Site Flight Radar 24h mostra o acompanhamento do voo do Chapecoense que caiu na Colômbia; pilotos deram duas voltas em círculo no ar antes da queda (Foto: Reprodução)
O site que acompanha o tráfego aéreo mundial Flight Radar 24, conhecido pela possibilidade de rastrear as aeronaves em tempo real, mostra que o voo Lamia CP-2933, que caiu na Colômbia com o time brasileiro Chapecoense, deu duas órbitas no ar, antes de começar a reduzir velocidade e altitude e cair próximo ao região de Rionegro, na Colômbia.
A aeronave levava o time para disputar a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional.
Conforme o Flight Radar 24, que acompanha as aeronaves pelo transponder, a aeronave, um Avro AR-85, o piloto fez dois círculos a uma altitude de 21 mil pés (6 mil metros de altitude) a uma velocidade média 250 nós (cerca de 460 km/h). Em seguida, porém, o avião vai diminuindo velocidade e altitude gradativamente.
O último registro da aeronave é quando ele se encontra a 15,550 pés de altitude (4.739 metros), conforme o sinal de GPS, e uma velocidade de 142 nós (263 km/h). A aeronave da companhia boliviana LaMia que levava o time do Chapecoense, matrícula CP-2933, decolou de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e seguia para Medellín, na Colômbia
O avião tinha 17 anos e 8 meses de uso e pertencia a uma empresa venezuelana que operava na Bolívia. O acidente ocorreu na Serra El Gordo, zona rural do municipio de La Unión, em Antioquia. O local fica a 2.500 metros de altitude.
O chefe da Aviação Civil da Colômbia, Alfredo Bocanegra, afirmou que o piloto do avião do Chapecoense pediu para pousar em Rionegro durante o trajeto, e que reportou ao controle de tráfego aéreo de Rionegro que tinha "falhas elétricas graves e pedindo para realizar o pouso de emergência, segundo disse ele à Radio Caracol. O avião foi localizado, no solo após o acidente, sem combusível.
"O piloto reportou falhas elétricas graves à torre de controle do Aeroporto em Santa Cruz de La Sierra na Bolívia. A última comunicação com a torre de controle do aeroporto de Rionegro foi quando se deu a autorização para pousar", disse ele. O G1 apurou com autoridades militares brasileiras na Colômbia que o avião caiu quando se preparava para o pouso, a 30 km da pista de Rionegro.
Especialistas em aviação apontam que as voltas dadas pela aeronave no ar mostrariam que o piloto iniciava uma preparação para o pouso, ou esperava a preparação do aeroporto para receber a aeronave. Ele também poderia ter usado o tempo das duas órbitas no ar para pensar sobre o que poderia fazer sobre a situação.
Os gravadores de voz e de dados do avião, chamados de caixa-pretas, poderão conter informações que auxiliarão na investigação, quando forem encontrados.
“Ele pode ter feito as voltas para gastar combustível no ar, preparando-se para o pouso. Se ele reportou pane elétrica, tem que ver o que deteriorou a situação, as condições do aeroporto para receber a aeronave, se opera a aproximação por radar e como ele pretendia pousar”, afirma o coronel Luis Claudio Lupoli, ex-investigador da Força Aérea Brasileira (FAB) e que atuou, inclusive, na queda do Airbus da Air France no Oceano Atlântico em 2009, deixando 228 mortos.
As autoridades aeronáuticas colombianas informaram que chovia e o tempo era encoberto por neblina no momento da queda.
A aeronave, fabricada pela British Aerospace em parceria com a BAE Systems e a Avro International, tinha originalmente o nome British Aerospace 146 (BAe 146) e sofreu aperfeiçoamentos para se passar a chamar AR a partir de 1992. Este modelo que caiu deixou de ser produzido em 2001.
O avião que caiu com o time do Chapecoense tinha 17 anos e 8 meses em uso.
Conforme o NTSB, houve dois casos de incidentes de pequeno porte envolvendo o BA-145, registrados em 2005 e em 20213. O primeiro deles foi registrado em outubro de 2005 na cidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, quando a aeronave pousava, houve problemas na pressão hidráulica, que levaram à entrada da pressão na cabine de comando e dentre os passageiros. Passageiros e tripulantes foram evacuados com poucos danos. O relatório final de investigação entendeu que havia um defeito de fabricação que resultou em fadiga no sistema de pressão hidráulica.
O avião que caiu na Colômbia tinha quatro turbinas de grande porte, produzida pela Textron Lycoming ALF 502R-5, e teve originalmente uso militar. Sempre há dois pilotos a bordo.
Em nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) está à disposição para contribuir com a autoridade colombiana de investigação.
O governo brasileiro também decretou luto oficial pela morte dos jogadores do Chapecoense e jornalistas que estavam a bordo cobrindo este evento e a FAB colocou dois aeronaves à disposição para participar do resgate e translado das vítimas brasileiras para o Brasil e familiares dos mortos.
Veja a nota do ministério da Defesa sobre o acidente:
"O Ministério da Defesa e o Comando da Aeronáutica lamentam o acidente ocorrido nesta terça-feira (29/11) com a aeronave de matrícula CP2933, da empresa LaMia, que conduzia a delegação da Associação Chapecoense de Futebol, jornalistas brasileiros e cidadãos de Chapecó, no trecho Santa Cruz de La Sierra – Medellín.
Informamos que duas aeronaves C-130 Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) e uma equipe de profissionais especializados em resgate, do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (PARA-SAR), estão de prontidão para auxiliar no resgate e traslado dos brasileiros vítimas do acidente. Também foram disponibilizadas duas aeronaves para transportar familiares das vítimas e equipes de militares.
Além disso, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) está à disposição para contribuir com a autoridade colombiana de investigação."
Fonte: G1