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Médicos cumprem menos da metade do horário de atendimento

Auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) aponta que mais da metade dos médicos na rede pública de saúde não cumpre seus horários de atendimentos, e as áreas de atenção básica são as mais afetadas. Balanço divulgado nesta quarta-feira (16) mostra que em 51% das inspeções realizadas não havia médico disponível nos postos de saúde em Cuiabá. Duas unidades foram visitadas em dias e horários diferentes e em nenhum momento foi encontrado o médico escalado para o plantão.

Segundo o TCE, foi inspecionada a disponibilidade de médicos lotados na atenção básica, policlínicas e Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Foram visitadas 47 unidades de atenção básica (Centros de saúde, Unidade de Saúde da Família e Unidade Básica de Saúde) em 54 visitas, entre 8h e 11h e entre 14h e 17h. Na atenção secundária foram inspecionadas quatro policlínicas e duas UPAs. As policlínicas do Planalto e Verdão e UPA Morada do Ouro foram visitadas no período noturno.

Segundo os auditores Luiz Eduardo da Silva Oliveira e Lidiane Anjos Bortoluzzi, as ausências dos médicos ocorrem pela ineficiência no controle de frequência dos profissionais de saúde e fragilidade dos mecanismos de controle de jornada de trabalho; não publicidade das escalas médicas, insuficiência das fiscalizações realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá; e a percepção negativa dos médicos acerca da segurança, infraestrutura e remuneração.

Foi registrado ainda que cinco médicos lotados em centros de saúde que estavam ausentes na data da visita dos auditores, mas assinaram a folha de frequência. Outros oito médicos lotados em Unidades de Saúde da Família (USF) que estavam ausentes na data da visita da equipe também assinaram a folha de frequência. Em 2015, a Corregedoria-Geral do Município apontou irregularidades em relação à assinatura da folha de frequência em 94,73% do total de unidades avaliadas em correição extraordinária. Foram constatadas irregularidades em relação a 52 médicos na Atenção Básica.

Os trabalhos foram realizados pela Secretaria de Controle Externo de Auditorias Operacionais do TCE.

Prejuízos financeiros

Ainda conforme o TCE, uma análise financeira dos dados da auditoria de acordo com a carga horária contratada (620 horas semanais), a carga horária efetivamente cumprida foi de 269,50 horas (43,47% do total). O pagamento por horas não trabalhadas, por semana, é de R$ 35.014,93. "Considerando que essa situação tenha se repetido por 12 meses, a estimativa de prejuízo ao erário foi de R$ 1.680.716,64", informou o auditor Luiz Eduardo.

Também foi constatado que em 71% das unidades da atenção básica visitadas a escala médica não estava disponível para visualização dos usuários. Em menos de 30% das unidades que publicavam a escala médica, as informações condiziam com a realidade.

Foram realizadas entrevistas estruturadas com os profissionais médicos e coordenadores das unidades de saúde visitadas e consultadas as seguintes instituições e entidades: Ministério Público do Estado de Mato Grosso, Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso, Corregedoria-Geral do Município, Ouvidoria do SUS em Cuiabá, Sindicato dos Médicos de Mato Grosso e Conselho Regional de Medicina (CRM).

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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