O elixir da juventude pode estar no sangue. Pesquisas feitas nas Universidades de Harvard e de Stanford (ambas nos EUA) estudaram o sangue dos ratos para descobrir o processo de rejuvenescimento.
Os cientistas usaram uma técnica em que o corpo de um rato idoso e de um rato jovem foram conectados, literalmente unidos pela pele, para fazer com que o sangue de um animal circulasse pelo corpo do outro.
Após um período "grudados", os ratos foram separados para os cientistas analisarem quais eram as mudanças causadas pelo experimento. Acontece que os órgãos do animal idoso rejuvenesceram e o rato teve melhora no fluxo sanguíneo do cérebro, na cicatrização, no olfato, na geração de novos neurônios, na performance em exercícios, na cognição e até na memória.
Os resultados fizeram os pesquisadores descobrirem que a responsável pelos benefícios estava no plasma do sangue, uma proteína chamada GDF 11, que ajudou o cérebro e outros órgãos, incluindo o fígado, o coração e os músculos.
Com ratos funciona, mas e com humanos?
Após a publicação dos artigos, Sakura Minami, pesquisadora da empresa Alkahest, que trabalha com terapias derivadas do sangue para melhorar a saúde na velhice, questionou se o plasma de jovens humanos traria o mesmo benefício.
Para descobrir, Minami e sua equipe injetaram amostras de sangue de pessoas com 18 anos em ratos idosos. Os animais receberam duas vezes por semana as injeções de plasma humano e após três semanas foram submetidos a uma série de testes.
E o sangue humano também rejuvenesceu! Os ratos tratados correram como ratos jovens e testes em labirintos provaram que a memória também melhorou.
"O plasma humano melhora a cognição dos ratos e preserva a memória", afirmou Minami, que apresentou o trabalho em uma reunião anual da Society for Neurosciencie em San Diego, na Califórnia (EUA). "O tratamento pode aumentar o nascimento de novos neurônios, processo importante para memória e aprendizagem".
A empresa Alkahest se concentra em tentar traduzir os resultados nos ratos para um tratamento em pessoas, para evitar os efeitos de envelhecimento no cérebro. Testes de sangue jovem em pessoas com Alzheimer já foram iniciados.
Achamos a fonte da juventude?
Enquanto as descobertas soam promissoras, um estudo publicado na Nature Communications, nesta terça-feira (22) afirma que não é bem assim. De acordo com pesquisas feitas na Universidade de Berkeley, na Califórnia, o sangue jovem por si só não funcionará como um medicamento eficaz.
O estudo fez pequenas transfusões de sangue entre dois ratos, um idoso e um jovem, até que cada animal tivesse 50% de sangue jovem e 50% de sangue idoso sem precisar costurar um no outro. A técnica permitiu que os cientistas controlassem com maior precisão as respostas no corpo do idoso.
O rato idoso teve ligeiras melhorias. Já o rato novo com "sangue velho" teve piora no desempenho da maioria dos órgãos. Na produção de novos neurônios, por exemplo, o rato velho não mostrou nenhuma melhoria ao receber sangue novo, mas o rato jovem que recebeu sangue idoso tive uma queda duas vezes maior que o normal no desenvolvimento de células cerebrais.
"Está mais correto falar que existem substâncias no sangue idoso que levam ao envelhecimento do que dizer que o sangue jovem rejuvenesce", afirmou Irina Conboy, professora associada ao Departamento de Bioengenharia de Berkeley.
"O sangue jovem não melhora a produção de células em idosos, é o sangue mais antigo que contém inibidores de saúde das células cerebrais. Precisamos identificar quais são esses inibidores e removê-los dos idosos, se realmente quisermos ajudar na memória. Sangue jovem não será a resposta".
Fonte: UOL