Após fechar acima de R$ 3,60 na véspera, o dólar opera com instabilidade e avança nesta quarta-feira (26), chegando aos maiores níveis em mais de 12 anos, após números fortes sobre a economia dos Estados Unidos, que alimentaram as apostas de que os juros podem subir lá ainda neste ano, enquanto no cenário doméstico persiste a apreensão com a crise política.
Após fechar acima de R$ 3,60 na véspera, o dólar opera com instabilidade e avança nesta quarta-feira (26), chegando aos maiores níveis em mais de 12 anos, após números fortes sobre a economia dos Estados Unidos, que alimentaram as apostas de que os juros podem subir lá ainda neste ano, enquanto no cenário doméstico persiste a apreensão com a crise política.
A moeda chegou a atingir R$ 3,65 nesta manhã, maior nível intradia desde 14 de fevereiro de 2003, quando chegou a R$ 3,67.
Veja as cotações do dólar nesta quarta:
Às 9h15, alta de 0,25%, a R$ 3,6175.
Às 9h31, baixa de 0,25%, a R$ 3,5982.
Às 10h33, alta de 0,59%, a R$ 3,6298.
Às 11h14, avanço de 0,99%, a R$ 3,6442.
Às 11h26, alta de 1,24%, a R$ 3,6532.
Às 11h53, alta de 0,82%, a R$ 3,6382.
O movimento dos últimos dias teve como pano de fundo preocupações com a desaceleração da economia chinesa e o quadro político conturbado no Brasil.
"O mercado está repleto de incertezas. Nesse cenário, um dado forte (nos EUA) como o de hoje faz bastante estrago", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
As encomendas de bens de capital, uma medida dos planos de investimentos das empresas norte-americanas, registrou em julho o maior aumento em pouco mais de um ano, ressaltando a durabilidade da recuperação econômica apesar da desaceleração da economia global.
Investidores vêm colocando em dúvida a possibilidade de o Federal Reserve dar início ao aperto monetário ainda neste ano em meio à intensa volatilidade financeira, desencadeada pelo tombo das bolsas chinesas. Os números desta manhã, no entanto, alimentaram expectativas de que isso pode acontecer em 2015, o que pode atrair para os EUA recursos aplicados em países como o Brasil.
Cenário doméstico
No Brasil, o quadro político conturbado também pesava sobre o ânimo dos investidores após a maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) votar na véspera pela continuidade da ação que pede a cassação da presidente Dilma Rousseff. Incertezas sobre a possibilidade de ela não terminar seu mandato têm provocado intensa pressão sobre os mercados financeiros locais.
A volatilidade no mercado de câmbio era acentuada também porque investidores se questionavam sobre a possibilidade de o Banco Central aumentar sua intervenção no câmbio para atenuar o avanço do dólar, que tende a pressionar a inflação.
"Na última vez em que o dólar subiu com tanta força, o BC agiu, mas agora está dando de ombros", disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.
Mais tarde, o Banco Central dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em setembro, com oferta de até 11 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.
China cai e Europa reage mal
A Bolsa de Xangai, na China, voltou a fechar em queda nesta quarta-feira (26), com perda de 1,27%, mesmo após a China cortar a taxa de juros após fortes perdas e queda de mercados em todo o mundo. Na terça (25), as perdas foram de 7,63%, e na segunda (24), a queda foi mais brusca: 8,5%.
Mas o mercado japonês se recuperou. O índice Nikkei da Bolsa de Valores de Tóquio fechou em alta de 3,26%.
Bolsas da China e Europa
O órgão regulador dos mercados de capitais e a polícia da China estão mirando suspeitas de violação de regras para negociação de ações e uso de informações falsas, passo mais recente em uma leva de medidas para limpar os mercados em meio a oscilações intensas nas bolsas.
As bolsas da Europa reagiram mal e abriram em queda, apesar da recuperação na véspera. Os principais índices do continente operavam em baixa, contaminados pela nova queda das ações chinesas.
Turbulência nos mercados
A forte aversão ao risco nos mercados na segunda teve como pano de fundo as preocupações com a China, diante das indicações de que a desaceleração da economia chinesa é maior do que se esperava.
O movimento recente do banco central da Chinax de desvalorizar o iuan também levou a um choque negativo no apetite de risco e elevou a preocupação de contaminação no crescimento global.
A China chegou a crescer 13% em 2007 e 10,4% em 2010, e manteve o ritmo em patamares elevados até o ano passado. Este ano, o crescimento esperado do PIB chinês em torno de 7% está abaixo do esperado.
Véspera
Na última sessão, a moeda norte-americana terminou o dia cotada a R$ 3,6084, para venda, em alta de 1,57%. Foi o maior patamar de fechamento desde 27 de fevereiro de 2003. Na semana e no mês, houve acumulada de 3,22% e 5,36%, respectivamente. No ano, a moeda subiu 35,72%.
Fonte: G1