Chegou a hora de trocar o seu smartphone, mas você ainda não conseguiu a coragem necessária para colocar a mão no bolso e desembolsar uma “fortuna” por aquele modelo de última geração? Que tal optar por um modelo seminovo e conseguir um descontão?
A possibilidade atraiu a analista de sistemas Shirlei Aparecida, que comprou um Samsung Galaxy S4 por um preço “bem mais interessante” e cerca de 40% mais em conta do que nos outros lugares consultados por ela. A analista conta que não teve receio pelo fato de o aparelho ser seminovo e que até já indicou o negócio para pessoas próximas.
— Eu consultei a reputação da empresa, vi o histórico, a idoneidade dela e decidi comprar. […] Eu comprei e já indiquei para umas três pessoas. Todas também compraram e gostaram do custo benefício.
Segundo o diretor da Recomércio — startup que presta serviços: de recompra, recuperação e revenda de aparelhos usados —, Amaury Bertaud, a compra de um seminovo é viável em função de que ainda existe uma vida útil naquele modelo que foi descartado.
— A maior parte das pessoas querem um aparelho bom, funcionando, com boa tecnologia e que tenha uma vida útil ainda. Então, você pode comprar [um seminovo] por um preço mais justo, por uma empresa que vai te dar uma garantia, um serviço pós-venda, que vai limpar os dados do antigo dono e fazer todo um trabalho de recondicionamento e higienização.
Para o diretor da E-lixo, Alex Gonçalves, é muito difícil trabalhar com o reaproveitamento dos aparelhos. Ele afirma que 95% dos que chegam até sua central de reciclagem vai direto para a área de descarte.
— A maioria dos celulares é descartada como sucata. É raro receber um aparelho hoje com a possibilidade de ser reaproveitado. Muitos têm tecnologia ultrapassada. […] A população também está usando esses aparelhos sempre o máximo possível para evitar o descarte.
Bertaud afirma que é possível fazer uma economia de até 60% na comparação com modelo da atual geração do mesmo aparelho. Como exemplo, ele cita o iPhone 4, que não é mais comercializado pela Apple e, ao ser recondicionado, sai por um preço bem inferior ao dos modelos lançados posteriormente pela marca norte-americana ainda disponíveis no mercado.
A reportagem consultou o site e verificou que existe a possibilidade de comprar um aparelho Galaxy S4 por R$ 798, valor 60% inferior ao do último lançamento da marca, o Galaxy S6, que tem preço em torno de R$ 1.999. O site afirma que o modelo está “como novo”. Há ainda a chance de adquirir aparelhos em “muito bom estado” e em “bom estado”.
Novos impostos
Para os próximos meses, o governo já revelou que pretende elevar os impostos sobre produtos eletrônicos, o que tende a deixar os smartphones mais caros. A resolução prevê rever a desoneração do PIS/Cofins incidente sobre smartphones, computadores e tablets.
A medida pode servir como um impulso ainda maior para o mercado de produtos seminovos. Bertaud, que prevê comercializar 10 mil aparelhos somente neste ano, avalia que a valorização do dólar, aliada às medidas de elevação de impostos anunciadas pelo governo para produtos eletrônicos, deve impulsionar ainda mais o mercado de aparelhos reutilizados.
— [O aumento previsto dos impostos para eletrônicos] pode impulsionar mais o nosso mercado e a crise vai ajudar. Não são todas as pessoas que estão procurando pelos últimos lançamentos.
Concorrência
Na avaliação do diretor da Recomércio, a reforma e revenda de aparelhos os colocam como concorrentes das grandes fabricantes. No entanto, ele afirma que todas as empresas que colocam celulares e produtos eletrônicos no mercado também têm um sistema de recuperação dos aparelhos.
— Eles [fabricantes] precisam demonstrar que estão preocupados com o descarte desses componentes. […] Estão até oferecendo descontos para quem trocar o aparelho antigo por um modelo mais novo da marca.
Gonçalves, por sua vez, afirma que utiliza o reaproveitamento como um “princípio” para a atividade desenvolvida pela empresa reciclagem de lixo eletrônico que comanda.
— Quando você consegue reaproveitar um aparelho, está evitando que o fabricante vá até o meio ambiente buscar recursos para fazer outro material.
Procurada para comentar o impacto do mercado de seminovos para as empresas do setor, a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) disse que ainda não tem uma avaliação concreta sobre o tema.
Fonte: R7