Os fragmentos de asa de avião encontrados na ilha francesa de Reunião em julho procedem "com certeza" do voo MH370 da Malaysia Airlines desaparecido em março de 2014 quando viajava de Kuala Lumpur a Pequim, anunciou a justiça francesa nesta quinta-feira (3). O Boeing 777 com 239 pessoas desapareceu em março de 2014, quando voava de Kuala Lampur, na Malásia, para Pequim, na China.
O pedaço de 2 metros de comprimento encontrado, conhecido como "flaperon", foi encontrado no dia 29 de julho em uma praia de Saint André de La Reunion. Nas proximidades também foram achados os restos de uma mala e garrafas com inscrições em indonésio e chinês.
As perícias permitem "afirmar com certeza" que o fragmento de asa "encontrado em Reunião em 29 de julho de 2015 corresponde ao do voo MH370", afirma um comunicado da procuradoria de Paris.
As autoridades malaias haviam afirmado no início de agosto que a peça era procedente do avião desaparecido.
Os investigadores franceses descobriram no interior da peça números que provêm de uma peça fabricada pela Airbus Defence and Space para a Boeing em sua fábrica em Sevilha, na Espanha. Em coordenação com a Justiça espanhola, o juiz francês que está à frente do caso foi a Sevilha para "obter todos os dados úteis" para as pesquisas, informou em comunicado a Promotoria de Paris, segundo a agência EFE.
Dados técnicos e declarações de um funcionário da empresa permitem "associar formalmente um dos três números com o número de série do leme do MH370", anunciou a procuradoria.
O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razan, já tinha confirmado em 5 de agosto que a peça fazia parte da aeronave desaparecida. Depois disso, uma equipe composta de especialistas internacionais passou a analisar o material.
Mistério
Logo após o anúncio do premiê malaio, a empresa aérea Malaysia Airlines afirmou, em comunicado, que espera que a confirmação sobre o achado no Índico dos restos do MH370 ajude a “resolver” o “mistério” sobre o acontecido, informou a agência EFE.
No texto, a companhia expressou sua solidariedade aos familiares dos 239 ocupantes do voo e afirmou que o achado é “um importante progresso para resolver o deseparecimento do voo MH370”. “Esperamos que sejam encontrados mais objetos que ajudem a resolver esse mistério”, acrescentou a empresa.
Alguns familiares de ocupantes do voo disseram que ainda é preciso descobrir o que aconteceu exatamente. “Não é o fim”, declarou à Reuters Jacquita Gonzales, que perdeu seu marido Patrick Gomes, comissário de voo. “Eles ainda precisam encontrar o avião todo e nossos companheiros também. Ainda os queremos de volta”, afirmou.
Buscas
Os investigadores acreditam que o avião misteriosamente se desviou de seu trajeto de Kuala Lumpur a Pequim, em março do ano passado, e posteriormente caiu no sul do oceano Índico devido aos sinais do avião detectados por satélite.
O destroço encontrado foi enviado à França para análise. A perícia foi feita perto de Toulouse e contou com a participação de uma equipe técnica da fabricante norte-americana de aviões Boeing.
A peça foi encontrada por uma equipe encarregada da limpeza na praia. Depois de perceber que se tratava de um pedaço de avião, coberto em grande parte de areia, a equipe o levou à terra firme e posteriormente avisou as forças de ordem.
No dia seguinte, foram encontrados os pedaços de mala e as garrafas com inscrições em indonésio e chinês.
Indenizações
A descoberta do destroço reanimou os esforços dos familiares dos passageiros do voo para buscar indenizações maiores, disseram advogados do setor aéreo.
A maioria das pessoas no avião era da China. Zhang Qihuai, advogado que representa as famílias, disse à Reuters que mais de 30 familiares na China já concordaram em processar a empresa se for confirmado que os destroços são parte do avião desaparecido.
Joseph Wheeler, conselheiro especial da firma de advocacia Maurice Blackburn Lawyers, da cidade australiana de Melbourne, também afirmou que iniciou novas conversas com mais famílias na Malásia desde a descoberta de quarta-feira.
“Isso está desencadeando uma retomada do monitoramento e das recomendações às famílias”, disse Wheeler à Reuters. “Se houver indício de que a aeronave teve problemas técnicos, isso pode muito bem desencadear uma onda de ações civis em todo o mundo, predominantemente na Malásia e na China”, disse.
Zhang afirmou que os familiares discutiram entrar com processos na China, na Malásia ou nos Estados Unidos.
Relembre o caso
O voo MH370 da Malaysia Airlines, um Boeing 777-200, decolou de Kuala Lumpur na madrugada do dia 8 de março com 239 pessoas a bordo e deveria chegar a Pequim seis horas mais tarde. Quarenta minutos após a decolagem, o avião desapareceu subitamente das telas do radar.
As autoridades malaias asseguram que o aparelho mudou de rumo em uma "ação deliberada" para atravessar a Península de Malaca em direção contrária a seu trajeto inicial sem motivo aparente.
Segundo o grupo de especialistas que estuda o caso, o avião voou em direção ao sul do Índico com todas as pessoas a bordo inconscientes pela falta de oxigênio até ficar sem combustível e cair ao mar.
Desde então não se encontrou nem sequer um pequeno pedaço da fuselagem da aeronave que confirme o acidente. Segundo as investigações, o avião teria caído em algum lugar das águas do sul do Oceano Índico.
Fonte: G1