Aedes aegypti no instituto Fiocruz em Recife. O mosquito é transmissor de doenças como a dengue, chikungunya e do vírus zika, causador da microcefalia (Foto: Felipe Dana/AP)
A edição genética pode reduzir a população de mosquitos fêmeas e assim ajudar a controlar o Aedes aegypti, vetor de vírus como zika, dengue e chikungunya, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (17) na revista "Trends in Parasitology".
Cientistas da Universidade Virgínia Tech, nos Estados Unidos, propõem a edição de um gene específico nas populações de mosquitos para levar à conversão de fêmeas em machos ou para matar a população feminina.
Qualquer desses dois resultados contribuiria para diminuir as populações total de mosquitos e a expansão dos vírus que eles transmitem, já que as fêmeas são as que necessitam de sangue para reproduzir-se, enquanto os machos se alimentam de néctar.
"Estamos provando a hipótese de que a inserção dos genes que determinam a masculinidade como o 'Nix' no genoma dos mosquitos fêmeas pode produzir machos estéreis ou inférteis ou simplesmente matar as fêmeas, duas coisas que resultariam em menos fêmeas", explicou Zhijian Tu, um dos autores principais do estudo.
"Combinar 'Nix' com a tecnologia de edição genética CRISPR-Cas9 poderia nos ajudar realmente a alcançar objetivos que não se conseguiram com campanhas anteriores para erradicar o mosquito Aedes aegypti, ao introduzir genes masculinos nas populações de mosquitos", afirmou Zach Adelman, outro coautor do estudo.
A edição genética envolve, no entanto, questões éticas, razão pela qual a Academia Nacional das Ciências, Engenharia e Medicina de Estados Unidos estão elaborando atualmente recomendações para a pesquisa responsável nesse âmbito em organismos não humanos.
"A colaboração com os governos e a vontade pública serão cruciais para estabelecer testes de campo nas áreas mais afetadas pelas doenças transmitidas por mosquitos", destacou Adelman.
Fonte: G1