“Eu gostaria que elas apodrecessem na cadeia, morressem lá dentro, e pegassem 30 anos na cabeça”, disse Maria Eli do Nascimento Pedroso, de 51 anos, sobre as três mulheres presas acusadas de matar e esquartejar seu marido em março do ano passado em São Paulo. A filha da vítima, Jesselene, de 28 anos, concorda com a mãe (veja vídeo acima). Elas comentam as declarações de duas das três mulheres presas em reportagem publicada nesta terça-feira (23) pelo G1.
O motorista Alvaro Pedroso, de 55 anos, teve o corpo segmentado em 20 partes, que foram ensacadas e acabaram espalhadas no Cemitério da Consolação, em Higienópolis, e na Praça da Sé, ambas na região central da capital.
Marlene Gomes, de 57 anos, Marcia Maria de Oliveira, de 33, e Francisca Aurilene Correia da Silva, 35, estão detidas na Penitenciária Feminina de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, acusadas dos crimes. Eles são rés no processo de assassinato. O próximo passo do caso será a Justiça marcar a data do julgamento do trio. Se condenadas, poderão pegar a pena máxima, que são 30 anos para cada uma.
Em entrevista ao G1, a prostituta Marlene disse que o crime não foi planejado e matou Alvaro, seu cliente e amante, porque ele a agredia e ameaçava mata-la. Ela alegou que se defendeu das agressões, torturas sexuais e tentativas de assassinato que vinha sofrendo durante quatro anos de programas e relacionamento com o motorista.
assassinato que vinha sofrendo durante quatro anos de programas e relacionamento com o motorista.
Procuradas pela equipe de reportagem para comentarem o assunto, a viúva e a filha do motorista, falaram que o motorista era nervoso, mas não a ponto de agredir ou ameaçar alguém. Também disseram que desconfiam que a morte de Alvaro foi planejada.
Dona de casa, Maria, ainda confirmou que sabia da relação extraconjugal de Alvaro com a garota de programa Marlene. “Meu marido tinha momentos de nervoso, mas nada que justificasse o que elas fizeram com ele”, disse a viúva, que sobrevive com o dinheiro da pensão por morte do marido. “Não merecia morrer daquela forma”.
Marlene falou que a última agressão que sofreu de Alvaro foi no dia 22 de março de 2014, quando ela disse tê-lo empurrado. Em seguida, ele teria caído, batendo a cabeça no vaso sanitário. Ao vê-lo desmaiado, a prostituta martelou a cabeça dele e depois passou a esquarteja-lo com a faca que ele andava.
'Bom marido'
A imagem de homem rude descrita por Marlene não condiz com a lembrança que Jesselene afirmou ter ficado do seu pai. “Ele era um bom marido e um bom pai. Nunca deixou faltar nada”, lembrou a filha.
Ela acredita que o crime foi premeditado. "Essa Marlene atraiu ele para a morte porque ele saiu da casa da minha mãe dizendo que iria conhecer a família da amante. Desde quando prostituta apresenta parente para namorado?", disse Jesselene.
“Ele pode ter errado e ter caído fora das leis de Deus, sabia que adultério era pecado, mas eu perdoei ele mesmo assim”, ponderou Maria, que conheceu Alvaro havia 32 anos. O casal teve dois filhos: além de Jesselene, um rapaz, que não foi localizado pelo G1 para comentar o caso.
A dona de casa disse que a paixão virou amor e depois amizade e que, por isso, não se importava do marido ir se encontrar com Marlene aos finais de semana. “Eu comecei a desconfiar dele sair todo sábado e voltar no dia seguinte, até que um dia ele me contou que estava apaixonado por essa garota de programa que havia conhecido no ônibus onde trabalhava”, disse Maria, que dormia num quarto separado do marido. Os dois não mantinham mais relações sexuais havia quatro anos.
Maria disse que o marido falava do desejo em morar junto com Marlene, mas esta não estaria querendo. A viúva chorou ao contar da última imagem que teve de Alvaro. “Ele saiu de casa num sábado com a roupa do corpo para ver a prostituta. Tomou um café, falou ‘tô indo nega’, e eu falei ‘vá com Deus’”.
Desaparecimento
Depois do dia 22 de março, Maria e os filhos não tiveram mais notícias de Alvaro. Enquanto isso, restos mortais deles eram espalhados na capital paulista por Marlene, Marcia e Francisca. Elas usaram sacos e carrinhos de compras.
No dia 23 de março, alguns restos mortais foram encontrados no bairro em volta de um cemitério. Na esquina das ruas Sabará com a Sergipe pedestres acharam um saco plástico com pernas e braços sem as dez falanges, que haviam sido extirpadas. Na Rua Coronel José Eusébio foi encontrado tronco sem pele e sem pênis. Na Rua da Consolação estavam as coxas.
Em 27 de março a cabeça foi achada na Praça da Sé. Somente no dia 17 de abril é que um exame de DNA confirmou que os pedaços do cadáver eram mesmo do motorista que estava desaparecido. “Estou sofrendo até hoje. Nem rever a foto dele eu consigo”, disse Maria.
Fonte: G1