Economia

Ouro valorizou quase 30% em 2015. Vale a pena comprar?

O preço do grama do ouro no Brasil teve uma valorização de quase 30% em 2015 e fez os olhos de alguns investidores brilharem. Além da rentabilidade, em um momento de crise, essa é uma das formas mais seguras de proteger seu patrimônio.

Diante disso, muita gente se pergunta: vale a pena comprar ouro em 2016? Você já pensou em trocar suas economias que estão na poupança ou outro investimento por… ouro?

O analista Maurício Gaiote, da Ourominas — empresa que vende ouro no mercado de balcão —, diz que, nos últimos dias, atende mais clientes em busca de segurança, mesmo que não haja previsão de uma alta rentabilidade.

— Aquele investidor que tem capital em CDB e em fundos de ações, em momentos de crise, muitas vezes decide vender e usar esse dinheiro para comprar ouro, que é tradicionalmente um ativo de aversão ao risco. Não há possibilidade, historicamente, de o ouro perder completamente o seu valor. Diferente, por exemplo, do que acontece quando você tem uma ação e a empresa quebra.

No começo do ano passado, o grama do metal era negociado a R$ 108 na bolsa de valores brasileira. Agora, gira em torno de R$ 145.

O diretor do Private Bank do Banco Fator, Rodrigo Marcatti, alerta para os riscos de se comprar ouro apostando na alta que o metal teve em 2015.

— O ouro subiu em real porque o dólar se valorizou. Para se investir em ouro tem que se ter noção dessa dinâmica global. O preço do ouro é determinado internacionalmente e não pela oferta e demanda no Brasil. Além disso, não há uma garantia de que o dólar vá se valorizar tanto quanto no ano passado.

Gaiote defende que o cenário global ainda pode valorizar o ouro. Ele cita a desaceleração econômica da China, onde as bolsas acumulam perdas de 15% somente em 2016.

— Temos visto a desaceleração da economia chinesa, que a princípio levaria para baixo os preços de commodities como minério de ferro e petróleo. Mas o ouro se blinda desse movimento pelo fato de que a China estar em uma desaceleração representa um risco internacional. Os investidores passam a comprar e se proteger novamente no ouro.

Porém, ele não prevê uma rentabilidade tão expressiva quanto em 2015, especialmente se levado em conta o curto período de tempo.

— Claro que uma valorização de 30% é muito relevante. Você imaginar que o investimento vai replicar o movimento do ano anterior e vai valorizar 30%, eu gostaria muito, mas eu não acreditaria. O dólar saiu de R$ 2 e pouco para R$ 4. O ouro pegou esse gancho e teve essa alta. Agora, eu não vejo o dólar fazendo um movimento de valorização tão brusca como foi em 2015.

Já o executivo do Banco Fator argumenta que investir em ouro para fugir do risco não é algo necessário neste momento.

— Hoje, a gente tem os Estados Unidos em uma trajetória melhor do que foi lá em 2008. A Europa também já vem apresentando algumas retomadas de crescimento. Então, apostar no ouro por conta, isoladamente, da situação mais complicada no Brasil pode ser um equívoco.

Apesar da excelente valorização em 2015, não houve uma corrida de investidores atrás de ouro no ano passado. Os contratos na BM&FBovespa apresentaram leve queda em relação a 2014. O volume de negócios, em reais, caiu 3%, totalizando R$ 300,3 milhões.

O Banco do Brasil — principal custodiante de ouro do mercado brasileiro, com quase um terço do volume negociado — diz que a procura permaneceu estável. A compra e venda do metal na instituição movimentou R$ 93 milhões em 2015. Por outro lado, na Ourominas, Gaiote percebeu uma procura maior pelo ouro.

— Eu diria que a gente teve um aumento de uns 40% da procura, com argumentos que até então a gente não ouvia, de pessoas que já passaram por fase de confisco e não querem passar por isso de novo. […] O investimento médio é em torno de R$ 10 mil. São pessoas acima dos 35, 40 anos, principalmente homens.

Para Marcatti, o Brasil tem hoje segurança para que o investidor procure investimentos com mais garantias de retorno.

— Ao tomar a decisão de investir em ouro, estou abrindo mão da certeza absoluta de ganhar cerca de 14% de taxa de juros. Que seriam títulos do Tesouro, CDBs. São aplicações sem risco de mercado. Pode até ter risco de crédito, mas aí tem o Fundo Garantidor de Crédito, no caso dos CDBs, que garante até R$ 250 mil, no caso da instituição financeira quebrar.

Mercado paralelo

As duas maneiras mais seguras de investir em ouro são: pela Bolsa (por meio de uma corretora) ou pelo mercado de balcão (instituições autorizadas pelo Banco Central e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A Ourominas e o Banco do Brasil vendem as barras de ouro e o comprador escolhe se vai guardar consigo ou pagar um agente de custódia.

Porém, nas ruas existe um mercado de ouro que não deve ser confundido com os anteriores, conforme alerta o analista da Ourominas.

— Tem que procurar instituições que são registradas no Banco Central, na CVM. Nós somos auditados constantemente para garantir a qualidade das nossas operações. Há lugares que oferecem ouro mais barato. O cliente, sem entender, acha que economiza, mas está comprando ouro que muitas vezes não é puro. 

Fonte: G1

Redação

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