O Instituto Médico Legal (IML) do Amazonas registrou cinco homicídios em Manaus nas últimas oito horas. Com isso, o número de crimes dessa natureza ocorridos na capital amazonense desde a noite de sexta-feira (17) aumentou para 26.
De acordo com o IML, os crimes foram registrados entre 1h e 3h50 deste domingo (19). Segundo relatos de parentes, duas das vítmas foram abordadas por suspeitos em um veículo de cor vemelha.
O estudante Erick Patrick Santos de Oliveira, de 18 anos, foi morto com sete tiros na Rua Francisco Fernando, antiga S4, bairro Japiim, Zona Sul da capital, por volta da 1h. Segundo familiares, ele tinha saído para um arraial com o primo. "Chegou um veículo de cor vermelha com um grupo de homens encapuzados e armados. Dispararam vários tiros. Sete pegaram nele", conta o familiar, que pediu para não ser identificado. Parentes ainda disseram que a morte do estudante teve as mesmas características que os homicídios ocorridos entre sexta-feira (17) e sábado (18).
Um grupo encapuzado em um carro vermelho também teria abordado o vendedor Fernando Amaro dos Santos, de 25 anos, por volta das 3h. Ele foi atingido com dois disparos na cabeça. "Ele era um menino tranquilo, não tinha envolvimento com drogas. Ele trabalhava com o pai vendendo açaí e frutas. Foi uma covardia. Eles estão fazendo uma verdadeiro esquadrão da morte", lamentou um familiar, que não quis ser identificado.
Entre as outras vítimas estão um ajudante de construção civil de 24 anos, que morreu baleado na rua Francisco Bayma, bairro Flores, por volta da 1h30. Há também um homem que foi alvejado às 3h30 no Parque São Pedro e um homem que foi assassinato às 3h50 no bairro São José 1.
O G1 procurou a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) para obter mais informações sobre os crimes, mas, até a publicação dessa matéria, as ligações não foram atendidas.
Homicídios desde sexta-feira
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) anunciou que pretende investigar os 21 homicídios e nove tentativas de homicídios que ocorreram durante a noite de sexta-feira (17) e a tarde do sábado (18), em Manaus. De acordo com o titular da pasta, há indícios de que um mesmo grupo tenha cometido os crimes.
Segundo o secretário de segurança pública, Sérgio Fontes, as mortes podem ter ligação com o assassinato de um policial militar na última sexta-feira (17), ou ainda podem ser motivadas por brigas de facções criminosas que atuam dentro e fora de presídios. "Quem quer que esteja por trás desses eventos será identificado, localizado e preso", afirmou.
Fontes disse ainda que pelo menos 17 homicídios podem ter sido cometidos por um mesmo grupo.
"Tivemos a morte do nosso Sargento Camacho, uma tragédia para a família policial. Depois disso tivemos 21 mortes. Dessas 21 mortes, aproximadamente, quatro já têm identificação. Foram brigas de bar, ou seja, têm a identificação conhecida. O resto há indicação de que foi uma ação orquestrada. (…) A gente tem relatos de que teria sido o mesmo carro e a mesma moto. Ou seja, um grupo em duas motos e um carro tenha feito esses homicídios, e mais algumas tentativas de homicídios que ainda estão nos hospitais de Manaus. Em torno de nove tentativas de homicídio", disse.
Homicídios ocorridos em presídios da capital também serão investigados, de acordo com a SSP-AM. A pasta deverá avaliar se disputas entre grupos de criminosos pode ter resultado nos casos de morte registrados nas ruas da capital.
"As brigas entre as organizações criminosas, elas não se limitam ao muro dos estabelecimentos prisionais. Infelizmente é muito comum elas virem para fora desses muros. Pode ser isso. Pode ser vingança? Pode", afirma Fontes.
A polícia recolheu provas nos locais dos crimes, que devem ser usadas nas investigações. O titular da SSP-AM informou que armas de uso restrito da polícia – ponto 40 – também foram utilizadas nos homicídios. "É um indicativo. Não estou descartando essa linha de investigação, pode ter sido utilizada por policiais sim, mas eu não quero fazer nenhum juízo enquanto não tiver o final da investigação", pondera.
Fonte: G1