A Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada esta semana, aponta que Mato Grosso foi responsável por 28,6% de toda produção nacional de soja e 25% da produção de milho em 2015. Apesar de problemas climáticos enfrentados pelos produtores, o Estado continuou sendo líder absoluto.
Mato Grosso aparece na pesquisa como o maior produtor de milho, com 25% de toda produção nacional, seguido pelos estados do Paraná (18,5%), Mato Grosso do Sul (11,4%) e Goiás (11,2%). Na produção de soja, é acompanhado também pelo Paraná (17,7%) e Rio Grande do Sul (16,1%). Os três Estados, juntos, produziram 62,4% de toda a produção brasileira.
Ainda conforme a PAM 2015, 13 municípios do Estado ficaram entre os 20 maiores produtores do Brasil. Sorriso, por exemplo, ficou atrás apenas do município de São Desiderio (BA) entre os que mais produziram. Enquanto Sorriso produziu 0,9% da produção nacional, o município baiano representou a fatia de 1,1% da produção.
Para o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT) e presidente do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), Luiz Nery Ribas, esse é o resultado de mais de 30 anos de trabalho. “Nos últimos 10 anos, nosso Estado deu um salto na produção, principalmente em função de novas tecnologias e pesquisas”, observa.
Além de ser protagonista na produção de soja e milho, o Estado também se destaca na produção de algodão e também tem o maior rebanho bovino do Brasil o que, segundo Nery, representa um marco na história do Estado.
“As inovações tecnológicas estão cada dia mais presentes. Todos os dias nós temos novas técnicas, novas práticas agrícolas que vêm sendo empregadas,” diz ele, explicando ainda que muita tecnologia é utilizada para transformar o solo do cerrado em área cultivável.
Nery Ribas defende que o protagonismo do Estado se deve, principalmente, em função do empreendedorismo dos mato-grossenses. “É um conjunto de esforço, aliado a tecnologias e pesquisas cientificas em favor da produção. Com tudo isso, nós chegamos a um resultado de alta produtividade, consequentemente, elevando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das nossas cidades, além da geração de emprego, desenvolvimento e renda,” explica.
No âmbito nacional, a agricultura registrou crescimento de 5,6% no valor de produção, que chegou a R$ 265,5 bilhões. A produção de soja teve um aumento de 12,3%, atingindo o valor de R$ 90,4 bilhões, e a de milho totalizou R$ 29,8 bilhões. A área cultivada somou 76,8 milhões de hectares, o que representou um aumento de 567 mil hectares em relação a 2014.
Durante o ano de 2015, Mato Grosso plantou 9,02 milhões de hectares, enquanto na safra 2013/14 a área plantada correspondeu a 8,4 milhões de hectares, o que representa um aumento de 7,6%. O Estado colheu 28,62 milhões de toneladas de soja, contra 26 milhões de toneladas da safra anterior, representando um aumento de 8,9% em relação à produção consolidada da safra 2013/14.
A maior transformação que houve nos últimos 10 anos, segundo o presidente da Cesb, foi conseguir empregar na mesma área, duas safras, de soja e milho segunda safra. “A integração agropecuária e a transformação de áreas degradadas em área de produção com a utilização de tecnologias são inovações que não existem em outros lugares do mundo, só existe aqui no cerrado. Esse é nosso diferencial,” pontua Ribas.
Logística continua sendo o maior gargalo
Os principais entraves para o agronegócio, segundo Ribas, continuam sendo a infraestrutura e a logística. Para ele, não só Mato Grosso, mas o Brasil todo está 50 anos atrasado. “Nós temos sérios problemas de logística, está tudo em atraso, desde os portos, hidrovias, ferrovias e rodovias. Enquanto a área de plantio cresceu, as estradas ficaram mais difíceis. O custo acaba saindo do bolso dos produtores e aí vem a questão ‘Custo Brasil’, uma série de itens que reduz ainda mais a renda de quem produz,” explica.
Para Ribas, os produtores operam hoje com tecnologia de ponta, porém esbarram na logística, tanto para trazer insumos, como para levar a produção para os portos, além dos juros altos e a falta de crédito, que também foram citados como um dos principais entraves para o setor.
As condições climáticas, às vezes, também não favorece, mas isso já faz parte do planejamento. Segundo Nery, cabe aos produtores procurar todas as formas de reduzir o risco, pois o custo de produção é muito alto. “Então não dá para brincar de plantar soja e milho. Hoje todos são extremamente profissionais, planejados e sempre acompanhados de especialistas para troca de experiências e informações, senão, não tem o retorno esperado,” explica.