Antônio Felipe dos Santos aposta em lotérica do DF. Ele já desembolsou quase R$ 400 em bolões. (Foto: Marianna Holanda/G1)
“Viciado” em loterias, o servidor público Antônio Felipe dos Santos enfrentou 15 minutos de fila em uma lotérica no centro de Brasília para fazer mais duas apostas na Mega-Sena. O homem contou que já havia entrado para dois bolões – um com colegas de trabalho e outro com colegas e vizinhos. O investimento total chegou a R$ 399.
Santos tem o hábito de jogar há mais de dez anos, todas as semanas. No mínimo, são dois jogos, com os mesmos números há cinco anos: o primeiro é a data de aniversário da mãe e a placa do carro, o segundo é seu próprio aniversário e o endereço dos irmãos em Sobradinho.
Para a família do servidor público, jogar é “tradição”. A mãe já morreu, mas parte dos 11 irmãos também acreditam nas apostas. A maioria está, inclusive, no bolão com ele, contou.
Caso ganhe os R$ 200 milhões, a primeira coisa que irá fazer é abrir uma empresa com os irmãos, em que 50% das ações seriam dele. “Não importa a área [da empresa], tem que ver o que tá rendendo mais”, afirmou Santos.
No primeiro bolão, participam os colegas de Santos da Terrapac, local onde ele trabalha há 35 anos. São dez participantes, com jogos de oito dezenas.
Cada um desembolsa R$ 98.
Do outro bolão, que ele próprio organiza, participam vizinhos do bloco dele, na 708 Norte, e colegas de trabalho. Também são dez pessoas, mas o valor da aposta é mais alto: R$ 294 reais, para jogar nove dezenas.
Os valores das apostas podem parecer altos, mas o “vício” de Santos já chegou a custar R$ 1,7 mil, quando jogou 18 dezenas na Lotofácil da Independência, em setembro. Ele garante que as apostas não chegam a pesar no fim do mês.
“Nunca ganhei o prêmio grande, mas já acertei a quadra da Quina. Aí foram R$ 12 mil para a poupança”, disse o servidor público.
Santos defende as apostas como “presentes” para si mesmo. “Eu acredito [que seja possível ganhar]. E você tem que se presentear. Quando a gente se presenteia, não escolhe. No fim do ano, me presenteio duas vezes: uma com essas apostas semanais e outra com a Mega da Virada”, declarou Santos.
Outras histórias
Antes de subir para o escritório de advocacia, Plínio Silva aguardava na fila da Lotérica Radio Center. Aos 71 anos, ele joga semanalmente “desde que se tornou adulto”. Normalmente, aposta um ou dois jogos, mas desta vez são 20.
“Estou aqui me sacrificando, fazendo uma oferta maior para a Caixa Econômica para ver se dá sorte”, afirmou o advogado.
O apostador veterano conta que não sabe direito o que faria com os R$ 200 milhões. “Não adianta prometer, falar que vai fazer isso ou aquilo, só tendo dinheiro na mão para ver”, declarou.
O advogado Plínio Silva faz 20 jogos em lotérica no DF (Foto: Marianna Holanda/G1)
A única certeza para Silva é a de aposentadoria. “Logicamente que vou aposentar, para viver mais com a família, cuidar dos netos. Agora vou aos poucos, para não largar os clientes”, disse.
O empresário Eric Fialho também costuma investir em jogos da Mega-Sena e diz que tem muita fé de que o prêmio ainda virá. “Meu pai ganhou na loteria no ano em que eu nasci, em 1986, e isso me motiva muito. Na época foi um bom dinheiro e ele conseguiu comprar uma casa, um carro e ainda sobrou um pouquinho. Isso impulsionou nossa vida. E eu acredito que eu também posso ter essa sorte. “
Caso ganhe a “bolada”, Fialho pretende investir o dinheiro e viajar, além de ajudar instituições de caridade e a família. “Jogo R$ 300, R$ 350 por semana para aumentar minhas chances de ganhar. Sempre coloco números próximos aos que meu pai joga. E costumo falar igual a ele: um dia a Mega me acerta.”
Eric Fialho faz apostas na Mega-Sena em Brasília (Foto: Jéssica Simabuku/G1)
O empresário diz também faz outros tipos de jogos, como Dupla-Sena e Quina. “Faço outras apostas para aumentar minha probabilidade de ganhar. Como a Mega costuma ser só de quartae sábado, com esses outros jogos eu consigo concorrer aos prêmios na semana inteira. Vejo isso como um investimento do meu dinheiro.”
“Já ganhei algumas vezes na Quina, um prêmio de R$ 2 mil, R$ 800 e alguns valores baixos, que aproveitei para refazer os jogos. Me deu mais vontade ainda de apostar porque vi que é possível”, completou.
Bolão dos bancários
A bancária Alessandra Mizuno, de 44 anos, não tem costume de jogar na Mega-Sena, mas entrou para o bolão dos colegas de trabalho. “Não tenho muita paciência para ficar em fila de lotérica, mas entrei no bolão. Vai que eles ganham e eu fico de fora, né”, afirmou.
Alessandra é uma das 56 pessoas do bolão da diretoria-geral de governo do Banco do Brasil. Juntos, os bancários fizeram 77 cotas, ou seja, foram mais de R$ 4,3 mil em apostas.
Quem organiza o bolão há três anos é Geraldo Pereira, funcionário do banco há mais de dez anos. Normalmente, eles se reúnem só pela Mega da Virada, mas quando o prêmio chegou a R$ 130 milhões, colegas começaram a cobrar de Pereira um novo bolão. Para esta aposta, foi criado um grupo no WhatsApp, em que ele compartilha fotos das apostas e recibos.
Caso o grupo ganhe o prêmio de R$ 200 milhões, cada cota sairá por volta de R$ 2,5 milhões. “Com isso aí, não dá para abandonar emprego, não. Mas dá pra pagar uma dívida, um apartamento e ver se sobra alguma coisa”, conta Pereira.
Fonte: G1