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Animais em extinção: causas, consequências e como ajudar na preservação

Entenda por que tantas espécies estão ameaçadas, quais são as principais causas da extinção e o que pode ser feito para preservar a biodiversidade no Brasil e no mundo

Eduarda Ramos, Florianópolis

A IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) lista mais de 18 mil espécies de animais em extinção, com a maioria delas localizadas na África Subsaariana, no Sul e Sudeste Asiático e na América do Sul.

Entre os animais em extinção na América do Sul, a fauna brasileira corresponde a mais de um terço dos que se encontram em risco de extinção, principalmente em biomas como a mata atlântica, cerrado e caatinga.

Ao todo, o Brasil tem cerca de 125 mil espécies de fauna, sendo que aproximadamente 15% são endêmicas de biomas brasileiros, ou seja, vivem exclusivamente numa determinada região geográfica.

O ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) avalia que das 1.265 espécies de animais em extinção, 785 estão listadas como em perigo ou criticamente em perigo, e outras 468 como vulneráveis.

Animais invertebrados terrestres são os com maior número de espécies ameaçadas (266), seguidos de peixes continentais (259) e aves (247).

Alguns dos animais em extinção no país são as onças-pintadas, botos, tartarugas, ararinhas-azuis, tubarões e baleias, segundo o ICMBio.

Quais os motivos de existirem animais em extinção ou ameaçados?

O ICMBio lista a agricultura, a pecuária e o fogo como as maiores ameaças para espécies terrestres; para espécies aquáticas continentais, a agricultura, a poluição e a expansão urbana causam os maiores danos, enquanto a pesca ameaça a existência de pelo menos 119 espécies marinhas.

Os dados brasileiros vão de encontro com os dados globais da IUCN, que também destacam a invasão de espécies exóticas e mudanças climáticas como potenciais ameaças à biodiversidade.

Casal de ararinhas-azuis. Ilustra matéria sobre animais em extinção.Ararinha-azul, nome no qual a Arara-Azul-de-Lear é mais conhecida, conseguiu ser reproduzida em cativeiro em zoológico de São Paulo em 2024 – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Pesquisadora na área de ornitologia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) com experiência em campo e laboratório, a bióloga Bruna Lovato explica que a extinção de uma espécie acontece como um efeito dominó.

“A perda de habitat, por exemplo, impacta diretamente em toda a vida daquele organismo, porque ele depende diretamente dos recursos ali presentes para se alimentar, se reproduzir, expressar seus comportamentos”, explica ela.

“Quando se tem uma fragmentação de áreas naturais, a pressão sobre esses organismos é enorme. Infelizmente, nem toda espécie consegue ‘acompanhar’ essas mudanças ambientais e se adaptar a uma nova paisagem”

Como funciona a extinção “natural”?

A extinção pode ocorrer de forma “natural” quando animais são extintos pela própria natureza, devido a eventos naturais de grandes proporções, ou também com a seleção natural, em que as espécies melhor adaptadas ao ambiente se reproduzem.

Entretanto, a intervenção humana na natureza acelera em até mil vezes a extinção da biodiversidade no planeta, conforme aponta o estudo “The biodiversity of species and their rates of extinction, distribution, and protection”, publicado na Revista Science em 2014.

Além dos fatores humanos anteriormente listados como causadores de extinção, a caça e captura de animais e a pesca predatória também causam danos à biodiversidade das espécies.

Abelha africana ou africanizada (Apis mellifera scutellata), no Parque Ecológico do Lago Norte em Brasília (DF). Ilustra matéria sobre animais em extinção.Abelha africana ou africanizada (Apis mellifera scutellata), no Parque Ecológico do Lago Norte em Brasília (DF). Diversas espécies de abelhas são ameaçadas de extinção. – Foto: Juca Varella/Agência Brasil

Quais as consequências da extinção?

Como pontuou Lovato, a extinção de uma espécie causa um efeito dominó nos ecossistemas. A ONU (Organização das Nações Unidas) também traz as seguintes consequências que animais em extinção e a perda da biodiversidade causam para o planeta:

  • Colapso de ecossistemas de água, alimentos, ar puro e regulação climática;
  • Agravamento do aquecimento global;
  • Riscos à saúde devido ao maior contato de populações humanas com animais;
  • Insegurança alimentar, ao prejudicar fontes de alimento de comunidades tradicionais, como peixes.

Como evitar o aumento de animais em extinção?

Para Lovato, a forma mais eficaz de evitar o declínio de espécies consiste em pressionar o poder público para preservação de áreas naturais e o investimento em programas de monitoramento.

A bióloga também destaca que programas que monitoram populações em risco dependem diretamente de financiamento e apoio da comunidade, e requerem um papel ativo da sociedade na fiscalização, divulgação e cuidado dos recursos de mitigação de perda da biodiversidade no país.

Entre as ações desempenhadas por programas de conservação e grupos de pesquisa envolvidos citadas pela especialista, estão:

  • Mapeamento de populações;
  • Locais potenciais em que elas ocorrem;
  • A compreensão da genética desses organismos;
  • A contribuição significativa na definição de áreas prioritárias para a conservação.

Ações individuais contam na preservação de animais em extinção?

Apesar do essencial para a conservação ambiental ser diretamente impactado por políticas governamentais, individualmente, “repensar nosso estilo de vida e de consumo são cruciais também para um engajamento ambiental eficiente”, diz Lovato.

Se ver como um ser integrante da teia da vida presente no mundo, é, “além de avaliar novas formas de produzir e viver no mundo, também impactar sobre as outras formas de vida que compartilham o planeta conosco”, compartilha.

“Ao longo da história da humanidade, fomos nos distanciando do mundo natural ao ponto de não nos vermos mais como integrantes dessa rede simbiótica. A conservação ambiental dialoga diretamente com a nossa própria conservação enquanto espécie. Um ambiente saudável e harmônico é a chave para o equilíbrio da nossa existência. Precisamos resgatar esse pertencimento”, finaliza Lovato.

Foto Capa: Paulo Pinto/Agência Brasil

Fonte: https://ndmais.com.br

Agência de Notícias

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