Economia

Expectativa de inflação para 2018 já ronda os 4,5%, diz presidente do BC

Foto Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, enumerou nesta quinta-feira (3), durante eventos realizados em São Paulo (SP), o que ele classificou de "desafios" para a retomada do crescimento da economia brasileira, que, em sua visão, vive a "mais severa recessão de sua história".

Para ele, o mercado de trabalho permanece fraco (desemprego e salários), é urgente reconquistar a confiança de investidores e consumidores para fomentar o crescimento e o Brasil deve aprovar e implementar a agenda de reformas proposta pelo governo para reduzir as incertezas e reforçar os fundamentos.

Segundo Goldfajn, o crescimento sustentável e a inflação baixa e estável "são os frutos a serem colhidos".

Desde o início de outubro, vêm piorando as expectativas do mercado financeiro para a retração da economia brasileira neste ano e para a expansão esperada para 2017. No início de outubro, o mercado estimava uma retração de 3,13% para o PIB de 2016 e uma alta de 1,3% para 2017. Na semana passada, já previa um tombo de 3,3% para este ano e uma expansão menor, de 1,21%, para o ano que vem.

Apesar de ter citado fatores que são considerados "desafios" para a retomada do crescimento da economia brasileira, Goldfajn também falou sobre "sinais de estabilização econômica": a economia apresenta sinais de estabilização após seis trimestres consecutivos de retração; os índices de confiança estão em alta; possível recuperação nos próximos trimestres; ociosidade presente na economia e processo desinflacionário em curso.

Inflação

Em São Paulo, Goldfajn também falou sobre a inflação e citou fatores favoráveis e contrários ao processo de controle de preços na economia brasileira. Após somar mais de 10% em 2015, ele observou que as estimativas de inflação do mercado para este ano estão "em torno" de 7% e, para 2017, ao redor de 5%.

"As expectativas para 2018 e horizontes mais distantes já se encontram em torno de 4,5%", afirmou.

No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação e o Banco Central tem de fixar a taxa básica de juros – atualmente em 14% ao ano – para atingir essas metas pré-estabelecidas. Para 2016, 2017 e 2018, a meta central é de inflação em 4,5%. Entretanto, o sistema prevê um piso e um teto, que é de inflação em 6,5%, em 2016, e em 6% em 2017 e 2018.

 O presidente do Banco Central apontou que o processo de aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia é longo e envolve incertezas. E que o longo período com inflação alta no país, com expectativas acima da meta, ainda pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação. De acordo com ele, esses fatores são contrários ao controle da inflação.

Goldfajn acrescentou que há "sinais de pausa recente" no processo de desinflação dos componentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – a inflação oficial) mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, o que pode sinalizar convergência mais lenta da inflação à meta.

Entre os fatores que favorecem o controle da inflação, ele citou que a alta dos preços "mostrou-se mais favorável no curto prazo, o que pode sinalizar menor persistência no processo inflacionário". Disse ainda que o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Banco Central; e que os primeiros passos no processo de ajuste necessário na economia foram positivos, o que pode sinalizar aprovação e implementação mais céleres (referindo-se à aprovação, pela Câmara, da PEC do teto de gastos públicos).

Política de juros

Sobre a política de juros, Goldfajn repetiu análises divulgadas anteriormente pela autoridade monetária. Segundo ele, a convergência da inflação para a meta, em 2017 e 2018 (de 4,5%), é compatível com uma flexibilização (corte de juros) moderada e gradual das condições monetárias.

"O Banco Central avaliará o ritmo e a magnitude da flexibilização monetária ao longo do tempo, de modo a garantir a convergência da inflação para a meta de 4,5%", acrescentou.

Ele disse também que a magnitude do processo de corte de juros e uma possível "intensificação do seu ritmo" dependerão de evolução favorável de fatores que permitam maior confiança no alcance das metas para a inflação no horizonte relevante, que inclui os anos-calendário de 2017 e 2018.

Ainda de acordo com Goldfajn, Banco Central está "comprometido" em levar a inflação de volta para a meta e mantê-la estável. "Isso ajudará a economia a recuperar a confiança e o crescimento", concluiu.

Fonte: G1

Redação

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