Cidades

Comissão é criada para auditar serviços prestados pela CAB Cuiabá

Com o propósito de ter acesso a informações e documentos contábeis da CAB Cuiabá, o prefeito Mauro Mendes assinou decreto determinando a criação de uma Comissão Especial de Auditoria. Com isso, será possível apurar possíveis irregularidades na prestação dos serviços de abastecimento de água e de tratamento de esgoto.

De acordo com a assessoria do município, a medida se justifica pelo fato de a CAB Cuiabá não prestar informações sobre investimentos na implantação de reservatórios de água, em estações de tratamento de água e de esgoto e também por não ter apresentado um plano de ação para concretizar as ações estabelecidas no contrato, que começou a vigorar em 1º de maio de 2012 com prazo de concessão de 30 anos.

Interesse público

De acordo com o procurador-geral do Município, Rogério Gallo, que foi nomeado presidente da Comissão, ainda nesta sexta-feira (18) ele irá solicitar vários documentos à CAB. A Comissão também irá acompanhar os gastos da concessionária durante os trabalhos de auditoria. “O objetivo do prefeito Mauro Mendes com a auditoria é entender os motivos pelos quais a CAB Cuiabá não cumpriu com as metas assumidas, onde aplicou os recursos financeiros da concessão e apresentar um estudo que auxilie na tomada de decisão para atender ao interesse público”, explicou o procurador-geral.

A continuidade dos serviços da CAB Cuiabá por meio de outro grupo empresarial poderia ocorrer se a sua controladora, a CAB Ambiental, tivesse sido vendida em leilão, e desde que o comprador cumprisse com alguns requisitos definidos pelo Poder Executivo. O leilão deveria ter ocorrido no ultimo dia 10 de dezembro no Rio de Janeiro, na 7ª Vara Empresarial do Fórum Central, mas a venda não se concretizou porque a única empresa que havia se habilitado, a Aegea Saneamento, desistiu de apresentar proposta. A CAB Ambiental é um dos ativos pertencentes ao Grupo Galvão, que se encontra em recuperação judicial.

A Comissão Especial de Auditoria é composta por quatro membros: Rogério Gallo – presidente (Procurador-Geral do Município); Rosidelma Francisca Guimarães Santos – membro (representante da Arsec); Marcelo Bussiki Rondon – membro (Controlador-Geral do Município); e Francisco Serafim de Barros – membro (Secretário-adjunto de Tesouro da Secretaria Municipal de Fazenda).

Livros contábeis e contratos

O decreto, no artigo 4º, autoriza a Comissão a requisitar os “balancetes, livro diário, livro razão, balanço e demonstração de resultado da Concessionária”. Pode solicitar também a “exibição de contratos com terceiros, notas de compras, notas de prestação de serviço e demais documentos contábeis necessários para verificação da compatibilidade dos gastos da empresa com a finalidade da concessão”.

A Comissão pode também solicitar a “senha de acesso irrestrito, exclusivamente para consulta, a todos os sistemas da concessão, dentre outros o de gestão comercial, financeira, administrativa e técnica, para que os membros da Comissão possam acessar e utilizar os dados constantes nos respectivos arquivos eletrônicos”. A comissão também poderá “adotar as medidas judiciais cabíveis, por intermédio da Procuradoria Geral do Município, caso a concessionária crie óbices ao andamento dos trabalhos”.

Conforme o decreto, a concessionária não vem cumprindo com as metas contratuais referentes à reservação de água (IR) e também com o Índice de Perdas Reais (IPR), “os quais impactam diretamente na qualidade da água fornecida e na própria regularidade de abastecimento de água". O relatório da Arsec mostrou, por exemplo, na análise dos Indicadores de Metas Quantitativas, conforme a meta contratual, que o IPR seria de 57%, no primeiro ano; 57% no segundo ano; e 55% no terceiro ano. Mas o realizado foi de 66,85%, 65,67%, e 65,33%, respectivamente.

Outro aspecto considerado foi  a respeito do descumprimento da meta contratual em relação à rede de esgoto. Em 17 de fevereiro de 2012, quando a concessão foi assinada, apenas 38% da população contava com a rede de esgoto. De lá para cá, relatórios mostram que os recursos investidos pela CAB em rede de esgoto ficaram bem abaixo em relação aos investimentos feitos pela iniciativa privada.

Se não fossem os empreendimentos da iniciativa privada, obras de conjuntos residenciais como o do Programa Minha Casa, Minha Vida, nos últimos três anos o investimento na rede de esgoto teria sido zero, na Capital. Nesse período, enquanto o setor privado foi responsável pela implantação de 108,583 quilômetros, o equivalente a 99,15% do total, a CAB implantou apenas 933 metros, ou apenas 0,85% do total.

A CAB Cuiabá também não entregou à prefeitura um plano de investimentos para os próximos sete anos, quando se encerra o prazo previsto para a universalização da coleta e tratamento do esgotamento sanitário de Cuiabá. Segundo o contrato, num prazo de 10 anos o serviço deveria ser estendido para 90% da população.

Com assessoria

 

Redação

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