Cidades

Constelação familiar é utilizada como mediação no Judiciário de MT

Resolver conflitos familiares por meio de mediação.  Esse é um dos objetivos do Judiciário, em Mato Grosso.  A juíza da 3ª Vara Especializada de Família de Várzea Grande, Jaqueline Cherulli, trouxe para dentro do Judiciário do Estado o método das constelações sistêmicas familiares, como uma alternativa eficaz para resolver litígios da área parental.

A constelação chegou ao Estado como forma de resolver conflitos ajuizados, desde junho deste ano através de oficinas pilotos. O intuito é atingir a causa do problema – deixar de ser superficial – para que não haja reincidência de ações.

‘’Precisamos mostrar para a população que há formas de solucionar os conflitos sem chegar à ação judicial. Quem busca mediações só tem benefícios, pois não existe a espera de uma pauta da vara normal e não tem custos. Tudo está em favor da mediação’’, fala a juíza.

A técnica alemã ganhou um novo viés aqui no Brasil com o uso em casos ajuizados, iniciados em outubro de 2012 no estado da Bahia (BA), por meio do Juiz da Vara Cível da Comarca, Sami Storch – que também é constelador –, ele enxergou a necessidade de resolver as questões familiares nas suas raízes para que realmente os casos fossem solucionados.

Após o início dessas atividades na Bahia, o magistrado apresentou números extremamente positivos, na área familiar.  Para demonstrar em números, o juiz realizou uma pesquisa, apresentando um caso em que ambas as partes participaram da constelação, o índice de acordos chegou a 100%. Já com apenas uma das partes participando, a conciliação chegou a 93%. Foram feitas pesquisas também para que as pessoas avaliassem como estava o relacionamento entre os envolvidos na pós-audiência e o índice foi bastante satisfatório.

O Judiciário de Mato Grosso, por intermédio da juíza, Jaqueline Cherulli, está implantando essa nova forma de mediação. Além disso, a ideia é oferecer cursos de constelação familiar para os magistrados que quiserem estudar o método e saber como ele é aplicado no direito sistêmico para solucionar casos de núcleos parentais.

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o número de processos em andamento no País é de 95 milhões, uma quantidade excedente contando com os 250 mil advogados que estão atuando na área.

Conforme a magistrada, fazer a mediação antes de instaurar um processo irá ajudar o andamento dos que já existem e pode evitar que se instaurem outros sem necessidade.

‘’Não adianta eu colocar uma meta para extinguir mil processos, arquivar 900, mas e quem está dentro daquele processo, como fica? Essas metas frias são importantes, são; elas desafogam o sistema? Sim. Mas se eu posso melhorar de outra forma, por que não?’’, explana Cherulli em entrevista ao Circuito Mato Grosso.

A novidade mostra que Mato Grosso está na Vanguarda no que tange soluções para o Judiciário, para esse tipo de conflito, já que o Estado é o segundo estado a utilizar a técnica, que resolve não apenas a questão meramente judicial, mas também o conflito em si, evitando assim que ele aconteça novamente.

O que é Constelação Familiar?

A constelação familiar é um método psicoterapêutico recente, com abordagem sistêmica, com indivíduos ou um grupo que se une para formar um inconsciente coletivo e solucionar emaranhados de relacionamentos, que às vezes estão vinculados ao passado daquele paciente.

Esse método foi desenvolvido pelo filósofo e psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, a partir de psicanálise, artes plásticas e escultura de Virginia Satir, psicodrama de Jacob Moreno, dinâmica de grupo, e Gestalt. Hellinger começou a aplicar sua técnica em uma missão na África do Sul, quando conviveu com os Zulus durante 20 anos, observando como era o funcionamento do sistema familiar.

Durante o processo de constelação o mediador, chamado de “constelador”, faz observações empíricas, fundamentadas em diversas formas de psicoterapia familiar, dos padrões de comportamento que se repetem nas famílias e grupos familiares ao longo de gerações.

O “constelador” entra sem intenção ou julgamento algum, é necessário estar aberto ao fluxo para conduzir o campo mórfico’’, explica a psicóloga e “consteladora”, Eluise Guedes, que utiliza a técnica aqui em Mato Grosso.

A psicóloga estuda constelação familiar há dez anos. ‘’ Realizei meus estudos com um grupo de alemães em São Paulo, é necessário estudar muito e estar aberto’’, conta.

 O método abrange quatro áreas: familiar, empresarial, escolar e, agora, o jurídico.

 A constelação – No momento em que é decidido entrar no campo, a pessoa assume a energia do outro – é sempre necessário um representante ou objeto -, os participantes interagem uns com os outros antes que sejam iniciadas as constelações. ‘’Nenhum terapeuta consegue entrar na mente de ninguém se a pessoa não quiser’’, fala Eluise.

Segundo Bert Hellinger,  existem três leis aplicadas à técnica chamadas “Leis do amor” que são vivenciadas durante o processo. O pertencimento – nós pertencemos ao mundo dos vivos –, o recebimento – equilíbrio entre o dar, o receber e a compensação –, e a hierarquia – o que veio primeiro e o que veio depois.

Também há os sentimentos vivenciados durante o processo.  Sentimentos primários – raiva –, sentimentos secundários – amor e ódio –, meta sentimentos – quando a pessoa começa a entrar no seu lugar, e sentimentos compensatórios – por amor, quando o inconsciente segue o outro.

Virando Ciência – O fenômeno das constelações é ainda algo em estudo. Não se firmou totalmente a base científica para ele, mas os melhores estudos a respeito foram feitos pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake, que criou a Teoria dos Campos Morfogenéticos e estudou o fenômeno em pessoas e em animais com grande êxito.

Para entender melhor, ''morfo'' vem da palavra grega ''morphe'' que significa forma; genética vem de gêneses que significa origem. Os campos morfogenéticos são campos de forma, campos padrões, estruturas de ordem. Esses campos organizam não só os campos de organismos vivos, mas também de cristais e moléculas. Cada tipo de molécula, cada proteína, por exemplo, tem o seu próprio campo mórfico – hemoglobina, insulina, etc. De um mesmo modo cada tipo de cristal, cada tipo de organismo, cada tipo de instinto ou padrão de comportamento tem seu campo mórfico. São eles que ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos de coisas e padrões dentro da natureza.

Rupert possui diversos livros publicados e executou inúmeras pesquisas científicas com grande rigor estatístico. Durante o processo, o estudo é utilizado em benefício do paciente para auxiliá-lo a esclarecer suas questões.

Confira detalhes da reportagem no jornal Circuito Mato Grosso

Noelisa Andreola

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