Cidades

Uber inicia cadastro de motoristas em Cuiabá e Várzea Grande

Motoristas de Cuiabá e Várzea Grande já podem se cadastrar na plataforma Uber, que faz ligação entre motoristas e passageiros e a plataforma para os passageiros deverá ser disponibilizada a partir da segunda semana do mês de dezembro.

O motorista e suporte da Uber no Rio de Janeiro, Diego Viana, 30, veio para Cuiabá para realizar o cadastramento de motoristas na capital mato-grossense.  Segundo ele, mais de 50 motoristas já estão pré-cadastrados na plataforma e até a disponibilização para os usuários ele espera que mais 250 motoristas realizem o registro.

Ele explica que para se cadastrar os motoristas devem ter carteira de habilitação, com a observação de que exerce a profissão de motorista, possuir um carro de ano a partir de 2008, quatro portas e com ar condicionado.  Os motoristas podem se cadastrar diretamente  no site da empresa ou através de outro motorista Uber.

Antes de disponibilizar o serviço, ele explica que será realizada uma palestra para treinamento dos motoristas.  “Para garantir essa qualidade e explicar como funciona o aplicativo, a gente vai fazer esse treinamento para os condutores. Eu vou fazer a orientação de como funciona o aplicativo, como é feito o pagamento e como iniciar uma corrida. Os motoristas são avaliados pelos passageiros e se essa avaliação for baixa ele poderá ser excluído da plataforma”, explicou.

Diego Viana explicou também que a empresa pede certidões que comprovem que o motorista não possui nenhuma passagem pela polícia. Viana disse que ainda existe certo receio por parte dos motoristas para realizarem o cadastro. “Está tendo um pouco de receio por falta de conhecimento de como funciona o serviço. Porém, eu creio que nas primeiras semanas quando o serviço for implantando, com a sociedade totalmente a favor da livre concorrência, vendo o serviço bem prestado, irá ter um interesse maior pelo serviço”.

Segundo Viana, que há três anos trabalha como parceiro da empresa, a demora do aplicativo em ser disponibilizado ao usuário final se deve à política da empresa, em disponibilizar apenas quando tiver um número suficiente de motoristas que conseguiria atender a demanda da cidade.

Diego também explicou que, no momento, apenas Cuiabá e Várzea Grande serão contemplados pelo serviço, mas existe a possibilidade, por exemplo, de ‘contratar’ o serviço para ir de Cuiabá a Sinop, mas não o contrário. Até o meio deste ano, o pagamento era feito exclusivamente via cartão de crédito, mas hoje já é possível fazer o pagamento em dinheiro. 

Opiniões divididas em Mato Grosso 

O aplicativo Uber, serviço de transporte individual de passageiros que vem sendo usado em várias cidades brasileiras, divide opiniões em Cuiabá. O assunto tem sido tema de debate nas últimas semanas e matéria em pauta na Câmara Municipal.

O vereador eleito Diego Guimarães (PP) disse que o aplicativo Uber poderá ser instalado em Cuiabá a qualquer momento, sem necessidade de discussão por parte do Poder Público. De acordo com ele, os vereadores terão papel somente de regulamentar o serviço, para que gere receita ao município.

Afirmação do pepista é baseada em um parecer do professor de Direito Constitucional, Daniel Sarmento, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com o estudo de Sarmento, a atividade do Uber se enquadra no setor de transporte privado de passageiros, que não é privativa dos motoristas de táxi. 

“Cuiabá só terá a ganhar com o Uber, pois além de ter um serviço que usa carros de luxo, facilita o pagamento diretamente no cartão de crédito e, inclusive, apresenta a rota e o valor estimado para o trajeto quando da solicitação do serviço, vai obrigar uma melhoria nos serviços de taxi em Cuiabá e gerará receita ao município”, finalizou ele.

Gilberto Figueiredo ex-secretário municipal de Educação e vereador eleito de Cuiabá pelo PSB, diz que não há dúvidas de que cabe à Câmara Municipal de Cuiabá promover espaços de amplo e democrático debate sobre o assunto e proporcionar a elaboração de um estudo que oriente a cidade na adoção ou não dessa modalidade de transporte.

“É chegada a hora de enfrentar o assunto – sem medos e sem lados – sob a pena de termos um serviço implantado de forma irregular, de termos profissionais que atuam de forma legal insatisfeitos e de presenciarmos situações de hostilidade e agressões”.

Em agosto passado, o vereador Dilemário Alencar (PTB) apresentou projeto de lei proibindo o aplicativo Uber, em atendimento à reinvindicação de representantes dos taxistas. Na opinião do vereador,  é preciso que exista uma lei que proíba todos os meios que usam veículos de forma clandestina para o transporte alternativo de passageiros.

“Isto configura concorrência desleal com os taxistas, pois a Uber não paga impostos, enquanto os motoristas de táxi precisam desembolsar com taxas para obter a sua licença junto à prefeitura e recolher tributos para exercer a sua profissão”.

“Estão tentando nos tirar um direito legal”

Adailton Lutez Bispo, presidente do sindicato dos taxistas (Sintac), que atualmente representa 604 motoristas em Cuiabá, reclama do Uber: “Estamos vivendo um momento de impasse, pois, estão tentando nos tirar um direito legal. Somos uma categoria que presta um serviço e pagamos impostos para isso”.

Na visão do líder sindical, o Uber é uma empresa de tecnologia e aplicativos que funciona com carros particulares, não tem registro na cidade, não possui cadastro imobiliário e nem inscrição estadual ou municipal. “Isso banalizaria o serviço, acabando por permitir a qualquer pessoa utilizar seu carro para o transporte individual ou coletivo”, acrescenta.

O representante da Associação dos Permissionários de Taxi – Aspertaxi solicitou que a Casa de Lei aprove um projeto de lei que proíba a atuação do aplicativo na cidade, estabelecendo multas e penalidades a seus infratores. Na semana passada, o Executivo havia encaminhado a sua Procuradoria um projeto versando sobre o tema.

Fim da “máfia dos taxis”

O deputado federal Fábio Garcia (PSB), membro titular da comissão especial montada na Câmara Federal para discutir no País todo a questão do Uber, afirmou em um grupo de WhatsApp acreditar que será um retrocesso impedir o Uber. “Até o momento, o serviço é prático, bom e de boa qualidade. Temos que regulamentá-lo, com certeza, mas não a ponto de burocratizar demais, encarecer e inviabilizar”.

Fábio Garcia foi mais longe ao defender o que chamou de “máfia dos táxis”. “Poucos  detêm os espaços e cobram muito para que o taxista possa trabalhar. Temos que desburocratizar, facilitar e baratear o trabalho dos taxistas para que eles possam ter condições de competir com o Uber”, observou.

Felipe Leonel

About Author

Você também pode se interessar

Cidades

Fifa confirma e Valcke não vem ao Brasil no dia 12

 Na visita, Valcke iria a três estádios da Copa: Arena Pernambuco, na segunda-feira, Estádio Nacional Mané Garrincha, na terça, e
Cidades

Brasileiros usam 15 bi de sacolas plásticas por ano

Dar uma destinação adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido prioridade em muitos países.