Foto Reprodução
O investimento estrangeiro em projetos de infraestrutura no Brasil vem encolhendo e passaram a representar uma fatia minoritária do total dos projetos de infraestrutura anunciados no país, segundo estudo da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), a partir de dados do Banco Mundial e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Segundo o levantamento, apenas 29% dos investimentos em projetos de infraestrutura anunciados desde 2014 foram realizados por empresas de capital estrangeiro. Em 2011, a participação foi de 55% e, em 2013, chegou a 68%.
"O investimento direto em infraestrutura vem caindo nos países emergentes, em especial na América Latina", afirma Luis Afonso Lima, presidente da Sobeet, citando o ambiente de recessão e as atraentes taxas de juros brasileiras como um obstáculo adicional para o ingresso de capital externo com foco em projetos de longo prazo.
De acordo com dados do Banco Mundial, os investimentos estrangeiros encolheram 44% entre os anos de 2012 e 2015. Na América Latina, a queda foi ainda mais intensa, de 58% – de um total de US$ 94 bilhões em 2014 para US$ 40 bilhões em 2015.
Em 2012, o Brasil chegou a ser o 4º país que mais recebeu ingresso de investimento estrangeiro no mundo.
Desafio para pacote de concessões
Para a Sobeet, o encolhimento do fluxo de capital externo torna ainda mais desafiador o cenário de atração de investidores estrangeiros para o pacote de concessões e privatizações anunciado pelo governo – uma das principais apostas do governo Michel Temer para acelerar os investimentos e conseguir retomar a atividade econômica em 2017.
A meta do governo é arrecadar R$ 24 bilhões com concessões apenas em 2017. A previsão é que parte desses projetos sejam leiloados no ano que vem e, outra parte, no primeiro semestre de 2018. Dos 34 projetos incluídos no pacote, 15 são da área de eletricidade (distribuidoras e hidrelétricas), óleo, gás e mineração.
Apesar do esforço do governo em tornar os projetos mais atrativos, a avaliação da Sobeet é será necessário não só convencer os investidores estrangeiros a apostarem em projetos de longo prazo no país como também conseguir atrair novos investidores.
“Terão que ser novos investidores, uma vez que a maior parte das empresas de capital estrangeiro instaladas no país não têm como principal atividade os setores dos projetos incluídos no pacote", explica Lima.
Setores com maior participação de estrangeiros
Segundo a Sobeet, os estrangeiros parecem mais propensos a participar de projetos nos setores rodovias de transporte rodoviário, energia elétrica e aeroportos, em detrimento dos setores de ferrovias, portos e água e esgoto.
No Brasil, 63% dos investimentos estrangeiros feitos desde 2014 se concentraram no setor de telecomunicações, 33% foram feitos no setor de transporte aéreo, 2% em transporte terrestre e 2% em transporte aquaviário.
A busca por uma maior participação de estrangeiros nas concessões também acontece em razão do efeito Lava Jato. "Temos que aumentar essa participação, porque os principais candidatos a investidores brasileiros, as empreiteiras, estão estranguladas ou paralisadas", lembra Lima.
"Uma saída é associar o capital estrangeiro ao brasileiro, com alguém que já seja do ramo e que já esteja instalado no país. Mas vamos ter que remar um pouco contra a maré, fazer um esforço extra para atrair esses capitais, uma vez que o momento não é muito favorável", conclui.
Fonte: G1