O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta quarta-feira (16), logo após o anúncio do rebaixamento da nota de crédito pela agência de classificação de risco Fitch, que é preciso “partir em defesa do Brasil.” O ministro pediu um “esforço de todos os brasileiros” e que Congresso vote as medidas necessárias do ajuste fiscal para enfrentar a crise.
“Nós temos, inclusive em vista do rebaixamento [pela Fitch], nós temos que partir em defesa do Brasil”, disse Levy ao chegar ao prédio do Ministério da Fazenda, em Brasília, após encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
“Temos que votar, tanto a Câmara como o Senado. Estive agora com o presidente Renan [Calheiros], ele está disposto a apoiar esse esforço, e eu acho que tem que ser um esforço de todos os brasileiros nesse momento”, completou o ministro.
Levy se referia às medidas enviadas pelo governo para votação no Congresso e que visam aumentar as receitas em 2016. Elas fazem parte do pacote do ajuste fiscal proposto pela área econômica para enfrentar a crise.
“Nós temos que tomar as medidas necessárias e agora o mais importante é a votação das MPs, que dão suporte ao nosso orçamento”, afirmou o ministro.
'Ligeiramente ofuscado'
Mais cedo, ao chegar ao Senado, Levy afirmou à agência Reuters que se sentia "ligeiramente ofuscado" após a decisão do governo de propôr uma redução da meta de superávit primário de 2016 para 0,5% do PIB – o ministro defendia uma meta de 0,7%.
A presidente Dilma Rousseff enviou ao Congresso nesta terça-feira (15) uma proposta para reduzir a meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida) de 2016 para 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), diante dos 0,7% defendidos pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Na semana passada, ao ser questionado sobre o risco da perda do grau de investimento por uma segunda agência, Levy disse que "a questão do rebaixamento é reflexo da realidade", comparando a nota do Brasil a rebaixamento no futebol.
Fazenda diz estar engajada em atacar desequilíbrios
Em nota sobre o rebaixamento da nota do Brasil pela Fitch, o Ministério da Fazenda disse que a decisão da agência “remete às dificuldades oriundas do ambiente político e da capacidade e da determinação do governo em implantar medidas para corrigir o déficit orçamentário de 2016, por meio de políticas voltadas a resultados fiscais consistentes com uma trajetória mais benigna de endividamento público.”
O ministério afirma, porém, que “reitera a confiança na capacidade da economia brasileira de retomar um ciclo de crescimento” e que, apesar de “indicadores de curto prazo e da incerteza atual, a economia brasileira tem fundamentos positivos e sólidos.”
“O endividamento das famílias brasileiras é baixo, o que facilita a retomada do consumo, passadas as dúvidas sobre a política econômica. A base industrial é robusta e diversificada, capaz de reagir com presteza e vigor aos novos preços relativos. O comércio exterior tem uma distribuição geográfica equilibrada e abrangente, indo bem além das commodities, não obstante a extrema competitividade da nossa agricultura”, diz a nota, que cita ainda o sistema financeiro brasileiro como “um dos mais líquidos, diversificados, abertos e transparentes do mundo”, afirma a nota.
No documento, o ministério ainda diz que está, junto com o governo brasileiro, engajado “em atacar os desequilíbrios fiscais existentes, buscando um orçamento 2016 robusto que proporcione sustentabilidade à dívida pública, confiança ao mercado e tranquilidade às famílias."
O ministério diz ainda que, apesar das dúvidas levantadas pela Fitch, “tem a convicção de que o Brasil possui as condições para enfrentar o atual choque negativo nos preços de alguns dos itens da sua pauta de exportação, assim como os desequilíbrios fiscais decorrentes da expansão do gasto fiscal e para-fiscal nos últimos anos.”
Por fim, a nota diz que “o enfrentamento sereno, mas firme, das atuais necessidades de financiamento do setor público e das reformas exigidas para dar as condições para o crescimento à economia continuarão proporcionando segurança aos investidores domésticos e internacionais e, especialmente, às famílias brasileiras.”
Fonte: G1