Cidades

Trabalhadores querem flexibilidade em regras trabalhistas

Os brasileiros querem poder escolher seu horário de trabalho, podendo chegar e sair em horários diferentes. Também gostariam de ter flexibilidade para trabalhar de casa, e não apenas dentro da empresa. Outro desejo é poderem dividir os 30 dias anuais de férias em mais de dois períodos. A vontade do trabalhador de ter mais opções para sua rotina, mesmo que isso signifique flexibilizar regras trabalhistas, é a principal conclusão da pesquisa Flexibilidade no mercado de trabalho, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Ibope.

Quando o assunto é o horário de trabalho, sete em cada dez brasileiros (71%) gostariam de poder adequar a rotina às próprias necessidades. A pesquisa mostra, no entanto, que são justamente os trabalhadores do mercado formal, isto é, que têm carteira de trabalho assinada, os que menos conseguem exercer essa vontade: dos entrevistados, apenas 38% dizem ter flexibilidade, contra 76% dos empregados em atividades informais.

O mesmo cenário se repete quando se pergunta sobre a possibilidade de escolha do local de trabalho. Enquanto 73% das pessoas ouvidas afirmam desejar trabalhar de casa ou num ambiente alternativo à sede da empresa, apenas 42% dos trabalhadores com carteira assinada têm essa possibilidade. Por outro lado, 74% daqueles que trabalham fora do mercado formal usufruem de maior poder de escolha quanto a onde realizar suas atividades produtivas (ver quadro).

A pesquisa mostra ainda que 58% dos entrevistados gostariam de reduzir o intervalo de almoço e, em contrapartida, sair mais cedo para, por exemplo, evitar o horário de pico no trânsito, enquanto 63% concordariam em trabalhar mais horas por dia para poder tirar folgas depois.
Na avaliação da CNI, modernizar e desburocratizar as relações do trabalho no Brasil é urgente e necessário, uma vez que o mundo do trabalho evoluiu ao passo que as leis trabalhistas continuam antigas. Datada da década de 1940, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) trouxe conjunto importante de proteções ao trabalhador, mas não acompanhou o avanço econômico e social do país, nem a diversificação e a modernização de sua estrutura produtiva. Não prevê, por exemplo, as novas formas de trabalho, com horários e rotinas flexíveis, o como o home office e o emprego à distância, em vez do cartão de ponto e o trabalho presencial.

Para a CNI, um importante avanço para as relações de trabalho seria dar segurança para que empresas e sindicatos de trabalhadores negociassem rotinas de trabalho, como as especificadas na pesquisa, mesmo que haja normas trabalhistas contrárias, respeitando o legítimo interesse das partes.
A pesquisa também apontou que 53% dos trabalhadores gostariam de ter poder dividir as férias em mais de dois períodos. Em relação ao vale-transporte, 62% prefeririam recebê-lo diretamente em dinheiro. Perguntados se em períodos de crise aceitariam realizar acordos de redução da jornada e de salário com o empregador para manter o emprego, 43% responderam que aceitariam.

“É preciso fomentar a negociação entre empregados e empregadores, contribuindo assim para um ambiente de negócios favorável ao crescimento. A consequência da manutenção de normas antigas é o aumento de conflitos e a incapacidade de atender as novas formas e necessidades do trabalho e da produção, o que não atende os interesses dos trabalhadores e das empresas”, afirma a gerente-executiva de Relações do Trabalho da CNI, Sylvia Lorena.

O Ibope entrevistou 2.002 pessoas, em 140 municípios, entre os dias 18 e 21 de setembro de 2015.

 

 

Redação

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