O presidente argentino eleito Mauricio Macri após posse no congresso em Buenos Aires, na Argentina (Foto: Marcos Brindicci/Reuters)
A fim de aumentar as reservas do Banco Central, o novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciou nesta segunda-feira (14) a eliminação de impostos às exportações agrícolas e uma grande redução da soja, importante produto neste país conhecido como um dos maiores produtores de alimentos do mundo.
Os impostos às exportações de grãos, que permitiram um sensível aumento da arrecadação, geraram em 2008 uma greve prolongada no campo que causou problemas ao governo de centro esquerda da ex-presidente Cristina Kirchner (2007/2015).
"Hoje vou assinar o decreto de retenção (imposto às exportações) zero para as economias regionais", disse Macri em um ato com os produtores em Pergamino, a 220 km a noroeste de Buenos Aires, em uma das zonas agrícolas mais ricas do país.
Seu ministro da Agricultura, Ricardo Buryaile, afirmou que "as retenções passam a zero para trigo, milho, sorgo, exceto para a soja que passa de 35% para 30%".
Macri cumpre assim uma promessa de campanha. Coloca a Argentina outra vez nos mercados de alimentos, basicamente com trigo e milho, afirmou Horacio Salaverri, presidente da Confederação de Associações Rurais de Buenos Aires e La Pampa (Carbap).
O presidente das Confederações Rurais Argentinas (CRA), Dardo Chiesa, aposta que as colheitas de trigo e milhão voltarão a "níveis históricos", depois que os cultivos perderam espaço com os impostos aplicados pela ex-presidente Cristina Kirchner.
"O desafio é retornar aos níveis de produção, crescer e dar valor agregado", afirmou Chiesa, prevendo que a "a forte produção de carne também crescerá".
A medida tem como objetivo incentivar a produção agrícola, mas no curto prazo busca que os produtores e exportadores liquidem o estoque retido, como uma forma de propiciar a entrada de divisas às combalidas reservas do Banco Central, que se encontram abaixo dos US$ 25 bilhões.
Segundo o novo governo, a redução de receitas aos cofres públicos pelo corte de impostos às exportações será compensada em grande parte pelo aumento dos impostos aos lucros dos produtores.
"Confio em vocês para que possamos duplicar a produção de alimentos na Argentina", declarou Macri aos produtores, pedindo que produzam "mais milho, mais carne, tudo o que somos capazes".
Para ele, a Argentina tem que "deixar de ser a "o seleiro de grãos do mundo", para ser o "supermercado do mundo", em referência a agregar mão de obra à matéria-prima.
As exportações agrícolas globais estimadas para este ano chegam a 25 bilhões de dólares, um terço do total de vendas ao exterior.
Fonte: G1