O velho conselho de poupar durante bom tempo para investir quando houver uma boa oportunidade pode até parecer antiquado em uma era em que ideias inovadoras criam milionários em questão de meses. Mas o fato é que o mexicano Carlos Slim construiu a segunda maior fortuna do mundo com base nesses princípios – e segue aplicando-os para ampliar ainda mais seu domínio.
O bilionário que controla, entre outras empresas, a Claro, a NET e a Embratel, aprendeu tais diretrizes com seu pai, Julián, um libanês que migrou para o México em 1902. Lá prosperou dirigindo o armazém de secos e molhados La Estrella del Oriente. Em 1926, Julián conheceu Linda, com quem se casou e teve seis filhos.
Carlos nasceu na Cidade do México, em 1940, e aos 8 anos ajudava o pai no armazém. Desde cedo, aprendeu os princípios de vender a preços baixos e sempre ter um dinheiro guardado para aproveitar as oportunidades. Seguindo os conselhos à risca, aos 12 anos já perambulava pela venda com seu caderninho de contabilidade e possuía uma pequena quantidade de ações do Banco Nacional do México, cuja cotação atualizava diariamente.
Aos 17, ingressou na faculdade de engenharia civil da Universidade Autônoma do México. Depois de se formar, abriu uma corretora para investir em empresas. Quando se casou, aos 26, poderia ter construído uma casa para viver com a esposa no terreno da família. Em vez disso, preferiu erguer um prédio no local, ocupar um dos apartamentos e vender e alugar os demais por meio de sua própria imobiliária.
Aproveitando as oportunidades
Com o dinheiro acumulado, passou a investir em empresas de construção, incorporadoras e indústrias de mineração. O grande salto veio na década de 80, quando a economia mexicana sofreu um duro baque por conta da queda dos preços do petróleo. Slim colocou sua pequena fortuna em uma série de empreendimentos em baixa, adquirindo empresas do ramo de alumínio, cadeias de hotéis, fabricantes de cigarro e indústrias química, entre outros.
Em 1990, adquiriu, em parceria com a France Telecom, a Telmex, empresa pública de telefonia que estava sendo privatizada pelo governo mexicano. A compra deu nova dimensão para sua fortuna. Para se ter uma ideia, em 2006 ela detinha 90% dos telefones fixos do país, e seu braço de telefonia móvel, a Telcel, contava com 80% do mercado. Não por acaso, as acusações de formação de monopólio contra ele se tornaram mais contundentes após este episódio.
No final do século, Slim expandiu seus domínios para fora da América Latina, lançando a Telmex EUA e adquirindo participação em outras empresas norte-americanas. Na sequência, vieram investimentos em companhias de Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, Guatemala, Equador, Honduras, Nicarágua e El Salvador.Outra jogada de mestre foi adquirir ações da Apple pouco antes do lançamento do iMac. Com a chegada da novidade às lojas, os papéis da gigante de tecnologia tiveram um grande salto. Pouco depois, ele se associou a Bill Gates para criar um portal de internet voltado ao mundo hispânico.
Nos últimos anos, o bilionário segue diversificando sua participação. Em 2008, adquiriu 6,4% das ações do The New York Times, percentual que saltou para 16,8% em 2015, quando se tornou o maior investidor individual no jornal maior prestígio no mundo. Em 2014, fez sua primeira incursão no mercado europeu ao assumir o controle da Telekon Austria, presente em sete países da Europa central e oriental.
Atualmente, Slim tem fortuna estimada em US$ 77,1 bilhões, de acordo com o Forbes (atrás apenas de Bill Gates, com US$ 79,2 bi). É dono de 180 empresas, tem participações acionárias em outras 40 e dezenas de marcas registradas e licenças para uso exclusivo no México. Suas companhias geram 217 mil empregos diretos.
Fonte: Terra