Por Nick A. Romero H., Biólogo e educador ambiental. Site: https://www.peritoanimal.com.br/aguas-vivas-mais-perigosas-do-mundo-25187.html
As águas-vivas são animais marinhos fascinantes que, dependendo da espécie, têm uma ampla distribuição global. Membros do filo Cnidaria, elas são caracterizadas por seus corpos gelatinosos e pela presença de tentáculos urticantes, graças a células especializadas conhecidas como cnidócitos, que injetam uma substância tóxica destinada às suas presas, mas que também pode afetar os seres humanos.
Todos os tipos de águas-vivas produzem substâncias tóxicas. Algumas são ligeiramente perigosas, causando apenas irritação na pele, mas outras podem ser mortais, como a água-viva vespa e a água-viva irukandji. Convidamos você a continuar lendo este artigo da PeritoAnimal, onde exploramos as águas-vivas mais perigosas do mundo.
Vespa-do-mar (Chironex fleckeri)
A água-viva vespa do mar é um tipo de água-viva de caixa que se distribui no norte da Austrália e no Indo-Pacífico, estando presente também em países como Papua Nova Guiné, Camboja e Filipinas, entre outros. Ela é considerada a espécie de água-viva mais perigosa do mundo, com mais de 60 mortes registradas somente na Austrália. Portanto, é uma das águas-vivas mais letais da Austrália.
Ela possui um corpo em forma de caixa, com um diâmetro de cerca de 30 cm, e tentáculos que podem atingir até 3 metros de comprimento. Seu veneno é extremamente tóxico e pode causar danos significativos e permanentes, e até mesmo a morte.
Água-viva irukandji (Carukia barnesi)
No segundo lugar no ranking das águas-vivas mais venenosas do mundo está a água-viva irukandji, nativa das águas marinhas da Austrália. É uma água-viva pequena, com uma campana em forma de caixa e um diâmetro aproximado de 2,5 cm. Por ser transparente, não é fácil de detectar. A picada desta espécie gera a síndrome conhecida como “irukandji”, que pode provocar dor intensa, vômitos, parada cardíaca e edema pulmonar, tornando-se potencialmente letal se a pessoa não for atendida rapidamente.
Imagem: ucmp.berkeley.edu
Cubomedusa de quatro braços (Chiropsalmus quadrumanus)
Distribui-se pelas águas do Atlântico Ocidental, Golfo do México e Caribe. Também pertence ao grupo das medusas de caixa, com uma campana de forma cúbica, transparente e com cerca de 14 cm de diâmetro. Seus nematocistos são bastante potentes, injetando um veneno que causa dor, necrose e, em pessoas mais sensíveis, falência cardíaca. É uma água-viva especialmente perigosa para crianças.
Imagem: alchetron.com
Vespa-do-mar do sudeste asiático (Chiropsella bronzie)
Embora tenha uma ampla distribuição, é mais comum nas águas do Indo-Pacífico e no sudeste asiático. Sua cabeça tem uma forma ligeiramente arredondada e apresenta massas musculares em cada uma das quatro extremidades. Tem um diâmetro que varia de 3 a 5 cm e pode ter até 9 tentáculos em cada extremidade. Embora seu veneno seja menos potente do que o das espécies anteriores e não haja registros de mortes, pode ser perigoso se não for tratado rapidamente, pois pode afetar o sistema cardíaco.
Água-viva-cabeluda (Cyanea capillata)
Ainda que varie de tamanho, a água-viva-cabeluda é considerada a maior espécie de medusa do mundo, como mostramos aqui: “Qual a maior água-viva do mundo?“. Ela é encontrada nas águas frias do Atlântico Norte, Pacífico Norte e Ártico. A campana costuma ter entre 30 e 80 cm de diâmetro, embora em alguns casos possa superar os 100 cm. Seus tentáculos podem medir cerca de 30 m. Quanto à sua periculosidade, seu veneno não está entre os mais letais; no entanto, por ser um animal tão grande e com muitos tentáculos, pode injetar uma quantidade significativa dessa substância que, em pessoas sensíveis, pode ser perigosa, exigindo atendimento médico rápido.
Água-viva-bússola (Chrysaora hysoscella)
Esta espécie está distribuída no Atlântico Nordeste e no Mar Mediterrâneo. Possui uma campana com diâmetro entre 15 e 25 cm, é de cor amarelada translúcida com um padrão de listras escuras na parte superior e possui três grupos de oito tentáculos, totalizando 24. Embora não haja registros de mortes, sua picada pode causar uma dor intensa, erupções na pele e dificuldade para respirar, por isso está entre as águas-vivas mais perigosas do mundo.
Pelagia noctiluca
A pelagia noctiluca é uma espécie bastante abundante no Atlântico e no Mediterrâneo. Possui uma campana de forma semiesférica, com quatro tentáculos orais e 16 tentáculos marginais. Apresenta diversas verrugas sobre a campana, que correspondem a cnidócitos acumulados. É uma das medusas mais venenosas do mundo, capaz de causar danos na pele, provocando feridas abertas suscetíveis a infecções. Seu veneno também pode causar problemas respiratórios e cardiovasculares.
Carybdea marsupialis
Também chamada de vespa-do-mar do Mediterrâneo, é uma espécie de medusa-caixa nativa do Mar Mediterrâneo. Como outras de seu grupo, possui uma campana em forma de cubo e é de tamanho pequeno, com um diâmetro de cerca de 3 cm. Em cada canto, há tentáculos que medem cerca de 30 cm. Na campana, existem formações verrugosas que podem ser brancas ou amareladas. Embora não seja uma das medusas mortais, sua picada é bastante urticante, o que a torna perigosa.
Tamoya haplonema
Ela é encontrada no oceano Atlântico, desde a Argentina até os Estados Unidos, incluindo o Golfo do México. Tem uma forma cúbica, é transparente, mas pode apresentar alguns tons brilhantes e possui quatro tentáculos longos. Embora o veneno não seja mortal, é altamente urticante e pode causar cãibras e problemas gerais. Portanto, as pessoas afetadas devem receber tratamento médico.
Aguamala (Rhizostoma pulmo)
Por último, fechamos o ranking das águas-vivas mais perigosas do mundo com a aguamala. Ela habita tanto em águas abertas quanto em áreas rasas e costeiras do Mediterrâneo e do Atlântico. Possui uma campânula com diâmetro entre 90 e 100 cm, é de cor branco-azulada e violeta e, embora não tenha tentáculos marginais, possui oito tentáculos orais. Não é uma espécie mortal, mas causa irritações significativas. Isso pode ocorrer não apenas ao tocar diretamente seus tentáculos, mas também ao entrar em contato com pedaços deles, que continuam liberando toxinas e podem afetar uma pessoa que os toque.
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Bibliografia
- Animal Diversity Web. (2020). Disponible en: https://animaldiversity.org/
- Marambio, M., Ballesteros, A., López-Castillo, L., Fuentes, V., & Gili, J. M. (2021). Guía de identificación de medusas y otros organismos gelatinosos.
