Um dos homens mais influentes na gestão de Marco Polo Del Nero, o vice-presidente da CBF para a Região Sul, Delfim Peixoto Filho, está convicto de que nenhum clube vai aderir à MP do Futebol . Nesta entrevista ao Terra , o dirigente se diz preocupado com o impasse entre entidades e o governo federal e afirma que a única solução “para o futuro do futebol brasileiro” passa pela revisão de boa parte do texto da MP.
A MP do Futebol impõe uma série de contrapartidas aos clubes para conceder descontos e a possibilidade de parcelamento das dívidas milionárias. Ela foi editada pela presidente Dilma Rousseff em março, mas tem enfrentado resistência por parte dos clubes e o próprio Bom Senso FC já espera alterações .
Confira a entrevista:
Terra – Qual a possibilidade de a MP ser cumprida?
Delfim Peixoto Filho – Do jeito que está, não há como. Na verdade, a MP fere a Constituição. O governo propõe uma intervenção no futebol brasileiro.
Terra – Como resolver o impasse?
Delfim Peixoto Filho – Retirando do texto muita coisa. As entidades privadas do futebol têm o direito constitucional de fazer valer as suas regras, aprovadas em assembleia, sobre eleições, por exemplo. E quanto à obrigatoriedade de os clubes organizarem uma estrutura de futebol feminino, isso não é assim, imposto. Já lidam com tanta dificuldade de patrocínio para o futebol masculino.
Terra – Para a CBF, a MP não tem utilidade?
Delfim Peixoto Filho – Calma, não é assim. Há alguma coisa ali aproveitável. Como a obrigação de os clubes cumprirem os seus compromissos financeiros, com risco de punição severa.
Terra – Com relação a atrasos nos salários dos atletas, isso depende quase que exclusivamente da denúncia do próprio atleta. E se ele se sentir pressionado a não levar o caso adiante?
Delfim Peixoto Filho – Pode usar o sindicato. Eles têm liberdade total para fazer a denúncia e isso vai inibir os clubes, os dirigentes. Os clubes vão ter que pagar em dia.
Terra – O ministro do Esporte, George Hilton, já afirmou que o texto da MP é inegociável…
Delfim Peixoto Filho – Ele que vá ler a Constituição. Os clubes não vão se arriscar. Nenhum deles vai aderir à MP, com o formato atual. Sabem que se seguirem o governo vão acabar em confronto sério com a Fifa, a Conmebol, a CBF, todas as entidades esportivas. O governo não pode se meter a cuidar do futebol.
Terra – O futebol brasileiro, com a atual safra de dirigentes, pode avançar?
Delfim Peixoto Filho – Claro que temos no futebol gente que não bate bem da cabeça. Mas é uma minoria. Por outro lado, tem muita gente que pensa e quer ver o crescimento do futebol.
Fonte: Terra