Economia

Mato Grosso deve colher 30% da produção do país

A estimativa para a colheita de grãos da safra 2016/17 teve uma alteração positiva pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O Estado de Mato Grosso, maior produtor do Brasil, deverá colher uma safra recorde de 30,5 milhões de toneladas de soja. O que representa cerca de 30% do total da colheita do grão prevista para todo o Brasil, que é de 101,4 milhões de toneladas.

Se o clima continuar colaborando, de acordo com o Imea, o Estado deverá apresentar patamar inédito de 54,05 sacas de 60 kg por hectare, acima da previsão anterior que era de 53,2 sacas. Na temporada anterior, a produtividade foi de 49,8 sacas por hectare, devido à seca. A área de plantio também foi elevada, passando de 9,30 milhões de hectares na safra 2015/16 para 9,39 milhões de hectares. Ainda houve um aumento de 0,6% em relação à projeção anterior para a safra 2016/17.

"Com grande parte da nova safra já semeada em novembro, a estimativa de dezembro captou o sentimento do mercado com relação ao desenvolvimento das lavouras e previsões climáticas para os próximos meses. Apesar de a nova projeção elevar um pouco mais a área, ainda assim a safra 16/17 tende a se firmar com o menor aumento anual da série histórica do Imea, iniciada na safra 2007/08", afirmou presidente do Instituto, Rui Carlos Ottoni Prado.

Como o plantio neste ano foi mais adiantado, produtores deverão iniciar a colheita já ao final de dezembro. Segundo a consultoria AgRural, Mato Grosso poderá colher um recorde de até 7,3 milhões de toneladas de soja para o mês de janeiro. No entanto, o Imea alerta para a instabilidade climática.

"Apesar do grande potencial produtivo da nova safra, ainda assim, os riscos à produtividade são elevados devido, sobretudo, às indefinições dos reflexos do clima na colheita", comentou o Rui Carlos.

Produção do milho deve ter aumento de 7%

O Imea também reviu a previsão para a safra 2016/17 do milho no Estado, que deve ter um aumento de 7%, em relação à estimativa realizada em setembro deste ano. A produção foi elevada para 25,037 milhões de toneladas, quando antes a estimativa era de 23,297 milhões de toneladas do grão. Este número é 32,45% maior que na safra anterior, que sofreu devido à forte seca.

De acordo com o Instituto, foi observada uma expectativa de aumento da área cultivada do cereal e da produtividade, o que resultou em aumento na estimativa de produção de milho em Mato Grosso.

A estimativa para esta safra ficou em 4,42 milhões de hectares, o que representa um aumento de 4,13%, enquanto na safra anterior foram utilizados para plantio do cereal 4,25 milhões de hectares.  Um dos principais motivos deste aumento foi o adiantamento da semeadura da soja, que apresenta um potencial de semeadura dentro da janela maior, quando comparada à safra passada.

O Instituto ainda estimou um aumento de 30,32% na produção do rendimento a campo, o que alcançou a estimativa de 96,7 sacas por hectare cultivado. No entanto, este fator está atrelado com a melhor janela de semeadura do milho e uma expectativa de clima bom. Para o Imea, os fatores climáticos prejudicaram a safra 2015/2016 no Estado, registrando uma queda de 4,6 sacas por hectare, em relação à média das safras de 2011/12 até 2014/15.

“Apesar de parte dos produtores mato-grossenses apresentarem dificuldades para investir neste novo ano agrícola em virtude da quebra de safra 15/16, há uma parcela que apresentou expectativas de melhorias no investimento na cultura do milho”, justificou o presidente do Instituto.

Estado exportou mais, porém lucro não aumentou

Mato Grosso exportou 15,188 milhões de toneladas nos primeiros 11 meses de 2016, o que representa 46,28% de todo valor gerado pela exportação de Mato Grosso nesse período. Um aumento de 5,53% em relação ao mesmo período do ano passado. Porém, o valor gerado teve variação positiva de apenas 0,01%, passando de US$ 5,589 bilhões para US$ 5,590 bilhões de um ano para outro.

Na outra ponta, o milho teve movimentação 16,24% maior em valor monetário na mesma base comparativa. O valor subiu de US$ 1,898 bilhão para US$ 2,256 bilhões. A quantidade exportada também aumentou 24,2%, passando de 10,825 milhões de toneladas em 2015 para 13,446 milhões (t) em 2016. Com isso, a participação do milho nas exportações mato-grossenses aumentou de 15,89% para 18,68%.

Nelson Luiz Piccoli, diretor financeiro da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), avalia que o desempenho do milho surpreendeu os produtores. “Houve mais demanda pelo produto este ano, principalmente para abastecer as usinas de etanol. Mesmo com a quebra de safra em quase 7 milhões de toneladas, houve bom rendimento financeiro para os produtores, porque além do aumento da demanda no mercado internacional houve valorização do milho no mercado interno”.

A expectativa é que Mato Grosso produza 25,037 milhões (t) de milho na safra 2016/2017. 

120 mil toneladas de soja certificadas em Mato Grosso

O projeto Gente que Produz e Preserva – promovido pelo Clube Amigos da Terra de Sorriso-MT (CAT) – viabiliza a certificação de soja de maneira ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável. Neste ano, de toda a soja da região do médio norte de Mato Grosso, cerca de 120 mil toneladas serão de propriedades certificadas pela RTRS (Associação Internacional de Soja Responsável).

Essa soja é proveniente de 17 fazendas, que juntas somam 53.187 hectares. As primeiras fazendas foram certificadas em setembro do ano passado. Elas continuam no processo e agora, somaram-se outras oito propriedades, o que comprova que os produtores rurais são comprometidos com o plantio sustentável de soja no mundo.

O Consultor Externo da RTRS no Brasil, Cid Sanches, comenta que o projeto é a comprovação de que a certificação RTRS em grupo é essencial para a existência de soja certificada no Brasil. “Os pequenos produtores podem se unir e solicitar um certificado único que abrange todos os domínios, compartilhando os custos das avaliações, tanto de certificação, quanto de monitoramento anual. Sorriso é o maior município produtor de soja no País e tem potencial para que a produção certificada cresça ainda mais nos próximos anos”, pontua. 

Para a diretora de sustentabilidade do CAT, Cynthia Cominesi, o produtor rural compreende a importância da certificação. “Fizemos uma pesquisa de satisfação e o resultado foi excelente, o que justifica o crescimento do número de participantes do projeto. Tenho certeza de que depois da comercialização da soja desse grupo, novos produtores vão nos procurar e juntos vamos conseguir alcançar nossa meta de certificar mais 200 mil hectares até 2018”, disse.

Para Cid, o que está acontecendo em Sorriso-MT ocorre em todos os outros grupos certificados no Brasil. “Os produtores comentam com seus vizinhos os benefícios da certificação RTRS e assim, os grupos vêm crescendo ano a ano no País. No ano de 2015 foram 85 propriedades certificadas e este ano os números devem finalizar com mais 170 propriedades”, conclui Cid.

Os produtores da região de Sorriso-MT assumiram o compromisso de produzir e preservar. E este é o intuito da RTRS, fazer com que a cada ano mais fazendas sejam certificadas, além de engajar produtores a terem responsabilidade social e ambiental.

As fazendas certificadas em Mato Grosso são: Jaborandi, São Felipe, Dakar, São Marcos, Santana, Videirense, Cella, Berrante de Ouro, Santa Maria da Amazônia, Pluma, Pedra, Alegria, Nossa Senhora da Salete, Santo Antonio, Gamada, Soledade e Pinhal. O projeto Gente que Produz e Preserva está sendo desenvolvido em parceria com a WWF Brasil, Bel, Solidariedad e IDH. 

Felipe Leonel

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