Cidades

Vigilante pega 20 anos de prisão por morte de assessora

Assessora parlamentar Ana Maria Victor Duarte foi morta em Goiânia (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)

O vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 28 anos, apontado como o serial killer de Goiânia, foi condenado a 20 anos de prisão pela morte da assessora parlamentar Ana Maria Victor Duarte, de 26 anos. A jovem foi baleada quando estava em frente a uma lanchonete, na capital, em março de 2014. Após a leitura da sentença, a defesa do vigilante disse que vai recorrer.

Esse foi o 19º júri popular enfrentado por Tiago Henrique, que responde por mais de 30 mortes. Ele já foi condenado por 18 homicídios e absolvido em apenas um dos casos.

A sessão desta manhã foi realizada no 1º Tribunal do Júri de Goiânia e foi presidida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara. Na época em que o réu foi mandado a júri popular, no dia 16 de setembro do ano passado, a defesa entrou com um recurso para evitar o julgamento. Porém, ele foi negado e o júri foi mantido.

Ana Maria foi morta no dia 14 de março de 2014 em frente a uma lanchonete do Setor Bela Vista, região sul da capital. De acordo com a Polícia Militar, ela estava na companhia do noivo e de uma amiga em frente quando um homem deu voz de assalto. Ele pediu o celular do homem, que entregou.  Depois, pediu o da vítima, mas ela disse que não estava com ele.

Logo em seguida, a mulher foi baleada. O suspeito fugiu sem levar nada. A Polícia Civil chegou a divulgar um retrato falado do suspeito e a informar que ele seguiu a assessora da residência dela até a lanchonete.

Durante o júri popular, Tiago Henrique foi interrogado pelo juiz. Ao ser questionado sobre a morte de Ana Maria, ele apenas disse: “Sinto muito”. Depois, ele respondeu a uma pergunta dos jurados e disse que não tem mais o desejo de matar que sentia antes de ser preso.

Acusação e defesa
O promotor de Justiça João Teles de Moura Neto começou a acusação relembrando o aumento de homicídios registrados em Goiânia no ano de 2014. "Vivia-se um drama na cidade, um medo do motoqueiro que matava mulheres. Até que a testemunha que aqui esteve ajudou a polícia no retrato falado deste réu e, algum tempo depois, a polícia o prendeu", afirmou.

Sobre a morte de Ana Maria, Neto destacou que o vigilante simulou um assalto para satisfazer o desejo de matar. "Ele [Tiago Henrique] simulou um assalto e, neste simulacro, exigiu os celulares, chegou a revistar o namorado da vítima. O interesse dele não era roubar, ele estava ali para matar. Para aliviar um sentimento bestial, e ele, de inopino, sacou a arma e atirou a região torácica da Ana Maria", disse o promotor.

O promotor seguiu sua exposição defendendo a tese de que Tiago Henrique tinha plena consciência de seus atos. "Ele foi examinado por psiquiatras, que colocaram o estetoscópio no intelecto e no espírito deste rapaz. O laudo é claro: ele não é portador de nenhuma doença mental. Os psiquiatras entenderam que ele não é portador de perturbação da saúde mental. Concluíram que ele tem plena, total, absoluta noção do caráter ilícito do que praticava. Ele sabia que estava matando Ana Maria e que aquilo era crime", afirmou.

Logo depois o defensor Jaime Borges iniciou a defesa: "Tiago pode ter praticado vários crimes, mas é uma pessoa. E o processo penal também gera dor. Temos o dever de fazer uma defesa técnica e científica. Tiago matou Ana Maria, não vamos questionar a autoria, pois não há dúvidas. Há um laudo pericial dizendo que Tiago é imputável, além disso tem autodeterminação. Contudo, vamos defender a semi-imputabilidade com base na ciência", afirma o defensor público Jaime Borges.

A defesa alegou que o vigilante Tiago Henrique sofre de incapacidade de aprender com a experiência, incapacidade de incorporar os valores positivos do meio e incapacidade de integrar grupos ou relacionamentos. "Há a delinquência de caráter por má constituição. A pessoa não foi influenciada a praticar os crimes pelo ambiente, mas devido a uma ma constituição do caráter. Que é o caso de pessoas com esse desvio de personalidade", disse o defensor.

Jaime Borges também questionou o laudo médico que afirma que o réu tinha consciência dos seus atos. "A psiquiatria e a psicologia não são unânimes sobre o assunto. Não se pode afirmar que o psicopata é imputável. Há divergência. Talvez, se outros peritos tivessem analisado Tiago, teriam chegado a outra conclusão. Há divergências e, ao contrário do que disse o promotor, não houve várias sessões em que Tiago foi habilitado. Houve apenas uma, no que diz respeito ao laudo elaborado pelos psiquiatras", disse.

O defensor Jaime Borges concluiu suas falas defendendo a exclusão da qualificadora de motivo torpe do crime pelo qual o réu é acusado. "Ele matava a esmo, sem motivo específico, não era torpeza, mas ausência do motivo", sustentou.

Testemunhas
Nenhum parente de Ana Maria compareceu ao julgamento. No entanto, foram ouvidas duas testemunhas de acusação: o noivo da vítima, Maxuel Duarte, e uma amiga da jovem, Ana Carolina Rosa Godinho. Os dois estavam presentes no momento do crime.

O primeiro foi Maxuel Duarte, que manteve um relacionamento com a vítima por 5 anos. Ele disse não ter dúvidas de que Tiago Henrique é o autor do crime. "Ele estava calmo no momento. Pediu o celular dela, ela disse que não estava com celular. Ele balançou a cabeça e disse 'passa tudo'. Depois deu dois tiros, o primeiro não acertou e o segundo a atingiu", contou.

Depois foi ouvida Ana Caroline, que contou que o crime foi rápido e que não se lembra da feição de Tiago Henrique. "Cinco minutos após nosso lanche chegar na mesa ele chegou e abordou o Max [noivo da vítima], que passou o celular e a carteira pra ele. A Ana Maria estava de boca cheia e a princípio não disse nada. Ele logo atirou contra ela. Na hora de ir embora ele deu uma olhada para trás, meio que para comprovar que ela havia morrido", disse a testemunha, que conhecia a vítima desde que elas tinham 5 anos de idade.

Maxuel e Ana Caroline não quiseram falar com a imprensa nesta segunda-feira.

Condenações
Preso desde outubro de 2014, Tiago Henrique ficou conhecido como o serial killer de Goiânia por ser apontado como responsável por mais de 30 assassinatos. No último dia 18 de outubro, ele teve sua 17ª condenação por homicídio. Agora, obteve a 18ª condenação.

O vigilante também já foi condenado pela Justiça a 12 anos e 4 meses de prisão em regime fechado por ter assaltado duas vezes a mesma agência lotérica do Setor Central, na capital goiana.

No último dia 26 de outubro o vigilante foi absolvido pela primeira vez. Ele era acusado de matar Edimila Ferreira Borges, de 18 anos. De acordo com a sentença, o próprio Ministério Público requereu a absolvição dele alegando falta de provas que comprovassem que Tiago fosse o autor do crime.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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