As eleições deste ano terão “logística de guerra” para que o processo seja realizado via informatização. Contribuição das Forças Armadas e da Polícia Militar e outros acordos de cooperação da Justiça Eleitoral permitem que pessoal, veículos de transporte, incluindo helicóptero e picapes traçadas, e materiais complementares serão utilizados para urnas chegarem a locais remotos sem energia elétrica e sinal de internet, como aldeias, reservas indígenas, seringais e comunidades quilombolas.
Modernos equipamentos portáteis de transmissão via satélite transmitir os votos registrados nas urnas desses locais para a base de dados dos Tribunais Regionais.
Nas eleições municipais deste ano, serão pelo menos 1.287 locais remotos, em 17 Estados – Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima e Tocantins.
No Maranhão, algumas dessas comunidades remotas estão localizadas em 11 ilhas ao longo dos 640 quilômetros da costa. A Marinha auxilia no transporte das urnas e também de mesários e técnicos da Justiça Eleitoral, que, ao final do pleito, serão os responsáveis pela transmissão do resultado. Muitas vezes é necessário caminhar por longas trilhas até as comunidades. Na maioria das ilhas oceânicas maranhenses, a energia é gerada por motores a diesel, por isso as urnas eletrônicas instaladas nas ilhas funcionam com baterias com autonomia de até 15 horas.
Em Mato Grosso, técnicos responsáveis pela transmissão via satélite já estão treinados para operar os BGANs, cuja tecnologia permite dar segurança, transparência e agilidade ao envio dos dados das localidades remotas. Com o sistema por satélite, é possível acelerar o processo da conferência de votos, já que a totalização dos resultados chegará no tempo real da apuração, antes do envio das urnas eletrônicas. Duzentas e seis urnas eletrônicas serão levadas a 97 localidades de difícil acesso, entre elas 22 que não contam com telefone nem internet, o que torna a eleição nessas áreas um desafio.
Para transmitir os votos de 60.549 eleitores, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) utiliza os Serviços Móveis de Comunicação Via Satélite (SMSATs), mas é preciso pensar em planos alternativos para o caso de tempo fechado no período das chuvas ou outra interferência que possa impedir o bom funcionamento do sistema de transmissão via satélite.
Não há como trazer as urnas até a capital Cuiabá, pois isso atrasaria a apuração em mais de uma semana. A união e a cooperação entre os Tribunais Regionais que contam com regiões remotas facilitam o enfrentamento dos desafios. Exemplo disso é o fato de Mato Grosso servir de contingenciamento para Tocantins, na transmissão dos votos da Ilha do Bananal.
Das muitas aldeias indígenas localizadas, principalmente no Norte de Mato Grosso, há uma aldeia nômade, a Capoto, do cacique Raoni, que mudou de lugar desde as eleições de 2014. A Fundação Nacional do Índio (Funai) havia instalado um sistema de internet por satélite para eles, mas com a mudança de local, ainda não se sabe se esta estrutura estará disponível para as eleições de outubro.
O TRE-MT estava checando as informações esta semana quando esta matéria foi redigida. Além das aldeias indígenas, que são muitas, há comunidades isoladas no Pantanal, onde só se chega de barco.
Nos demais locais de difícil acesso em Mato Grosso há estradas sem asfalto e pontes quebradas, por isso a estrutura da Justiça Eleitoral só alcança esses locais utilizando caminhonetes traçadas. As 206 urnas serão deslocadas para as localidades remotas do estado entre a sexta-feira e o sábado anteriores ao dia do pleito. Este ano, o TRE-MT vai contar com o apoio do Exército apenas para segurança; não haverá apoio das Forças Armadas para logística. Nas localidades de difícil acesso, haverá sempre uma urna de reserva para o caso de substituição, que poderá ser instalada pelos mesmos técnicos que fazem a transmissão dos votos via satélite.
Tecnologia
Para transmitir os votos das localidades de difícil acesso, a Justiça Eleitoral utilizará o sistema de transmissão de dados por meio da internet denominado “JE Connect” e os equipamentos de transmissão via satélite – SMSATs. Desenvolvido pelo TRE do Tocantins em parceria com outros tribunais eleitorais, o “JE Connect” é um conjunto de sistemas inseridos em mídias, que possibilita o uso de qualquer computador como hospedeiro temporário para a transmissão dos boletins das urnas eletrônicas direto para os sistemas dos TREs.
Apesar de utilizar uma rede de dados pública como a internet, as informações são transmitidas de forma criptografada, garantindo assim a impossibilidade de alteração dos dados e mantendo o sigilo da informação. Geralmente, os dados são transmitidos pelos computadores comuns das escolas utilizadas como seções eleitorais que, por meio de um sistema operacional próprio, são transformados momentaneamente em máquinas da Justiça Eleitoral. O “JE Connect” pode ser transportado em pendrive.