Após incertezas em relação à perspectiva de escassez de chuvas em setembro e outubro, o clima tem dado o suporte necessário para a desejada antecipação das atividades de semeadura no campo. No Brasil, o plantio chega a 29,8% da área prevista para a Safra 2016/17, nível alcançado em anos anteriores apenas na primeira quinzena de novembro.
“Com o alto preço do milho no mercado doméstico, há um grande incentivo para a ampliação do plantio do cereal na segunda safra. Nesse sentido, o primeiro objetivo de grande parte dos produtores de grãos para a safra 2016/17 passou a ser antecipar o máximo possível a semeadura de soja para possibilitar a ampliação da área de safrinha de milho”, explica o Diretor de Inteligência de Mercado da INTL FCStone, Thadeu Silva.
O plantio da oleaginosa no Mato Grosso mostra uma antecipação inédita. A área plantada está em 42,27%, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA). “Esse nível foi atingido em anos anteriores de duas a quatro semanas mais tarde a depender da região do Estado. Uma questão chave a ser analisada agora é a intenção de plantio na safrinha, já que fica claro que a área de milho no Estado atingirá um recorde expressivo”, avalia o diretor Silva.
Ainda segundo pesquisa realizada pela INTL FCStone, relatos indicam que as lavouras estão em ótimas condições, com muitas áreas já germinadas e em desenvolvimento vegetativo. Muitos produtores declaram intenção de fazer perto de 100% de área para a segunda safra de milho, e a aquisição de insumos deve ganhar força nas próximas semanas.
Destaca-se que, para a maioria das regiões de Mato Grosso, o ideal é plantar o cereal até meados de fevereiro. Calculando um ciclo de 105 a 120 dias da soja, essa condição só é possível caso a oleaginosa seja semeada até a primeira semana de novembro. “Nesse sentido, o atual nível de plantio já garante uma repetição da safrinha passada e, em duas semanas, poderemos ver qual será a área potencial para a safra 2016/17”, ressalta Thadeu Silva.
A antecipação do plantio de soja também deve trazer importantes mudanças para a sazonalidade das exportações, que tendem a atingir o pico já em fevereiro. Segundo avaliação da INTL FCStone, dificilmente as exportações Mato-grossenses não superarão os 2 milhões de toneladas no segundo mês de 2017. Pelo menos 25% da soja do estado deve ser colhida até o final de janeiro, contra valores ao redor de 10% em anos anteriores. Além do produto chegar antes ao mercado, há elevada ociosidade da estrutura portuária e logística, que foi recentemente ampliada e sofre com a escassez de milho no mercado doméstico, mas estará totalmente liberada para os embarques da oleaginosa.
Últimos dias
Na última semana houve uma pequena redução no ritmo. A principal justificativa se deu pelo recuo no volume de chuva na maioria das regiões. As previsões climáticas indicam, no entanto, aumento das chuvas nas próximas semanas. Caso isso se confirme, o ritmo dos trabalhos poderá se intensificar. (Com Assessoria)
