Política

Cursi: Se existe uma organização criminosa ela está sendo liderada por Nadaf

Por: Cátia Alves e Valquíria Castil 

O ex-secretário de Estado de Fazenda, Marcel De Cursi, faz um novo depoimento nesta terça-feira (25). O pedido do novo interrogatório partiu das defesas do próprio Marcel, do ex-governador Silval da Cunha Barbosa (PMDB) e do ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Cézar Correa Araújo, que já prestou seu depoimento na última sexta-feira (21). De Cursi chegou ao Fórum de Cuiabá com farta documentação e afirmando que rebater as acusações de Pedro Nadaf, ex-secretário de Estado e que também está preso.

Todos são réus na operação Sodoma e são investigados por participarem de uma organização criminosa supostamente liderada por Silval. Dos três que pediram o reinterrogatório que foi aceito pela juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal, só foi ouvido Silvio Correa, Silval será o último a ser ouvido, no dia 4 de novembro.

Silvio que está preso há mais de sete meses é acusado de envolvimento em crimes supostamente praticados na gestão do ex-governador, período em que era um dos seus principais assessores. No interrogatório, era esperado que ele desse o ponta pé inicial ao confessar crimes que cometeu ou ainda entregar o “ex-chefe”, entretanto Silvio se manteve alheio a essas acusações.

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10h15 – Marcel chegou ao Fórum da Capital e conversa em particular com um de seus advogados. Com 45 minutos de atraso a audiência começa.

10h20 – A juíza Selma Arruda abre espaço para que o ex-secretário explane qual o assunto que pretende esclarecer. Diz que a partir do depoimento de Nadaf e documentos que ele juntou, pretende dar novas declarações.

Um ponto importante da peça acusatória que o Ministério Público Estadual faz é de um suposto termo de renúncia ao crédito, apoiando declarações de João Rosa. "Nadaf afirmou em seu depoimento que esse termo de renúncia nunca existiu e ele (Nadaf) orientou João Rosa a fazer isso. (,,,)” Eu nunca redigi termo, nunca escrevi termo e nunca trouxe termo à vida”. Documentos oficias da Sefaz atestam a inexistência desse termo. Não está registrado nenhum termo de renúncia, Também, nunca existiu bloqueio de créditos. Nadaf também confirmou “Quero destacar uma intervenção do MPE que reconhece que o crédito era compensado".

10h30 O MPE manifestou um manuscrito que teria sido redigido por Marcel. Ele identificou que o manuscrito diz respeito a três processos que tramitavam na Sefaz, que não têm relação ao Prodeic.

"João Rosa preencheu apenas uma parte de requerimento, não constando fato. Existem 100 requerimentos de Rosa na Sefaz. (…) Em razão disso, foi preciso o manuscrito para que o agente fiscal identificasse qual pedido era esse que ele queria", explica o ex-secretário.

10h36 – Marcel ressalta que "João Rosa não tem créditos e sim débitos". Ao qual João rosa montou um centro de distribuição que era pra ser em Mato Grosso, mas fica em São Paulo. E por conta de ter usado um crédito de um fundo ao qual não consegue provar, foi lançado um débito no nome dele, segundo Marcel, o processo corre até hoje.
 
10h43 – Marcel cita o nome de Noemio que não foi ouvido em nenhuma fase de investigação, que teria incluído um contrato social com datas divergentes. Em dezembro de 2011 ele assinou um documento de 2012. "Ele fez uma viagem pro futuro".
 
"Como pode fazer isso, um documento que foi assinado em 2011 e o documento ser de 2012?" , questiona Marcel. Segundo ele é preciso 'descobrir a verdade nesse caminhão de mentiras que as pessoas estão contando'. 
 
10h51 – Em sua desefa, Marcel diz que "O sr. João Rosa sabia e concordou em pagar uma dívida. Sabia que tinha que renunciar ao crédito e que Nadaf disse a João que deveria renunciar ". Marcel afirma que não tem dúvidas que os documentos foram plantados. Segundo ele, por funcionários de João Rosa. No período em que o documento foi assinado, os cheques já teria sido descontados. Marcel refuta a tese de que José Rosa seja o mentor. 
 
11h09 – “A orientação ao João Rosa de como proceder e anunciar os créditos. A alteração do decreto que foi feito pelo senhor Pedro Nadaf que esteve aqui com o Suélio confirmando isso, como eu sou o mentor? Esta mais do que evidente que todos os gastos foram idealizados, executados, coordenados, promovidos a mando do senhor Pedro Nadaf e eu estou sendo acusado de ser o mentor". 

"Isso é impossível. Eu não fiz nada. Eu não participei de nenhum dos atos, a minha participação foi negar. Dizer: óh o Sicredi vai proibir, não tem como receber isso dessa forma, o senhor está devendo. A minha resposta sempre foi em proteção do erário”

11h18 – "Me parece assim curioso essa questão de mentor que estão atribuindo a mim. No que está inserido nos altos diz exatamente o contrário “Isso foi feito dentro da Casa Civil a mando de Pedro Nadaf”, são acusações idôneas. Meu único desejo é falar a verdade e colaborar”. 

Segundo Marcel, "não existem normas, eu não as fiz, não tem propina pra mim" diz sobre acusações. 

“O houve foi que eles me procuraram para pedir a minha opinião, e eles não foram os primeiros, todo mundo me pede opinião. Eu não vejo mal nisso. Eu gosto de dar consultoria, quanto mais eu ensino mais eu aprendo. Esse é um dos segredos para você dominar o assunto. Então eu não sabia de nada”. Ele diz que era apenas cobrado de impostos. 

11h34 – "Quando o senhor Pedro Nadaf é questionado sobre: você falou com ele sobre a propina? Ele não afirma. Ele é vago na resposta e não afirma. Também fala que a propina cessou em junho. Durante o interrogatório ele diz que os R$ 15 mil do pagamento destinado a ele, ele usou. Ele utilizou o dinheiro. Eu fui preso por R$ 5 mil. Segundo Marcel há uma clara desconecção entre a suposta defesa de um suposto esquema". 

Há engano em duas partes, segundo Marcel. “Ele (José Rosa) disse: Marcel dividiu um termo de renuncia, entregou na minha mão eu assinei. O senhor Pedro Nadaf, fez diferente”. Ele diz que o termo assinado foi feito por mim.

"As provas mostram que João Rosa e tenta destorcer a verdade, para mostrar que ele foi uma vítima, mas ele e o Pedro Nadaf fizeram tudo sozinhos", afirma Marcel. "Isso foi plantado lá por pessoas que não foram citadas na matriz do processo".

11h40 – "Eu afirmo que não sou membro de uma organização criminosa. A menos que ter sido secretário de Estado significa ser membro da organização", ressalta Marcel.

O ex- secretário destaca que João Rosa está fazendo delação com reserva mental. " Ele não devia, mas está fazendo, escondendo e mentindo para a senhora". Marcel diz que acha que José Rosa está usando o processo para esconder 'muita coisa' e para lavar o dinheiro dele e pendorar a dívida de R$ 45 milhões. 

12h – "A minha postura sempre foi defender o interesse público. Se eu cometi um crime, eu afirmo a vossa excelência que eu não sabia, pois ninguém me avisou. O Pedro Nadaf disse abertamente aqui que eu não sabia dos fatos"

"Sobre o governador Silval eu tenho um dado importante para falar, ele nunca me ligou para falar nada sobre essa conversa ai de: Ah cheguei lá e perguntei para o Marcel se o governador tinha dado pitaco. O governador nunca me ligou. As pessoas batiam na porta da Secretaria de Fazenda, e devem bater, pois isso não é de hoje, para falar do governador. Eu não prestava nem mais atenção. Todo mundo chegava e falava: óh o governador já autorizou".

Segundo Marcel, José Rosa quando foi buscar os créditos também 'veio com essa conversa de que foi atendido por uma equipe da Sefaz'. 

12h14 – “Quando o Éder fala, ele não se refere a mim. A promotora pergunta: e o Marcel pegou dinheiro com produtora? O Éder respondeu: Doutora eu conheço o Marcel, o Marcel não pega dinheiro com empresa alguma. Então tem declarações que dizem que eu não sabia".

"Tem depoimentos que dizem que eu não estou metido com essa coisa de propina. Eu estou fazendo as coisas pra colaborar e às vezes você é interpretado como resistente. A última coisa que eu vi ai era que eu estou querendo negar até a morte, que eu sou peixe duro e não é nada disso. Eu estou lutando para mostrar a verdade”.

12h27 – Marcel volta a afirmar, que foi preso por um suposto R$ 5 mil. A Juíza Selma arruda interrompe o depoimento para dizer que ele não foi preso pela quantia de R$ 5 mil, mas por ser acusado de desvio de dinheiro, e que não depende da quantidade para estar lá. Marcel esclarece que está é uma forma 'dramática' dele falar a respeito da sua prisão. 

12h30 – Promotora destaca um depoimento em que Nadf conta quando foram procura-lo para que ele encontrasse uma maneira de arrumar dinheiro para pagar uma dívida. E destaca que ele era chamado de "expert".

Em sua defesa, ele afirma que isso não é verdade.

Maria Bardusco pergunta se Marcel ajudou na criação da lei 10207 e pergunta qual era a finalidade dela. Ela destaca que Nadaf afirmou que essa lei foi criada para blindar a gestão do Silval.

Marcel disse que ela tinha muitas finalidades e que ajudou em alguns pontos na criação da lei.  

12h35 – O MP indaga se Pedro Nadaf mentiu no reinterrogatório.

Marcel alega que em partes ao qual pontuou ele mente em outras partes ‘eu mostrei que ele fez controvérsias, tem partes em que confirmei o depoimento dele’, respondeu. Segundo Marcel, a tática não foi para chancelar o depoimento dele, mas para evidenciar alguns pontos que deveriam ser elencados.                       

A promotora Ana Bardusco leu um depoimento em que Nadaf procurou Marcel para estudarem onde poderiam desviar dinheiro. Marcel contrapôs dizendo que isso não aconteceu.                       

Leia mais:

Advogados sugerem que Pedro Nadaf tem problema de sanidade mental

Réus da Operação Sodoma têm novas audiências marcadas

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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