Pelo sexto mês consecutivo, as vendas do varejo brasileiro recuaram. Em julho, na comparação com junho, a baixa foi de 1%, a maior, considerando o mês, desde 2000, quando teve início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (16).
Em relação ao mesmo mês de 2014, a retração foi ainda maior, de 3,5%. No ano, as vendas acumulam queda de 2,4% – a quinta taxa negativa e o pior resultado desde março de 2003, quando a baixa foi de 6,1%. Nos últimos 12 meses, o índice acmula queda de de 1%.
"As vendas do comércio varejista estão 7,2% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em novembro de 2014", informou Isabella Nunes, gerente de serviços e comércio do IBGE.
A gerente explicou que apesar de julho do ano passado ter sido impactado pelo "efeito Copa do Mundo", quando ocorreram feriados por causa dos jogos, em 2015, o mês teve o mesmo número de dias úteis do que em 2014. "Isso torna resultado negativo mais relevante."
De junho para julho, a maioria dos segmentos do varejo registrou queda, com destaque para equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,5%) e móveis e eletrodomésticos (-1,7%).
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que têm maior peso no indicador, teve queda igual à média nacional, de 1,0%. Segundo o IBGE, pesaram nesse resultado os salários menores e o aumento dos preços de alimentos.
Ao considerar o comércio varejista ampliado, que inclui as vendas de veículos e material de construção, o volume de vendas cresceu 0,6%.
Móveis e eletrodomésticos
Em relação a julho do ano passado, o varejo caiu na maioria dos ramos pesquisados e ainda remontou aos anos de 2002 e 2003, período ruim para o setor, segundo Isabela Nunes.
As baixas mais expressivas foram vistas nos segmentos de móveis e eletrodomésticos (-12,8%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,1%) e tecidos, vestuário e calçados (-8,1%).
De acordo com o IBGE, a queda das vendas de móveis e eletrodomésticos foi o que mais impactou a taxa geral do comércio. "Por se tratar de uma atividade cujas vendas são associadas, especialmente, às condições de crédito, seu comportamento este ano vem sendo afetado pelo aumento dos custos de financiamento, evidenciado pela elevação da taxa de juros", disse o IBGE.
Segundo Isabela, as principais influências sobre a queda de 3,5% em julho, em relação ao ano anterior, são restrição de crédito, redução da massa salarial, evolução dos preços de alimentos em domicílio e baixo nível de confiança do consumidor
"Essa combinação para o consumo doméstico é bastante impactante. E é o que a gente vem observando no cenário atual. Isso tudo leva a um quadro inibidor para o consumo doméstico. A inflação também, porque a inflação reduz o salário real". "Mesmo que você não tenha sido demitido,o colega foi, então, você vai adiar aquela compra."
Comércio por estado
A maioria dos estados registrou queda nas vendas do varejo. De junho para julho, as maiores quedas partiram do Amapá (-4,9%) e Minas Gerais (-0,3%). Na outra ponta, cresceu o comércio de Roraima (2,7%), do Pará (1,6%), da Paraíba (1,3%) e do Amazonas (0,3%).
Nos estados do Maranhão, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, o volume de vendas não variou.
Já na comparação com julho de 2014, as quedas foram vistas no varejo do Amapá (-17,4%) e Ade lagoas (-11,7%).
Fonte: G1