Para o sociólogo e cientista politico João Edson, a estratégia do governo com a transação seria uma ótima saída caso o Brasil apresentasse uma economia estável, o que não é o caso. O momento da renegociação também não foi favorável ao Estado, já que a economia americana passava por uma recessão.
“Os gestores não levaram em consideração quesitos básicos econômicos, só pensaram na liberação do poder de endividamento. Esta situação ainda pode levar a economia estadual a níveis críticos ou até mesmo a ter os seus recursos exauridos”, pondera o especialista.
Outro ponto ignorado na negociação é que Mato Grosso é um Estado produtor, o que significa que não capta todos os recursos necessários para a sua manutenção, já que de acordo com a Lei Kandir – que dispõe sobre a arrecadação e aplicação do Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e prestação de Serviços (ICMS) – os estados que beneficiam a produção ficam com uma fatia maior da arrecadação.
O maior problema na economia vai mesmo recair sobre a próxima gestão, já que com os juros subindo o reflexo acaba sendo mostrado em quatro ou cinco anos. “É como a economia doméstica: se você não tem mais dinheiro e não tem mais crédito, acaba ficando sem meios para se sustentar”, alerta João Edson.
Ainda de acordo com o cientista político, para reverter este quadro o Estado tem que mexer na sua base financeira, com a mudança na política tributária ou com a busca da industrialização, caso contrário o prognóstico para a economia estadual não será nada bom. O Estado já enfrenta um déficit de R$ 917 milhões, sem levar em consideração as novas taxas de juros aplicadas.
“Para os próximos anos podemos esperar muita dívida gerada com os juros altos e uma economia estagnada. Infelizmente, retrocedemos na economia do Estado como o Brasil fez anos atrás, quando a dívida externa perecia impagável”, afirma.