‘Tristeza é a mesma’, diz pai de turista morto por R$ 7 em restaurante

Os pais do jovem Mário dos Santos Sampaio, de 22 anos, que foi assassinado dentro de um restaurante em Guarujá, no litoral de São Paulo, compareceram ao julgamento de dois dos três indiciados pela morte do jovem, nesta terça-feira (20), no Fórum da cidade. O estudante foi morto a facadas depois de uma discussão por conta de uma diferença de R$ 7 no valor da conta no dia 31 de dezembro de 2012.

Familiares da vítima, que era de Campinas, chegaram no Fórum no início da manhã para acompanhar o julgamento. Eles colocaram faixas e cartazes em frente ao local e também distribuiram mensagens para os motoristas que passavam pela região. Os paisde Mario Sampaio falaram da expectativa para o julgamento dos acusados de matar o jovem.

"A expectativa é que esses caras sejam condenados a prisão máxima. A gente vê na nossa lei que ele pode ser condenado a 25 ou 30 e ele vai cumprir apenas 2/5 preso. A tristeza é a mesma, não melhorou nada. Às vezes nos distraimos com os amigos mas, horas depois, chega em casa e lembra tudo denovo. É como se você estivesse em um quebra-cabeça que está faltando uma peça e você não consegue montá-lo", falou o pai de Mario, Renato Camargo Sampaio.

"A gente sabe que a justiça dos homens é branda. A família não teria que estar passando por isso. Eu acho que deveria haver uma política para esse tipo de crime, a pessoa já seria presa, condenada e sem chance de sair. O direito humano dele ele está tendo, ele está sendo julgado. Agora, o meu direito humano terminou no dia em que meu filho foi enterrado", afirmou a mãe do jovem, Maria Helena dos Santos Sampaio.

Julgamento
O Ministério Público denunciou três pessoas pela morte do jovem. O dono do restaurante José Adão Pereira Passos, e o filho dele, Diego Souza Passos, estão presos na cadeia de Vicente de Carvalho. Os dois serão julgados nesta semana. Já o garçom Robinson de Jesus Lima, que compareceu na primeira audiência, aguarda o julgamento, ainda sem data, em liberdade.

Após o crime, foram realizadas cinco audiências, sendo duas em Guarujá, três em Campinas, uma em Piracicaba e outra em São Paulo. Ao todo, são 14 testemunhas, cinco de defesa, cinco de acusação e quatro de juízo, que podem ou não serem ouvidas. A previsão é que o júri popular, que precisa de pelo menos 15 jurados para ser realizado, termine na quinta-feira (22).

"Pelas provas que foram juntadas, não resta dúvida que ambos cometeram o crime. O que a gente espera é isso, que sejam condenados conforme foram denunciados. O terceiro réu, o garçom, recorreu da sentença. O Tribunal já julgou e já mandou para júri. Estamos aguardando uma data", disse o advogado assistente de acusação Antonio Gonzalez dos Santos Filho.

"Nós sustentaremos nossa tese defensiva perante o conselho de sentença. A expectativa é que a acusação faça um bom trabalho, a defesa faça um bom trabalho, que os jurados façam um bom trabalho e que todos, tanto os familiares da vítima quanto do réu, consigam ver o que é Justiça", falou o advogado de defesa Gilberto Antônio Rodrigues.

O caso
Mário dos Santos Sampaio, de 22 anos, morador de Campinas, no interior de São Paulo, foi assassinado na noite do dia 31 de dezembro de 2012, em um restaurante de Guarujá, devido a uma discussão por conta do preço da refeição.

Mário passava férias na região e jantava com três amigos e a namorada. A confusão teve início quando o jovem se recusou a pagar o valor da conta de R$ 19,99, alegando que o preço divulgado era de R$ 12,99. O estudante acionou a Polícia Militar. Nesse momento, o gerente do estabelecimento e outros três garçons começaram a agredir o rapaz a socos. Ao ver a briga, o dono do restaurante golpeou o turista com três facadas nas costas. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi solicitado, mas a vítima morreu.