Economia

Além do petróleo e minério: coronavírus derruba preço até do café

O coronavírus está preocupando os produtores de café. Não, o consumo de café nada tem a ver com a proliferação da doença. Porém, o vírus está afetando diretamente o preço de diversas commodities, como petróleo e o minério, e com o café não foi diferente. Os produtores viram o preço cair para menos de um dólar por cada libra do grão – uma desvalorização de 25% desde o início do ano.

Apesar do chá ser a bebida quente mais consumida na China (cerca de 85% do mercado), o café vem ganhando bastante espaço na mesa do chinês. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o consumo de café aumentou mais de dez vezes entre 2008 e 2018 – de 300.000 para 3,8 milhões de sacas – e segue crescendo em ritmo superior a 30% ao ano. Não à toa, o banco holandês Rabobank colocou o avanço do vírus como o fator da queda.

O volume do consumo chinês representa apenas 2% do consumo global, mas também há outras preocupações como impactos ao varejo. Segundo a consultoria Statista, metade das pessoas consomem café fora de casa e a proliferação da doença na China está fazendo com que lojas sejam fechadas na região.

A rede Starbucks, por exemplo, manteve cerca de metade das suas atuais 4.300 unidades de portas fechadas – desde o dia 23 de janeiro, as ações da rede chegaram a cair quase 7%. A segunda maior, Luckin Coffee, seguiu pelo mesmo caminho e fechou boa parte de sua operação e também viu os seus papéis se desvalorizarem.

Além disso, há a preocupação de que a doença se alastre rapidamente para mercados importantes na Ásia, como as Filipinas, país em que morreu a primeira pessoa infectada fora da China, e no Japão, que já registrou 45 casos do vírus e mantém um navio de quarentena na baía de Tóquio.

Efeitos no Brasil
Por enquanto, o coronavírus não se tornou uma preocupação entre os produtores brasileiros. O país é o maior produtor mundial de café, com 40,6 milhões de sacas de café exportadas no ano passado. Em 2020, a safra do Brasil deve ser ainda maior e bater recorde de colheita.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café, Ricardo Silveira, somente um cenário catastrófico poderia piorar a situação.

“Existe uma influência por causa do dólar valorizando, mas acredito que o preço também está caindo graças as grandes safras esperadas para esse ano”, diz Silveira.

O Grupo Utam, especializado em café, também não chegou a ter nenhum impacto. Mas a diretora Ana Carolina de Carvalho faz uma ressalva. “Esperamos que a epidemia seja contida, evitando qualquer efeito maior no cenário econômico global”, diz ela.

Redação

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