Não tenho o costume de escrever artigos, necessidade que surgiu em minha atual posição, como vice-governador. Expor posições de maneira clara, concreta, ser acessível à imprensa e possibilitar que as informações cheguem até a sociedade, como forma de prestação de serviço, é parte do trabalho/dever de quem ocupa cargo público. Tenho discutido minhas ideias nas redes sociais, mas sei que algumas boas linhas bem estruturadas aqui nesse espaço são importantes também junto aos que formam opinião em meu estado.
Todos tem acompanhado o quanto temos trabalhado e, apesar de ainda haver muito a ser feito, os bons resultados já começam a aparecer no Estado de transformação liderado pelo governador Pedro Taques. Sabíamos que para transformar era preciso colocar muita coisa em ordem, organizar a gestão e, principalmente, criar um novo jeito de fazer política. Só isso faria renascer a esperança no cidadão mato-grossense. Um novo modelo de fazer política, com ética, transparência, diálogo e compromisso.
Esse novo jeito me impactou quando um procurador da República, então senador, homem público honesto e destemido, convidou-me para ser seu vice para disputar o governo do Mato Grosso. Eu? Sim, eu. Empresário, liderando na época a Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e sem nenhuma experiência em qualquer cargo público. Missão: montar um grande time com técnicos em todas as secretarias e fazer um grande pacto político para tirar o Mato Grosso do triste estado de falência e corrupção.
Tinha a convicção que um novo jeito de fazer política passava pela postura de diálogo dessa gestão. Falar e ouvir. Ouvir e falar. E depois disso: agir. Agir com correção, respeitando as leis e as pessoas. Em um estado praticamente quebrado, sem esperanças e vitrine de maus exemplos para todo o país, esse convite para uma nova maneira de administrar começou a atrair gente nova na política e também, gente que já fazia política, mas interessada em contribuir e participar desse novo modelo de transformar.
Por isso, aceitei o desafio de praticamente refundar o PSD. A missão parecia impossível, pois o partido era um paciente em estado terminal, nem os médicos acreditavam em recuperação. Ouvi o conselho atento dos que me guiaram para fundar um novo partido sem qualquer risco à minha imagem, ainda sendo apresentada na política estadual. Precisávamos de um partido que compusesse a base aliada do governo, respeitando as diferenças do partido de nosso governador e somando esforços para nosso projeto.
A adesão ao PSD rapidamente tornou-se um sucesso,confesso, muito maior do que eu esperava. Rapidamente a mensagem de transformação obteve adesões e atraiu centenas de pessoas, deputados, vereadores, prefeitos e senadores interessados em dialogar e contribuir nesse projetoe também na formação de um novo grupo, com novos líderes e novas cabeças. O sucesso e a reinvenção do partido trouxeram o PSD para o foco das atenções, considerado agora uma nova força política. E eu, Carlos Fávaro, ganhei o título de cacique do partido.
Quem não se envaideceria com tal título com tão pouca quilometragem nessa estrada chamada política? Cacique, dono do partido, chefe, manda-chuva, … Mas sem falsa demagogia, esse título não combina com o jeito de fazer política que quero fazer e nem com Pedro Taques, um dos grandes responsáveis por me introduzir na política. E não combina, principalmente, com minha essência e minha grande vocação: a de empresário. Empresário que gosta de fazer gestão, que gosta de decidir, gosta de ouvir, aglutinar talentos, tirar o melhor de cada um, formar times e grandes equipes.
Cacique sabe tudo. É o dono da tribo. Não divide responsabilidades e manda como ninguém, porque mandar é parte de sua autoridade. Quando você é empresário (no meu caso, empresário da agricultura) você sabe que é preciso motivar, traçar metas e desenvolver gente que goste de desafios e conquistas. Esse sentimento de time, de ganhar o jogo em equipe, é nato do mundo empresarial e não cabe no modelo dos velhos caciques da política.
Por isso, não foi difícil aceitar o desafio colocado pelo governador Pedro Taques de assumir a Sema – Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Porque nesse governo, os desafios são encarados como numa grande empresa. A responsabilidade é compartilhada e as metas serão perseguidas por todos. Sem exceção. Porque nosso maior cliente acreditou em nossa capacidade de transformar. Cliente esse que tem pressa e não vai pensar duas vezes em mudar de fornecedor. Esse cliente chama-se Povo do Mato Grosso.
Carlos Fávaro é vice-governador do Estado do Mato Grosso e empresário da agricultura