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A seleção brasileira voa, o futebol brasileiro agoniza

Nesta quinta, em Paris, o time comandado por Dunga voltou a vencer. Agora foram 3 a 1 em cima da França, de virada, no Stade de France, somando sete vitórias em sete jogos desde o retorno do treinador.

Já nos nossos campos, seguimos vendo futebol de quinta categoria (raríssimas exceções), campeonatos estaduais que não significam mais nada, calendário bizarro e uma lamentável batalha dos clubes para conseguirem que suas dívidas sejam perdoadas com nenhuma ou o menor número possível de contra-partidas.

Alguns profissionais, como Tite, são apenas pontos fora da curva. Exceções que confirmam a regra.
A capacidade de Dunga já era conhecida, ainda que muitos confundam competência com simpatia. Muitas críticas são feitas em função da cara feia do treinador, não de seu desempenho no cargo. De alguma forma, Dunga e a seleção têm química. Ele consegue montar bons times, competitivos, entrar na cabeça dos jogadores e fazê-los entregar resultados.

A segunda passagem está apenas comprovando o que vimos na primeira. Logo, ganhar uma Copa são outros 500. São jogos únicos, eliminatórios, e aquela derrota para a Holanda não teve nada a ver como o massacre emblemático sofrido no Mineirão, ano passado.

Todos sabemos que os torcedores brasileiros preferem perder torneios menores e amistosos e ganhar a Copa do que o contrário, que foi o que aconteceu com Dunga entre 2006 e 2010. Mas é o segundo cenário que aponta consistência. E é este cenário que está sendo construído novamente.
A seleção tem tudo para ganhar amistosos, torneios e passar tranquilo pelas eliminatórias.

O Brasil tem uma seleção jovem, renovada, que mescla experiência e juventude e que aposta em um jogo parecido com o que vemos sendo praticado pelas maiores forças europeias. Sistema defensivo forte, participação de todos nas tarefas táticas, velocidade na transição, movimentação entre os homens de frente. E, claro, a genialidade de Neymar.

O grande problema da primeira passagem de Dunga foi ter pensado tanto no objetivo final (a Copa) que nenhum legado foi deixado. Mano começou a reconstrução, Felipão deu continuidade, ambos acertaram e erraram, e agora Dunga dá sequência à curva de evolução. Que pode acabar no hexa na Rússia. Como pode não acabar. Não dá para analisar as coisas só com resultados em mãos.

Mais do que as vitórias, a seleção brasileira mostra consistência. Mostra saber o que quer, passa confiança.
Falhou, em Paris, nas bolas aéreas no primeiro tempo. Levou um gol, Jefferson fez um milagre em outro lance. No segundo tempo, foi superior à França em todos os aspectos do jogo. Para isso servem amistosos. Para ganhar confiança e corrigir erros.

Infelizmente, a seleção tem uma influência mais negativa do que positiva no futebol doméstico. Quanto melhor vai a seleção, mais poder ganham dirigentes e mais no "mundo da fantasia" as pessoas acham que vivem. Como sabemos, poucos cartolas pensam nos reais problemas que o esporte vive no país. E o Brasil já não é o país do futebol faz tempo.

Até agora, a maior consequência dos 7 a 1, que foi possível também pelo advento do Bom Senso, é a intervenção do governo federal e a criação de regras para profissionalizar o futebol nacional. Os clubes, que devem as calças e mais um pouco, poderão aderir a um plano de renegociação de dívidas mas, para isso, há uma série de contrapartidas fundamentais.

A Bancada da Bola está ativíssima no Congresso, e a sociedade precisa ficar de olho.
A seleção brasileira é forte hoje, como sempre foi e sempre será. Já o futebol brasileiro está mortinho, mortinho. E gols marcados em Paris não mudam esse cenário. O jogo que está sendo travado em Brasília, no entanto, é o grande mata-mata do momento.

Fonte: BBC BRASIL

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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