O correntão foi liberado, este ano, por meio do decreto legislativo 49, de autoria do deputado estadual Dilmar Dal Bosco (DEM), publicado no dia 7 de julho. Em resposta a liberação, o Instituto Centro Vida (ICV) se manifestou e viu “retrocesso” a liberação do implemento agrícola em Mato Grosso.
O diretor da entidade, Sérgio Guimarães, diz que a técnica de desmate tem ação agressiva ao meio ambiente e pode levar a eventos extremos, que prejudicam o andamento do próprio agronegócio.
“Mato Grosso desmatou só no ano passado 1,5 mil km² de mata e 95% disso ocorreu ilegalmente. Mas esse percentual não vale apenas 2015, é uma média de Mato Grosso. E o uso do correntão não possui nenhum critério para o uso, o que estiver na frente vai sendo derrubada. Imagina você: uma corrente enorme sendo puxada estendida por dois tratores, um de cada ponta. É uma agressão muito forte”, expõe o diretor.
Em setembro, o Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF) também se manifestou e ajuizou uma ação civil pública contra a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) para adoção de medidas necessárias para a proteção da flora e da fauna na expedição de autorização para exploração do solo. Dentre as medidas, estava a proibição imediata do uso do “correntão” em atividades de desmate.
De acordo com notas técnicas elaboradas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) à época, o método de desmate permite a remoção da cobertura vegetal em velocidade superior a outros procedimentos, razão pela qual tornou-se muito popular em Mato Grosso.
Entretanto, causa danos irreparáveis ao ambiente, em especial as ameaçadas de extinção. “O uso do correntão tem efeito danoso à fauna resultando em um grave desiquilíbrio ecológico que pode levar anos para ser recomposto. Além disso, a liberação desse tipo de técnica tem que ser visto com extrema cautela em virtude, principalmente, de o Estado de Mato Grosso apresentar altos índices de desmatamento”, destaca uma das Notas Técnicas do Ibama.
Em entrevista exclusiva ao Circuito Mato Grosso em julho deste ano, o procurador da República, Marco Antônio Ghannage Barbosa, falou sobre os prejuízos do correntão para vegetação de Mato Grosso.
“O problema disso é que seria preciso adotar medidas para preservação da fauna e das espécies protegidas da flora e essa técnica até onde sabemos não permite que as espécies consigam sair da área e morrem. Não há qualquer seleção para saber se as espécies protegidas são protegidas de fato ou não, pois são tratores que vão derrubando as árvores”, aponta.