Economia

Agronegócio foi o menos afetado pela crise em 2016

Se de um lado a tão falada crise assolou o Estado de Mato Grosso, do outro os efeitos não foram tão devastadores como se esperava no setor do agronegócio. Toda a cadeia produtiva assinalou positivamente com melhorias e investimentos, além dos bons resultados da colheita das safras. Em 2016, exportamos nos primeiros 11 meses 15,188 milhões de toneladas de soja. Aumentamos em 24,2% a exportação do milho, além da atualização do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) do milho, após 20 anos de existência. O Estado passou a exportar carne para os Estados Unidos da América (EUA) e em outubro partiu a primeira remessa. Os produtores tiveram sinalização positiva para a expansão da ferrovia Senador Vicente Vuolo de Rondonópolis a Cuiabá e o Estado fecha com a produção do ouro em alta, colocando em circulação R$ 711 milhões na economia local por conta da exportação de 6 toneladas.

Exportação repetiu lucro de 2015

Mato Grosso exportou 15,188 milhões de toneladas de soja nos primeiros 11 meses de 2016. Em comparação com o ano passado, houve um aumento de 5,53% em relação ao mesmo período. Porém, o valor gerado teve variação positiva de apenas 0,01%, passando de US$ 5,589 bilhões para US$ 5,590 bilhões de um ano para outro.

Na outra ponta, o milho teve movimentação 16,24% maior em valor monetário na mesma base comparativa. O valor subiu de US$ 1,898 bilhão para US$ 2,256 bilhões. A quantidade exportada também aumentou 24,2%, passando de 10,825 milhões de toneladas em 2015 para 13,446 milhões (t) em 2016. Com isso, a participação do milho nas exportações mato-grossenses aumentou de 15,89% para 18,68%.

O Estado de Mato Grosso, maior produtor do Brasil, deverá colher uma safra recorde de 30,5 milhões de toneladas de soja na safra 2016/17. O que representa cerca de 30% do total da colheita do grão prevista para todo o Brasil, que é de 101,4 milhões de toneladas.

Se o clima continuar colaborando, o Estado deverá apresentar patamar inédito de 54,05 sacas de 60 kg por hectare, acima da previsão anterior que era de 53,2 sacas. Na temporada anterior, a produtividade foi de 49,8 sacas por hectare, devido à seca.

Produção de milho cresceu 32,45%

O Imea também reviu a previsão para a safra 2016/17 do milho no Estado, que deve ter um aumento de 7%, em relação à estimativa realizada em setembro deste ano. A produção foi elevada para 25,037 milhões de toneladas, quando antes a estimativa era de 23,297 milhões de toneladas do grão. Este número é 32,45% maior que na safra anterior, que sofreu devido à forte seca.

A estimativa para esta safra ficou em 4,42 milhões de hectares, o que representa um aumento de 4,13%, enquanto na safra anterior foram utilizados para plantio do cereal 4,25 milhões de hectares. Um dos principais motivos deste aumento foi o adiantamento da semeadura da soja, que apresenta um potencial de semeadura dentro da janela maior, quando comparada à safra passada.

MT começa a exportar carne para os EUA

A primeira remessa de carne bovina in natura de Mato Grosso destinada ao mercado norte-americano foi embarcada em outubro de 2016. A produção de 25 toneladas foi iniciada na planta da Marfrig, em Paranatinga, após a habilitação do frigorífico, no dia 21 de setembro, a exportar carne da unidade mato-grossense.

A liberação para exportar carne in natura do Brasil ao mercado dos EUA foi definida após longos 17 anos de negociações entre os dois países. Em julho deste ano, o ministro da Agricultura Blairo Maggi liderou a missão técnica que definiu junto ao serviço veterinário dos EUA os critérios bilaterais para habilitar estabelecimentos à importação e exportação de carne in natura.

A modalidade de habilitação foi definida como "pré-listing", ou seja, tanto o Mapa quanto o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) podem indicar lista de estabelecimentos para a exportação. Porém, apenas os estabelecimentos que cumprirem todos os requisitos estabelecidos na certificação acordada serão indicados pelos serviços oficiais.

Ferrovia de Rondonópolis a Cuiabá

A expansão da Ferrovia Senador Vicente Vuolo (antiga Ferronorte), para ligar Rondonópolis a Cuiabá, recebeu sinalização positiva para a expansão em 2016. A intenção de que os trilhos subam para o norte, e facilitem o escoamento da produção do Estado, que é o maior produtor de grãos do País avança.

A sinalização positiva só aconteceu no terceiro encontro neste ano entre o governador Pedro Taques e o grupo Cossan. Atualmente, a malha ferroviária brasileira transporta cerca de 30 milhões toneladas de produção, 14 milhões só em Mato Grosso. Com o projeto de modernização e expansão da malha, a meta é chegar a 75 milhões de toneladas transportadas, sendo que o Estado seria responsável por 25 milhões.

Segundo o Fórum Pró-Ferrovia, pelo primeiro estudo realizado, financiado pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) e Governo Federal, realizado pela Universidade de Santa Catarina, o investimento para a expansão do modal gira em torno de R$ 2,5 bilhões para trazer 280 km de ferrovia de Rondonópolis a Capital.

MT negocia 6 toneladas de ouro por ano

Em 2015, em Mato Grosso foram extraídas e depuradas seis toneladas de ouro, a metade vinda de garimpos. O metal é explorado hoje em quatro distritos. O maior está na província de Peixoto de Azevedo de onde foram extraídas 2,4 toneladas, com foco em mineralização de outo tipo secundário. O Estado tem 144 concessões e 247 pedidos para exploração de subsolo, em busca de minerais. 

A província de Guaporé, a segunda em volume de exploração, alcançou a quantidade de 1,8 toneladas no ano passado. O distrito de Poconé e Livramento somaram 1,5 toneladas de ouro no mesmo período, e o quadro é fechado pelo distrito de Nova Xavantina, com 1,1 tonelada.

A Metamat estima que a exploração de ouro já gerarou 15 mil empregos diretos e 75 mil indiretos, colocando em circulação R$ 711 milhões na economia local. A companhia identificou, até o momento, 15 reservas de ouro, que somam mais de 95 toneladas de material.

Mapa regulamenta zoneamento do milho em MT

Em 2016, os produtores de milho e o Estado de Mato Grosso, após 20 anos de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) comemoraram a regulamentação e ampliação para a cultura do milho segundo safra.

Atualizado anualmente, o estudo é elaborado com o objetivo de minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos, permitindo a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares.
 
Hoje, os estudos de zoneamentos agrícolas já contemplam 40 culturas, segundo informações do Mapa, sendo 15 de ciclo anual e 24 permanentes, além do zoneamento para o consórcio de milho com braquiária, alcançando 24 Unidades da Federação. O documento recebe revisão anual e é publicado na forma de portarias, no Diário Oficial da União e no site do Ministério. 

São levados em consideração os dados como precipitação, temperatura e consumo hídrico para garantir 80% de chance de êxito nas culturas analisadas. Em outras palavras, o banco recebe uma solicitação de crédito, entra no sistema desenvolvido pela Embrapa e pode verificar online se o agricultor está plantando no momento certo, com a variedade certa e no local indicado. Isso dá mais segurança na hora de fornecer um crédito e seguro rural. 

Catia Alves

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