O americano Michael Sandel é considerado como um dos mais importantes filósofos atuais e leciona na Universidade de Harvard por mais de duas décadas o famoso curso denominado "Justice", tratando de vários temas sobre o que é a Justiça e como fazer a coisa certa de acordo com as lições filosóficas. Seus livros já foram traduzidos para mais de 27 idiomas e no "A Tirania do Mérito" ele faz uma análise da injustiça de nossa sociedade, levada por uma visão desfocada de confiança na noção de mérito.
Sandel afirma que hoje se vive num mundo dividido entre "ganhadores" e "perdedores", ou seja, numa competição que esconde privilégios e vantagens, justificando o status quo com ideias tais como "eu quero, eu posso, eu consigo" e "quem acredita sempre alcança". Assim, ocorreria como resultado concreto um mundo que aumenta a desigualdade social e culpabiliza as pessoas, gerando uma onde de raiva, frustração, populismo, polarização e descrença em relação ao governo e aos seus cidadãos.
Os conceitos analisados por Sandel vão desde a ética do estudo, do trabalho, do sucesso, do fracasso, da tentativa e de quais seriam seus meios legítimos para se percorrer tais caminhos, sugerindo um olhar novo para essa relações, salientando as contradições do discurso meritocrático, os seus contextos estruturais e a arrogância dos “vencedores”, que são implacáveis julgando duramente os “perdedores”.
Sandel finaliza “A Tirania do Mérito” propondo que o sucesso deve ser compreendido em benefício da sociedade para existir uma ética diferente e dignificadora. O pensamento deve ser guiado pela humildade, com a compreensão do acaso na vida do ser humano, com a criação real da oportunidade, para ser a melhor bússola a democracia na busca verdadeira do bem comum.