Fortemente presente no mercado de música sul-coreana desde a década de 90, o k-pop se tornou um fenômeno mundial. O gênero, antes encabeçado pelos hits dos grupos H.O.T e Seo Taiji and Boys, ganha novas portas nos últimos anos graças ao sucesso conquistado por nomes como BTS e EXO.
Aqui no Brasil, o k-pop ganhou força nos últimos anos, com shows e encontros com fãs sendo realizados quase que semestralmente nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro. Em Cuiabá, é comum encontrar segmentos destinados ao k-pop em eventos até mesmo nerds, em uma busca estratégica de chamar público. As ativações para o pop sul-coreano estão sempre recheadas de pessoas, desde aquelas mais curiosas graças a grande movimentação que gera, como também com aquelas que já são familiarizadas com o estilo.
“Virou uma tendência nacional ter k-pop em eventos de anime”, conta Tiago, conhecido entre a comunidade otaku e kpopper cuiabana como Kakashi Kazejin e um dos organizadores do Master Nerd, evento sobre a cultura geek e nerd que acontece anualmente no Colégio Master. O Circuito Mato Grosso conversou com ele e os grupos cover A.ngels e Je-il para entender um pouco sobre o k-pop na cidade.
“Comparado à época em que a gente começou, não havia muitos fãs [de k-pop na cidade]”, conta Ketyllen Espírito, membro do quarteto cover A.ngels, composto também pelas irmãs Beatriz e Alessandra Okimura e Stephanie Santos. O grupo reconhece a força que o gênero ganhou na cidade nos últimos anos.
O quarteto está em atividade desde 2015, participando destes eventos e gravando vídeos de dança cover, disponibilizando-os no YouTube. A rotina de ensaios, inclusive, é moldada de acordo com tais concursos e eventos.
Quem também participa de concursos e faz gravação vídeos é o Je-il. O Circuito conversou apenas com Juliane Silva, Vitória Antunes, Larissa Marques, Letícia Hikari, Gillian Jefferson e Agatha, mas há outros integrantes, totalizando 10 pessoas. Entretanto, desde a estreia do grupo, em 2015, houveram diversas formações.
O Circuito pôde acompanhar na manhã deste domingo (08) a gravação do cover de “Red Flavor”, do grupo Red Velvet. Apesar da diversão que rola entre uma tomada e outra, o grupo leva a sério o hobbie, repetindo quantas vezes forem possíveis para conseguir ter o melhor resultado. O vídeo em questão deve entrar no canal do YouTube delas nas próximas semanas.
Além dos já famigerados eventos, a comunidade cuiabana de k-pop também promove encontros, geralmente a cada três meses. São piqueniques no Parque Mãe Bonifácia, com comida, música e dança. Larissa revela que antes do gênero crescer na cidade, os encontros aconteciam no Pantanal Shopping.
A influência do k-pop em suas vidas é nítida. Ketyllen conta que seu vestuário é todo influenciado pelo gênero. Já Beatriz aponta que após ter começado a dançar, perdeu sua timidez. O interesse pela cultura sul-coreana também cresceu, com motivações para aprender o idioma local e visitar a Coreia do Sul.
Stephanie é a veterana do k-pop entre as A.ngels, conhecendo desde 2009. A estudante de química conta que hoje não acompanha tanto os grupos como antes, mas revela que já acordou cedo para poder acompanhar atividades do grupo Infinite. Vitória já foi mais além, madrugando para acompanhar o lançamento de “Mr. Simple”, do grupo Super Junior.
Internet, influencia de amigos e familiares, e animes. Em conversa com os dois grupos, estes três pontos foram o consenso sobre como conheceram o k-pop. A estética dos videoclipes bem produzidos e suas coreografias são os elementos que contribuem para a afinidade com o gênero, além do variado leque de estilos musicais dentro do k-pop, como o hip-hop, trap e eletrônica.
Por outro lado, o que chamou a atenção de Gilliam quanto ao k-pop é a organização da indústria. Semanalmente, os grupos promovem suas canções em programas musicais, são realizados encontros com os fãs e turnês. A estética dos discos físicos também é outro ponto interessante do k-pop. Os encartes são sempre bem trabalhados; o uso do acrílico é quase raro.
Vitória, há alguns anos, vendia CDs na cidade. Graças a um conhecido na Coreia do Sul, ela comprava em lotes e depois revendia. Kakashi Kazejin, por outro lado, começou a dar mais abertura para artigos de k-pop em sua loja. A ideia é investir cada vez mais.
Para acompanhar os trabalhos das meninas do grupo A.ngels, é possível segui-las no Facebook e Instagram, além de dar um conferida no canal delas no YouTube. Com o grupo Je-il o esquema é o mesmo: Facebook, Instagram e Youtube. A Loja Otaku Nekojin, do Tiago, está sempre presente em eventos nerds e otakus cuiabanos.
De Seo Taiji and Boys até BTS
Além de Seo Taiji and Boys e H.O.T, inúmeros grupos e artistas solo contribuíram para o crescimento do gênero. BoA e Shinhwa são alguns dos principais nomes mais antigos do k-pop a seguirem firmes na indústria com lançamentos e shows na Coreia do Sul. O grupo TVXQ, formado inicialmente por cinco integrantes em 2003, também soma uma importante contribuição ao gênero com diversos hits, entrando para o Guinness Book por possuir o maior número de fãs do mundo em 2008.
Em 2012, o k-pop ganhou uma enorme explosão mundial por conta do viral “Gangnam Style”, do cantor PSY, que ainda conta com a presença de HyunA, na época integrante do quinteto 4MINUTE. Devido ao humor e a marcante “dancinha”, o videoclipe da canção no YouTube já soma mais de 3 bilhões de visualizações.
Nos últimos dois anos, BTS passou a conquistar vários fãs e hoje realiza turnês mundiais, vendendo várias cópias de seus discos, recebendo ainda reconhecimento em algumas premiações norte-americanas. Entretanto, os meninos não foram os pioneiros nestes últimos anos; nomes como Super Junior, BIGBANG e Girls Generation já se provaram fortes no mundo, principalmente no mercado asiático.