A aparente serenidade do secretário extraordinário da Copa, Maurício Guimarães – que foi adjunto do então presidente da extinta Agecopa, Éder Moraes –, pode esconder uma crise na pasta por conta de um possível atraso na obra da Arena Pantanal.
Essa crise começa a vir à tona com a retirada dos maquinários da Loyman Montagem Metálicas do canteiro de obras. Sem receber há oito meses do Consórcio Santa Bárbara/Mendes Júnior, a empresa retirou oito máquinas sob a alegação de não ter mais como manter o contrato com o consórcio. O fato ganhou repercussão nacional nesta quarta (6) com a declaração do diretor da Loyman, Ibê Loiola Júnior: “Existe muita coisa errada, muita sujeira embaixo do pano. Na hora certa eu vou falar. Agora espero receber o dinheiro na Justiça. Fico com pena do povo mato-grossense que não merecia passar por isso. O consórcio foi incompetente”.
Ao entregar a principal obra da Copa 2014 nas mãos de uma empresa que vinha apresentando problemas estruturais, neste caso a Santa Bárbara, a Secopa deixa evidente que o processo licitatório não observou um item fundamental no certame: a saúde financeira da construtora. No início de 2013 a Santa Bárbara entrou com pedido de falência. A pergunta que a Secopa não responde é: como é que o Governo do Estado contrata uma empresa prestes a falir para tocar a construção do estádio onde serão realizados os jogos do Mundial?
Agora a situação se agrava. Sem receber, a Loyman deixa o canteiro de obras da Arena Pantanal em meio a muitas especulações. Procurado pelo Circuito Mato Grosso, Ibê Loiola Júnior, diretor da Loyman, disse que vai esperar resolver a pendência com a Santa Bárbara para então “abrir o bico”. Segundo ele, o contrato previa inicialmente que os serviços metálicos contratados pela Santa Bárbara terminariam em novembro. Um possível atraso no andamento da obra da arena levou à prorrogação do contrato para até abril deste ano. Como a empresa fornecedora de estrutura metálica para a obra teria parado de enviar o material, o consórcio, os operários e as máquinas ficaram parados e a Loyman teria passado a arcar com um prejuízo mensal de R$1,2 milhão.
A empresa Entap Engenharia, de Diadema (SP), é a responsável por enviar as estruturas metálicas. De acordo com a Loyman, menos de 40% do material chegou ao canteiro de obras. Procurado pelo Circuito Mato Grosso para esclarecer a crise com a Loyman, o Consórcio Santa Bárbara /Mendes Júnior não se manifestou.
A obra da Arena Pantanal chegou a ser uma das mais adiantadas de todas as que estão sendo construídas no país para a Copa 2014. O salto no índice de execução, de 55% para 62%, das obras, porém, não trouxe tranquilidade ao governo de Mato Grosso.
Por: Sandra Carvalho
Fotos: Pedro Alves