Cidades

Áudio traz ligação para o Samu de pai suspeito de matar filha

Um áudio obtido com exclusividade pelo Fantástico mostra o telefonema feito por Ricardo Najjar, de 23 anos, ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no dia da morte da filha dele, Sophia, de 4 anos. A menina foi encontrada morta em 2 de dezembro com um saco plástico na cabeça no apartamento onde o pai morava, no Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo. Ele está preso suspeito da morte, mas nega o crime. 

Segundo a polícia, Ricardo fez três telefonemas entre 19h54 e 20h. O primeiro para o pai dele, o segundo para a namorada e o terceiro para o Samu.

 Veja como foi a conversa com o socorrista:

– Samu, emergência.
– Bom dia, boa noite.
– Boa noite.
– Eu acho que a minha filha morreu.
– Qual o nome do paciente?
– Sophia.
– Certo. Qual é o seu nome?
– Ricardo.
– Seu Ricardo, me diga exatamente o que aconteceu.
– Eu fui tomar um banho, ela ficou no quarto. A hora que eu voltei, ela estava no chão, com um saco na cabeça.

No depoimento à polícia, o pai disse que retirou a sacola e fez massagem cardíaca na filha, conforme orientações do atendente do Samu. Contou que, depois, a namorada chegou e ela continuou o socorro. E que ele foi para a rua, aguardar a chegada da ambulância. Os atendentes do Samu constataram que a menina estava morta.

O pai contou à polícia o que aconteceu naquela noite, antes do momento que ele achou a filha com o saco na cabeça. Ricardo disse que, no apartamento, "Sophia brincou com os gatos, assistiu a desenhos e até retirou a calça, por estar quente". Afirmou que estavam sozinhos quando "decidiu tomar banho de porta aberta, como sempre costumava fazer", e que "entrou no chuveiro por volta das 19h30".

Ricardo alegou que "saiu do banho depois de 10 minutos" e que "encontrou Sophia caída, com um saco plástico verde no rosto", que "puxou o saco até expor a boca e o nariz. Só que, ao ver sangue e vômito, encobriu novamente o rosto da filha."

A polícia investiga se houve um crime. Os investigadores não encontraram sinais de arrombamento nem nas janelas nem nas portas do prédio. A polícia diz ainda que havia marcas de violência no corpo da menina e indícios de que Ricardo não teria tentado reanimar a própria filha. A polícia pediu exames para saber se Sophia foi vítima de violência sexual.

O advogado Marcelo Rocha Leal Gomes de Sá, que representa o pai, disse que ele nega ter matado a menina. “Ele está sozinho numa cela, muito abalado, nega todas as acusações, chora de vez em quando. Não há nenhum histórico de distúrbio. Nunca precisou tomar nenhum tipo de medicamento. Nunca teve problema com drogas”, afirmou.

Pais separados
Ricardo e a mãe de Sophia, que também tem 23 anos, se separaram quando a menina era um bebê de 4 meses. Eles ainda eram adolescentes quando se conheceram.

O pai costumava ficar com a filha aos fins de semana, a cada 15 dias. De acordo com a polícia, naquela quarta-feira, a mãe de Sophia autorizou Ricardo a buscar a filha na escolinha. Nos últimos 3 meses, o pai da menina morava com a namorada em um prédio a 700 metros da escolinha de Sophia.

O suspeito do crime é filho único, terminou o 2º grau, mas não fazia faculdade. Segundo o advogado, ele era auxiliar administrativo na empresa do pai, que também é professor universitário. O Fantástico procurou a mãe da menina, mas ela está muito abalada e preferiu não gravar entrevista.

Na sexta-feira, a Justiça negou um pedido de relaxamento da prisão de Ricardo Najjar. Ele foi detido dois dias após o crime, durante o velório da menina. A polícia aguarda agora os laudos da perícia, que vão indicar a causa da morte de Sophia.

Outra hipótese ainda investigada é a de que a criança teria colocado o saco plástico na cabeça e se sufocado sozinha. O material foi apreendido para análise. Fotos e vídeos de Sophia também estão com a investigação.

Em entrevista ao G1, o advogado disse que o pai está abalado emocionalmente. “Demonstrou profunda emoção com o que aconteceu. Falou que gostava demais da filha.”

Fonte: G1

Redação

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