate entre fé e ciência, lembrando ao espectador que as maiores revoluções humanas sempre caminharam entre esses dois polos. A trama recupera fragmentos históricos sobre a perseguição a Galileu Galilei, as tensões da Igreja Católica com o avanço do conhecimento científico e a existência, real ou mítica, dos Illuminati, retratados como guardiões de um saber oculto e, ao mesmo tempo, como inimigos silenciosos da Igreja. O percurso de Langdon pela “Caminho da Iluminação” é uma viagem física e simbólica, onde cada escultura e cada praça de Roma se tornam capítulos visuais de um livro escrito em pedra e luz. 

O olhar histórico se mistura à tensão narrativa com toques de poesia visual. Roma é filmada como se fosse uma personagem: seus mármores brilham à noite, suas fontes guardam histórias de sangue e fé, e suas igrejas parecem sussurrar orações e conspirações na mesma respiração. O contraste entre os corredores dourados do Vaticano e os becos silenciosos da cidade cria um jogo de luz e sombra que espelha o próprio título da obra. 

No elenco, Hanks mantém Langdon como um protagonista sólido, equilibrando carisma e intelecto. Ayelet Zurer dá vida a uma Vittoria convincente, capaz de transitar entre a ciência pura e a emoção contida. Ewan McGregor, como o camerlengo Patrick McKenna, entrega uma interpretação multifacetada, oscilando entre devoção e enigma, e se destacando como uma das presenças mais marcantes do filme. 

Ao final, Anjos e Demônios se revela mais direto e dinâmico que seu antecessor. É um suspense que não dá tempo para longas reflexões, mas ainda assim preserva camadas de debate sobre o papel da fé, da ciência e da história na construção do mundo moderno. A obra é ao mesmo tempo entretenimento de ritmo acelerado e convite à contemplação dos monumentos e histórias que moldaram a civilização ocidental. 

Se O Código Da Vinci seduz pela atmosfera contemplativa e pelo convite à reflexão sobre símbolos e narrativas históricas ocultas, Anjos e Demônios conquista pela urgência e pelo ritmo quase ininterrupto de sua ação. Enquanto o primeiro é uma caminhada por um labirinto de teorias, o segundo é uma corrida frenética por monumentos e segredos, com menos pausas para debates filosóficos e mais para a tensão do tempo que se esgota. Juntos, os dois filmes mostram diferentes faces do mesmo universo narrativo: um voltado para o fascínio silencioso da descoberta, o outro para a adrenalina da revelação iminente. 

Como experiência cinematográfica, Anjos e Demônios é envolvente e visualmente marcante. Sua urgência narrativa prende o espectador, mesmo que, em alguns momentos, o excesso de ação simplifique questões mais profundas. Ainda assim, é um filme que conquista por unir mistério, velocidade e um pano de fundo histórico rico, deixando claro que, entre o céu e o inferno, é nos corredores da história que se escondem os enigmas mais sedutores. 

Vale a pena assistir. 

Olinda Altomare é magistrada em Cuiabá e cinéfila inveterada, tema que compartilha com os leitores do Circuito Mato Grosso, como colaboradora especial.

Foto capa: Reprodução/Divulgação

Olinda Altomare

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Olinda Altomare é magistrada em Cuiabá e cinéfila inveterada, tema que compartilha com os leitores do Circuito Mato Grosso, como colaboradora especial.

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