Fotos: TJMT
Airton Marques – Da Redação / Ulisses Lalio – Da Reportagem
O julgamento do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro teve reinicio às 8h29min, nesta sexta-feira (11), no Fórum de Cuiabá. Após os depoimentos de testemunhas e do próprio réu, que ocorreu na quinta-feira (10), o dia de hoje será marcado pelo embate entre acusação, feita pelo Ministério Público, e defesa. A decisão do júri sobre a condenação ou não de Arcanjo pelas mortes de Rivelino Jacques Brunini, Fauzer Rachid Jaudy e pela tentativa de assassinato do pintor Gisleno Fernandes deve ocorrer ainda hoje. A juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, preside o júri.
No primeiro dia do julgamento, foram ouvidas testemunhas de acusação e defesa. Em seu interrogatório, ocorrido na no período da noite, Arcanjo negou que tenha participação nas mortes.
Arcanjo afirmou que comandava jogo do bicho em Mato Grosso, porém negou que mantivesse domínio do jogo no estado. Ele argumentou que foi convidado a participar do negócio envolvendo os caça-níqueis, mas que recusou a proposta por "não achar viável". Do Rio de Janeiro, o convite partiu do bicheiro Castor de Andrade. Em MT, o convite foi de Rivelino.
O ex-comendador ainda admitiu que era amigo de Júlio Bachs, apontado como um dos operadores dos caça-níqueis no estado e suposto mentor do crime. Sobre a acusação de que uma das provas de seu envolvimento era o fato de as máquinas conterem o símbolo de um colibri, mesmo símbolo de uma das factorings dele, Arcanjo negou, justificando que já explorava o jogo do bicho.
Questionado pelo promotor de Justiça Vinícius Gahyva, sobre rascunhos de um projeto de supervisão de caça-níqueis comandado por JAR, mesmas iniciais do nome do ex-bicheiro, encontrados na casa de Júlio Bachs, o ex-bicheiro disse que não tinha conhecimento destes papéis, mas confessou que as iniciais JAR e o símbolo do colibri representavam as suas empresas.
Linha de defesa
O advogado de defesa de Arcanjo, Paulo Fabrinny, afirmou ao Circuito Mato Grosso a inocência de seu cliente. Segundo ele, não há provas que liguem o ex-comendador a autoria do assassinato dos empresários.
“A total falta de motivação para que João Arcanjo ser o mandante deste crime, uma vez que ele não tinha relação com a exploração das máquinas caça-níqueis. Essas máquinas eram exploradas por Rivelino Brunini e seus sócios, que eram bicheiros do Rio de Janeiro, conforme afirmou sua própria irmã. Incumbe ao Ministério Público provar que ele estava envolvido [com as máquinas], se ele recebia o selo, cadê o dinheiro? Isso não tem nos autos. A alegação é que ele recebia por um selo, colocado nas máquinas. Ninguém, em momento algum, afirma que João Arcanjo Ribeiro era dono de uma máquina caça-níquel no estado, que apenas teria liberado a exploração desse jogo em Mato Grosso. Essa é a acusação. Primeiro que ele não era poder concedente, não era Estado para conceder nada a ninguém. Segundo, as máquinas caça-níqueis funcionavam em todos os bares e se o Estado quisesse fazer alguma apreensão, teria feito”, afirmou Fabrinny momentos antes do início do segundo dia de julgamento.
Sobre a relação entre Arcanjo e uma das vítimas, Rivelino Brunini, o advogado afirmou a proximidade entre eles.
“A relação era a melhor possível. Conhece o Rivelino desde quando eram crianças. Não digo que eram amigos, mas próximos. Frequentavam a mesma missa na Igreja São Benedito, às terças-feiras de manhã e sempre se falavam”, completou.
Arcanjo é julgado por assassinato de empresários em 2012