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Médico de Uberaba admite pedofilia e se diz doente, segundo PF

Médico financiava esquema de abuso sexual e tortura de crianças (Foto: Reprodução/ TV Integração)

O médico suspeito de compartilhar e financiar a produção de material de pornografia infantil em esquema internacional será encaminhado para a Penitenciária Professor Aluízio Ignácio de Oliveira, nesta segunda-feira (21), em Uberaba, após o término do depoimento. Durante oitivas na sede da Polícia Federal, ele admitiu envolvimento com a quadrilha internacional desde 2012. O G1 tentou contato com o advogado de defesa, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta matéria.

Haniel Caetano de Oliveira, de 29 anos, trabalhava na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Mirante, de onde saiu algemado nesta segunda-feira durante cumprimento da Operação "Mr. Hyde". De acordo com o delegado Glorivan Bernardes, o médico descobriu o desejo sexual por crianças quando tinha 15 anos.

“O médico confessou as evidências que tinham sido colhidas pela Polícia Federal. Agora continuaremos a investigação para vermos quais as extensões dentro do território nacional em torno das práticas criminosas atribuídas a ele”, afirmou.

O delegado afirmou também que o celular e o computador do médico passam por perícia, mas já foram encontrados arquivos com fotografias identificadas na fase inicial da operação no exterior. O contato do médico com crianças no ambiente médico ocorreu apenas na fase acadêmica. Até o momento, a Polícia Federal afirma que não há provas ou indícios de que o médico tenha abusado diretamente de crianças no Brasil.“Depois de formado, ele não atuou em área pediátrica”, acrescentou.

Haniel Caetano de Oliveira deve responder pelo armazenamento e publicação de pornografia infantil, bem como pelo financiamento de organização criminosa internacional, crimes cujas penas podem variar de 7 a 20 anos de prisão.

Pedofilia internacional
Segundo a Polícia Federal, em 2012, quando ainda era estudante de medicina, o rapaz se associou a um australiano e uma filipina, responsáveis pela produção de um vídeo no qual uma criança de 18 meses é torturada e violentada sexualmente. Além desse vídeo, foram produzidos muitos outros registros com diversas vítimas, todas crianças filipinas. Uma delas foi morta e enterrada na cozinha da casa onde os abusos ocorriam.

O brasileiro, que chegou a investir no esquema cerca de R$ 20 mil em quase dois anos, financiava os autores, recebendo os vídeos e fotos em contrapartida. Ele também os ensinou a obter remédios para dopar as vítimas antes dos abusos, informou a Polícia Federal. 

O comparsa australiano foi preso em fevereiro deste ano pela polícia filipina, juntamente com a Polícia Federal Australiana e a Polícia Nacional da Holanda. A PF informou, também, que as imagens e vídeos eram compartilhados na chamada deep web, uma parte da internet que só pode ser acessada com a utilização de navegadores específicos, que permitem a navegação de forma pretensamente anônima.

Atuação em Uberaba
O G1 entrou em contato com a Pró-Saúde, responsável pela gestão das UPAs na cidade. Em nota, a direção da unidade do Mirante informou que o médico preso nesta segunda-feira já atuava naquela UPA antes da Pró-Saúde assumir a gestão, o que ocorreu em 1º de janeiro de 2015. Informa, ainda, que o médico era atendente da clínica médica adulto, sendo que nunca realizou atendimento na pediatria.

A Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Uberaba informou que a Pró Saúde, responsável pela contratação do corpo médico da UPA, irá acompanhar a investigação.

A reportagem também entrou em contato com a delegacia do Conselho Regional de Medicina em Uberaba e foi informado de que o Conselho ainda não foi notificado sobre o caso e, por isso, ainda não vai se pronunciar.

Os delegados da Polícia Federal em Uberaba, André Gebrim, além do delegado Pablo Barcellos, atuante em Brasília, também participaram da Operação “Mr. Hyde". O nome da operação faz referência à obra “Dr. Jekyll and Mr. Hyde”, que no Brasil recebeu o título de “O médico e o monstro”.

Fonte: G1

Redação

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